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Governo prepara criação de carreira especial na Fazenda
Servidor subordinado a Mantega deverá ser beneficiado com reajuste real de salário
Não há estimativa do gasto
adicional para o governo;
Planejamento avalia que
outros ministérios poderão
pleitear mesmos benefícios
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo se prepara para
criar no funcionalismo público
uma tropa de elite "fazendária". Uma medida provisória
deverá ser editada até o fim do
mês para instituir a carreira fazendária, que incorporará todos os cargos administrativos
do Ministério da Fazenda.
Com a nova carreira, os servidores subordinados ao ministro Guido Mantega (Fazenda)
deixarão de fazer parte do quadro geral dos funcionários públicos da área administrativa,
que são os planos conhecidos
como PGPE (Plano Geral do
Poder Executivo) e PCC (Plano
de Classificação de Cargos).
Além disso, serão beneficiados
com aumento real de salário,
principalmente nos casos de
servidores em final de carreira.
As mudanças estão sendo tocadas pelo secretário-executivo da Fazenda, Nelson Machado. Nas últimas semanas, um comunicado foi distribuído pelas chefias aos funcionários do
ministério, afirmando que a
medida permitirá "manter elevado o padrão de qualidade técnica das atividades" desenvolvidas pela Fazenda. A tendência é que a nova carreira seja
formalizada por MP, mas o Palácio do Planalto ainda analisa a
conveniência. A carreira poderá ser criada por projeto de lei.
Hoje, um operador de reprografia ou um economista do
Ministério da Fazenda é igual
ao dos demais ministérios. Tem
as mesmas obrigações e recebe
o mesmo salário. Com a carreira diferenciada, esses servidores passarão a fazer parte de
uma elite, que continuará desenvolvendo as mesmas tarefas, mas receberão salários
maiores. A diferença salarial
pode ser de até 30% em 2008.
Reação em cadeia
No Ministério do Planejamento, há avaliação de que a
carreira fazendária possa desencadear um processo semelhante nos demais ministérios,
que reivindicarão carreiras por
pasta. Isso acabaria engessando a estrutura do funcionalismo. "Agora que faremos aqui,
os outros podem querer vir
atrás", admitiu o subsecretário
de Planejamento, Orçamento e
Administração da Fazenda,
Laerte Meliga.
Para defender a carreira fazendária, ele afirma que a lei de
criação da Receita Federal do
Brasil estabelece que a Fazenda
instituirá uma nova carreira
para acolher os servidores administrativos que vieram da
antiga Secretaria da Receita
Previdenciária, que foi fundida
com a Receita Federal.
Com a fusão, servidores que
faziam as mesmas funções estão sendo tratados de maneiras
diferentes, inclusive em termos
salariais. "Como já tínhamos de
criar uma carreira, fizemos algo
mais abrangente. Vamos equiparar esses servidores. Além
disso, o PGPE e o PCC vêm se
deteriorando desde 1994, pois
não havia concursos. Isso criou
a distorção da terceirização para suprir o apoio administrativo", declara o subsecretário.
Ele não soube informar
quanto custará ao governo a
criação da carreira. O Planejamento também não respondeu
qual será o gasto adicional.
Segundo Meliga, os ganhos
salariais se darão tanto no vencimento básico como na gratificação que será criada para a
carreira fazendária. A reestruturação prevê mudança no vencimento básico, que acabará
com os diversos penduricalhos
que atualmente compõem a remuneração dos servidores.
Por exemplo, o vencimento
atual para servidores de nível
intermediário em final de carreira é de R$ 387. A isso se somam gratificações. No novo
modelo, isso será unificado no
vencimento básico, que ainda
será reajustado. No final das
contas, o novo vencimento passará a ser de R$ 1.130.
Para o secretário-geral da
Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal,
José Nilton Costa, a nova carreira atende a uma demanda
antiga dos servidores, mas não
deixou a categoria satisfeita. Os
servidores querem a paridade
salarial entre ativos e inativos,
além de ganho maior para o
vencimento básico.
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