São Paulo, domingo, 13 de setembro de 2009

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Ministro afirma que ignorava elevação e que vai checar altas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse desconhecer o aumento das receitas com tarifas nos bancos oficiais, que estão sob seu controle. Segundo ele, "se foi feito isso, está errado, porque vai contra a nossa política de contenção de tarifas". O ministro prometeu pedir satisfações ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica.
"Não tenho essa informação que você tem, mas vou checar." Para ele, o aumento do volume arrecadado com tarifas só se justifica se estiver proporcional à elevação das operações.
O forte crescimento dessas rendas indica que houve uma combinação das duas coisas. "O mercado não estava oferecendo crédito e praticamente parou. Os bancos públicos entraram mais agressivamente e aproveitaram a oportunidade para cobrar tarifas", afirma Luís Miguel Santacreu, especialista da Austin Rating.
Os próprios bancos admitem esse ajuste de tarifas, defendendo que se mantiveram abaixo da média do mercado. A Caixa Econômica Federal, por meio de sua assessoria, afirmou que, além das mudanças promovidas pelo Banco Central, "dos aumentos da utilização dos canais alternativos de serviços e do aprofundamento dos níveis de fidelização e relacionamento, alguns itens de receita, tais como saque no autoatendimento e cesta de serviços, tiveram aumentos em relação ao primeiro semestre de 2008, de R$ 42,9 milhões e R$ 65,7 milhões, respectivamente".
Para Santacreu, a alta não invalida a iniciativa do governo de promover a redução dos juros e tentar estimular o crédito via instituições oficiais, "mas é uma tentativa de manter um patamar de receitas com tarifas nos bancos públicos e manter a rentabilidade deles". Afinal, diz, "juro barato, com volume abundante e sem tarifa, não dá. Aí é a festa do caqui".
Assessor da diretoria da Febraban, entidade que representa os bancos, o especialista Ademiro Vian diz que a padronização das tarifas promovida pelo governo no ano passado levou ao reajuste de alguns itens, já que, para outros serviços, a cobrança foi proibida.
"Tarifa de graça é repassada a outra tarifa. Não há como dar dez folhas de cheques sem cobrar de alguém. Isso é custo. Os bancos têm que pagar a gráfica, o transporte, é tudo custo. Essas restrições [de cobrança de algumas tarifas] são repassadas para outros serviços."
Ainda assim, ele defende que, no geral, houve redução de tarifas no sistema financeiro. "No sistema da Febraban de acompanhamento de tarifas, algumas tarifas sobem, mas não é uma alta generalizada."
Vian nega que os bancos estejam compensando a queda nos juros, que incide só sobre aqueles que tomam crédito, com a alta de tarifas, aplicada numa base maior de clientes.


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