São Paulo, Sábado, 13 de Novembro de 1999
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CONJUNTURA
Produto Interno Bruto tem queda de 0,18% no terceiro trimestre; no ano PIB deve permanecer igual
Economia volta a cair, apura o IBGE

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre caiu 0,18% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Foi a primeira queda do PIB em 99 nesse tipo de comparação, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Soma de todos os bens e serviços produzidos no país, o PIB do terceiro trimestre também caiu em relação ao mesmo período de 98: -0,31%. O desempenho acumulado do ano praticamente não se moveu em relação a 98, ficando em 0,02%.
"Os resultados refletem um comportamento excepcional da agropecuária, com a lavoura sustentando as taxas de crescimento, e a indústria sendo sustentada pela extrativa mineral", explica o economista Roberto Olinto, do Departamento de Contas Nacionais do IBGE.

Previsão
Para Olinto, o PIB este ano não será negativo e deverá ficar próximo do resultado acumulado até aqui (0,02%).
"É melhor do que o esperado no início do ano", observou.
O PIB industrial caiu 0,17% no trimestre encerrado em setembro, 2,02% em relação ao terceiro trimestre de 98 e acumula uma queda de 3,03% no ano. A indústria pesa 33,96% no cálculo do PIB.
Os piores desempenhos, sobre igual período de 98, foram os da indústria de transformação (-2,23%) e da construção civil (-3,95%), cujas influências no PIB são das mais altas. Pesam 20,3% e 10,26%, respectivamente.

Agropecuária
A agropecuária, que vem segurando os resultados dos PIBs trimestrais, caiu 2,92% no terceiro trimestre em relação ao anterior. Os resultados do início do ano haviam sido muito altos, o que explica a baixa agora.
O desempenho acumulado no ano, contudo, mostra um número positivo: 6,1%. Seu peso para o PIB final é de 8,42%.
O setor de serviços, apesar de sua grande contribuição para o cálculo final (62,8%), tem influenciado pouco o movimento da economia e não conseguiu elevar o resultado do PIB trimestral, apesar dos resultados positivos.
No terceiro trimestre, cresceu 0,18% sobre o anterior e subiu 0,22% na comparação com igual período de 98. No ano, acumula alta de 0,80%.

Impacto
Roberto Olinto explica que não é direto o impacto do repique inflacionário, registrado pelo IPCA do IBGE em outubro (1,19%), no PIB do quarto trimestre porque os resultados trimestrais não são em valores. Apenas dão uma noção sobre o nível da produção geral.
O problema é que, à medida que o governo olha para a inflação na hora de baixar novas medidas, alguma iniciativa do Banco Central para conter o crédito seguraria consumo e produção, afetando o comportamento do PIB.
Em 98, o IBGE apurou um resultado de -0,12% para o PIB, já contados os impostos.
O economista Flávio Castelo Branco, coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), disse ter ficado surpreso com o resultado negativo da indústria.
"Esperávamos algum crescimento, ainda que pequeno", afirmou. O terceiro trimestre é um dos melhores para a indústria, por causa do aquecimento econômico do fim do ano.

Segundo mandato
Nos quatro primeiros anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, a economia cresceu 15,57%, sendo que até o segundo trimestre de 97, período anterior à crise asiática, o crescimento acumulado estava em 19,3%.
Se o PIB este ano ficar em zero e crescer 4% em 2000, conforme planeja o governo, a economia teria que sustentar resultados médios de 5,2% em 2001 e 2002 para que o desempenho econômico do segundo mandato se equiparasse ao do primeiro.
Para o economista Castelo Branco, esses não são resultados tão impossíveis, não fossem os problemas internos (déficit fiscal, juros altos, falta de investimentos), os mesmos que têm segurado o movimento da economia de 97 para cá.


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