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CONJUNTURA
Produto Interno Bruto tem queda de 0,18% no terceiro trimestre; no ano PIB deve permanecer igual
Economia volta a cair, apura o IBGE
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
O PIB (Produto Interno Bruto)
do terceiro trimestre caiu 0,18%
em relação ao trimestre imediatamente anterior. Foi a primeira
queda do PIB em 99 nesse tipo de comparação, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Soma de todos os bens e serviços produzidos no país, o PIB do
terceiro trimestre também caiu
em relação ao mesmo período de
98: -0,31%. O desempenho acumulado do ano praticamente não
se moveu em relação a 98, ficando
em 0,02%.
"Os resultados refletem um
comportamento excepcional da
agropecuária, com a lavoura sustentando as taxas de crescimento,
e a indústria sendo sustentada pela extrativa mineral", explica o
economista Roberto Olinto, do
Departamento de Contas Nacionais do IBGE.
Previsão
Para Olinto, o PIB este ano não
será negativo e deverá ficar próximo do resultado acumulado até
aqui (0,02%).
"É melhor do que o esperado no
início do ano", observou.
O PIB industrial caiu 0,17% no
trimestre encerrado em setembro, 2,02% em relação ao terceiro
trimestre de 98 e acumula uma
queda de 3,03% no ano. A indústria pesa 33,96% no cálculo do
PIB.
Os piores desempenhos, sobre
igual período de 98, foram os da
indústria de transformação (-2,23%) e da construção civil (-3,95%), cujas influências no PIB
são das mais altas. Pesam 20,3% e
10,26%, respectivamente.
Agropecuária
A agropecuária, que vem segurando os resultados dos PIBs trimestrais, caiu 2,92% no terceiro
trimestre em relação ao anterior.
Os resultados do início do ano haviam sido muito altos, o que explica a baixa agora.
O desempenho acumulado no
ano, contudo, mostra um número
positivo: 6,1%. Seu peso para o
PIB final é de 8,42%.
O setor de serviços, apesar de
sua grande contribuição para o
cálculo final (62,8%), tem influenciado pouco o movimento da economia e não conseguiu elevar o
resultado do PIB trimestral, apesar dos resultados positivos.
No terceiro trimestre, cresceu
0,18% sobre o anterior e subiu
0,22% na comparação com igual
período de 98. No ano, acumula
alta de 0,80%.
Impacto
Roberto Olinto explica que não
é direto o impacto do repique inflacionário, registrado pelo IPCA
do IBGE em outubro (1,19%), no
PIB do quarto trimestre porque
os resultados trimestrais não são
em valores. Apenas dão uma noção sobre o nível da produção geral.
O problema é que, à medida que
o governo olha para a inflação na
hora de baixar novas medidas, alguma iniciativa do Banco Central
para conter o crédito seguraria
consumo e produção, afetando o
comportamento do PIB.
Em 98, o IBGE apurou um resultado de -0,12% para o PIB, já
contados os impostos.
O economista Flávio Castelo
Branco, coordenador da Unidade
de Política Econômica da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), disse ter ficado surpreso
com o resultado negativo da indústria.
"Esperávamos algum crescimento, ainda que pequeno", afirmou. O terceiro trimestre é um
dos melhores para a indústria,
por causa do aquecimento econômico do fim do ano.
Segundo mandato
Nos quatro primeiros anos do
governo de Fernando Henrique
Cardoso, a economia cresceu
15,57%, sendo que até o segundo
trimestre de 97, período anterior à
crise asiática, o crescimento acumulado estava em 19,3%.
Se o PIB este ano ficar em zero e
crescer 4% em 2000, conforme
planeja o governo, a economia teria que sustentar resultados médios de 5,2% em 2001 e 2002 para
que o desempenho econômico do
segundo mandato se equiparasse
ao do primeiro.
Para o economista Castelo
Branco, esses não são resultados
tão impossíveis, não fossem os
problemas internos (déficit fiscal,
juros altos, falta de investimentos), os mesmos que têm segurado o movimento da economia de
97 para cá.
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