São Paulo, Segunda-feira, 13 de Setembro de 1999 |
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VAREJO Redes menores e com foco principal em moda, artigos para casa e lazer se expandem em pontos disputados Novas lojas ocupam vácuo das falidas
FÁTIMA FERNANDES LUCIA REGGIANI da Reportagem Local A falência de redes que atraíam consumidores aos shopping centers e às tradicionais ruas de comércio abriu espaço para um novo modelo de lojas-âncoras. Menores e mais especializadas -em moda, em artigos para a casa, em livros e até mesmo em práticas esportivas-, elas estão disputando pontos onde fizeram fama Mappin, Mesbla, G. Aronson e outras desaparecidas. No vácuo deixado pelas falidas, ganham mercado Riachuelo, Renner, C&A, Tok & Stok, Vila Romana e Lojas Americanas, que já funcionavam como chamariz. A esse grupo agregam-se companhias de cinema, academias de ginástica, megalivrarias e redes de lojas internacionais, como a espanhola Zara, que inaugura em outubro a primeira das 40 lojas de roupas que pretende ter no país nos próximos seis anos. Sete empresas (leia quadro abaixo) decidiram investir cerca de R$ 300 milhões na expansão de seus negócios no país. Mais da metade desses recursos será desembolsada ainda neste ano, principalmente em espaços antes tomados pela Mesbla. A tradicional loja de departamentos ocupava áreas de cerca de 6.000 m2, que estão sendo praticamente loteadas entre suas sucessoras. Compactas, as novas âncoras têm, em média, de 1.000 m2 a 2.000 m2. A Zara é a que expressa melhor o modelo de âncora que está se estabelecendo no país. A cadeia espanhola, que fatura US$ 2 bilhões por ano, estava de olho no Brasil havia algum tempo, mas não conseguia encontrar área suficiente para se instalar em pontos-chave. "As dificuldades enfrentadas por redes tradicionais acabaram gerando essa oportunidade", diz Pedro Janot, diretor-geral da Zara no Brasil. Tanto que a estréia da rede se dá em uma área do shopping Morumbi, em São Paulo, que foi da concordatária Arapuã, que diminuiu de tamanho. A primeira loja da Zara, com inauguração prevista para outubro, começa com 1.000 m2 e deve dobrar de tamanho em breve, segundo Janot. A coleção de verão, de 3.000 itens, virá de 12 fábricas da empresa na Espanha. Também em outubro, a Zara inaugura a segunda loja no shopping Anália Franco, em São Paulo. Outras duas serão abertas no Rio, em novembro. A intenção é ter 40 lojas em seis anos. O ingresso de redes estrangeiras no país está só no começo, avalia Marcos Gouvêa de Souza, consultor de varejo. "As primeiras a vir serão as européias, que têm menos espaço para crescer em seus países", diz ele. As cadeias dos EUA vêm em seguida, no rastro da J.C. Penney, que já é dona da Lojas Renner no país. "As lojas de departamentos norte-americanas evoluíram em moda e estão trazendo esse modelo para cá", diz Eleonora de Souza Ramos Pereira, gerente-geral de marketing da rede Plaza (West Plaza, Plaza Sul e Paulista). Essa é a cara que a J.C. Penney está dando para a Renner, que comercializa 20 mil itens, principalmente vestuário. A rede anunciou na semana passada que vai investir R$ 60 milhões para abrir 12 novas lojas no país neste ano. Com forte presença no Sul, a Renner agora avança em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas e Brasília. Vai ocupar áreas que foram da Mesbla e até contratar alguns de seus ex-funcionários. De perfil e estratégia semelhantes, a Riachuelo, do grupo Guararapes, forte nas regiões Norte e Nordeste, amplia sua participação no país. Vai colocar em operação 12 novas lojas, que consumiram a maior parte do investimento de R$ 95 milhões feito pelo grupo neste ano, informa Flávio Rocha, vice-presidente. A empresa vem ocupando espaços deixados pela Mesbla em Manaus, Recife, Salvador e Fortaleza, onde passou a ser âncora central do shopping Iguatemi. Por ser muito parecidas, as redes Renner e Riachuelo, segundo a Folha apurou, teriam um acordo de bastidor para dividir o mercado brasileiro pela "linha de Salvador". Na prática, significa que a Renner não pode investir demais no Nordeste, e a Riachuelo, investir demais no Sul. Correndo por fora, a holandesa C&A, que já tem 64 lojas de Belém (PA) a Pelotas (RS), vai dobrar o ritmo de abertura de lojas no país a partir do ano que vem. Desde sua chegada no Brasil, em 1976, a rede abre, em média, três lojas por ano. Em 2000, serão de sete a oito. Com investimentos estimados pelo mercado em R$ 12 milhões, a C&A quer ampliar sua atuação até Manaus (AM) e São Luís (MA). "Muitas empresas saíram do mercado, e nós estamos aproveitando as oportunidades", diz Marcelo Doll Martinelli, diretor comercial. Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Âncora tradicional pode perder espaço Índice |
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