|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA INDUSTRIAL
Modermaq, do BNDES, ainda não liberou nenhum recurso; pedidos equivalem a apenas 0,46% da verba disponível
Prioritário, crédito para máquinas não decola
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O atraso do governo federal na
regulamentação emperrou o resultado do principal programa de
financiamento criado para implementar a política industrial lançada em março deste ano pelo Ministério do Desenvolvimento.
A implantação do Modermaq,
programa de financiamento do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para aquisição de máquinas
e equipamentos, sofreu um atraso
de quatro meses. Como conseqüência, o banco recebeu até agora pedidos de financiamentos de
R$ 11,5 milhões para este programa, apenas 0,46% dos R$ 2,5 bilhões colocados à disposição dos
empresários. Nenhum recurso foi
efetivamente liberado.
O setor de máquinas e equipamentos (chamado de bens de capital) é um dos prioritários da política industrial por ser o responsável pela modernização e ampliação da capacidade instalada
das empresas, fundamental para
que o país consiga produzir mais
sem pressão inflacionária.
"O Modermaq é o programa-chave para dar um choque de modernização na indústria", resumiu o secretário de Desenvolvimento de Produção do ministério, Carlos Gastaldoni.
A política industrial do governo
foi anunciada em 31 de março
deste ano. Quatro setores foram
considerados estratégicos -bens
de capital, fármacos, softwares e
componentes eletrônicos (chips).
Ao BNDES, principal agente financeiro para créditos de longo
prazo no país, coube criar quatro
linhas: o Modermaq; o Programa
de Financiamento de Bens de Capital sob Encomenda, para financiar a própria indústria de bens de
capital; o Profarma, para produção de medicamentos; e o Prosoft,
para software.
De todos eles, o Modermaq é o
que tem mais recursos disponíveis, R$ 2,5 bilhões. É o que apresenta menor risco para o empresário, porque, diferentemente dos
demais programas, tem taxas de
juros fixas em até 14,95% ao ano,
independentemente da variação
da TJLP (Taxa de Juro de Longo
Prazo), utilizada pelo BNDES em
seus empréstimos. O prazo de financiamento é de cinco anos.
O fato de as taxas serem fixas,
aliás, foi o motivo de o Modermaq
ter sofrido atraso. Quando a política industrial foi lançada em
março, o ministério anunciou que
o programa entraria em operação
já no mês seguinte. Acabou sendo
implementado em agosto.
Durante esse período, houve
uma queda-de-braço entre o
BNDES e o Tesouro Nacional para decidir quem arcará com os
prejuízos caso haja uma variação
da TJLP, hoje em 9,75%. Depois
de muitas idas e vindas, optou-se
por uma solução salomônica: nos
dois primeiros anos, o risco fica
com o BNDES. A partir do terceiro ano, quem arca é o Tesouro.
"Houve realmente um atraso,
mas a boa notícia é que o Modermaq finalmente saiu", disse o diretor da Área de Indústria do banco, Fábio Erber. "A única maneira
de lidar com a burocracia é ter
bom senso e, principalmente,
bom humor", ironizou.
Tempo perdido
Para dar mais tempo ao banco,
ficou acertado que os contratos
poderão ser firmados até 5 de
agosto de 2005. "É difícil, existem
negociações complicadas", disse
Gastaldoni, que fez questão de
ressaltar que o BNDES "tem sido
seguramente o parceiro da política industrial mais eficiente."
Segundo o superintendente da
Área de Operações Indiretas do
BNDES, Cláudio Bernardo de
Moraes, responsável pelo Modermaq, a procura pelo programa está sendo grande. Em dois meses
de operação, foram recebidos 19
pedidos de empréstimos. Oito deles, que somam R$ 3,9 milhões,
estão em análise, e outros 11, de
R$ 7,6 milhões, foram aprovados.
Apesar do atraso, Erber considera o resultado satisfatório.
"Existe um hiato entre adotar medidas de política industrial e a decisão dos empresários de investir.
Há outro hiato até a formulação
dos projetos. E mais um hiato para a apresentação do projeto ao
banco", afirmou.
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Frase Índice
|