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Ministro afirma que ignorava elevação e que vai checar altas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) disse desconhecer o
aumento das receitas com tarifas nos bancos oficiais, que estão sob seu controle. Segundo
ele, "se foi feito isso, está errado, porque vai contra a nossa
política de contenção de tarifas". O ministro prometeu pedir satisfações ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica.
"Não tenho essa informação
que você tem, mas vou checar."
Para ele, o aumento do volume
arrecadado com tarifas só se
justifica se estiver proporcional
à elevação das operações.
O forte crescimento dessas
rendas indica que houve uma
combinação das duas coisas. "O
mercado não estava oferecendo crédito e praticamente parou. Os bancos públicos entraram mais agressivamente e
aproveitaram a oportunidade
para cobrar tarifas", afirma
Luís Miguel Santacreu, especialista da Austin Rating.
Os próprios bancos admitem
esse ajuste de tarifas, defendendo que se mantiveram abaixo da média do mercado. A Caixa Econômica Federal, por
meio de sua assessoria, afirmou
que, além das mudanças promovidas pelo Banco Central,
"dos aumentos da utilização
dos canais alternativos de serviços e do aprofundamento dos
níveis de fidelização e relacionamento, alguns itens de receita, tais como saque no autoatendimento e cesta de serviços,
tiveram aumentos em relação
ao primeiro semestre de 2008,
de R$ 42,9 milhões e R$ 65,7
milhões, respectivamente".
Para Santacreu, a alta não invalida a iniciativa do governo
de promover a redução dos juros e tentar estimular o crédito
via instituições oficiais, "mas é
uma tentativa de manter um
patamar de receitas com tarifas
nos bancos públicos e manter a
rentabilidade deles". Afinal,
diz, "juro barato, com volume
abundante e sem tarifa, não dá.
Aí é a festa do caqui".
Assessor da diretoria da Febraban, entidade que representa os bancos, o especialista Ademiro Vian diz que a padronização das tarifas promovida pelo
governo no ano passado levou
ao reajuste de alguns itens, já
que, para outros serviços, a cobrança foi proibida.
"Tarifa de graça é repassada a
outra tarifa. Não há como dar
dez folhas de cheques sem cobrar de alguém. Isso é custo. Os
bancos têm que pagar a gráfica,
o transporte, é tudo custo. Essas restrições [de cobrança de
algumas tarifas] são repassadas
para outros serviços."
Ainda assim, ele defende que,
no geral, houve redução de tarifas no sistema financeiro. "No
sistema da Febraban de acompanhamento de tarifas, algumas tarifas sobem, mas não é
uma alta generalizada."
Vian nega que os bancos estejam compensando a queda
nos juros, que incide só sobre
aqueles que tomam crédito,
com a alta de tarifas, aplicada
numa base maior de clientes.
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