São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 2002

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PREÇOS

Produto sobe 50% em 2 meses; analistas vêem especulação, fabricantes negam

Agora, a queda-de-braço é pelo arroz

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do açúcar, o arroz pode ser a próxima dor de cabeça do varejo na queda-de-braço com a indústria. Em setembro, o preço do pacote (cinco quilos) estava entre R$ 5,50 e R$ 6,00. Em outubro, chegou a R$ 8,00 e, neste momento, o preço de venda ao consumidor já está em R$ 9,00 -elevação de 50% em dois meses.
O aumento, negociado com a indústria, irrita as lojas porque é fruto de especulação, dizem os analistas do setor.
Grandes redes no país, como Pão de Açúcar e Sendas, confirmam a alta mas informam, porém, que não há risco de falta do produto.
O problema é que parte do arroz vendido no país é importado. Com a disparada do dólar, a compra no exterior se tornou quase inviável. Logo, os produtores nacionais passaram a reter a produção, à espera de preços melhores.
Além disso, acabou o estoque de arroz vendido pelo governo no mercado. As últimas 60 mil toneladas foram colocadas em leilão, no Sul do país, em meados de outubro.
Agora, sem mais essa oferta no mercado interno, os fabricantes podem negociar à vontade. Em outubro, o preço médio da saca fechou em torno de R$ 25. Esse valor supera em 28% o de igual período do ano passado.
Os fabricantes rebatem as informações de alta exagerada no preço. Dizem que o custo de produção subiu mais de 35% neste ano, incluindo, nessa conta, o custo da terra, compra de sementes etc. A alta também é consequência da pressão do dólar.
A recente queda na cotação do dólar, neste mês, pode ajudar o varejo. O Pão de Açúcar decidiu começar a importar arroz do Uruguai e dos Estados Unidos. Tentará vender com redução de 25% em relação ao preço pedido pelas indústrias no Brasil.
Nos últimos dias, por causa da recente queda da moeda norte-americana, a importação do produto pode tornar-se mais interessante.

Açúcar
A Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo) criticou ontem a ação do Pão de Açúcar de colocar avisos nas gôndolas alertando os clientes de aumento abusivo no açúcar, conforme informou a Folha.
Segundo Eduardo Carvalho, presidente da entidade, "não faltará açúcar". Mas o preço subirá.
Para alertar os consumidores, as lojas da rede exibem um comunicado informando que "para evitar o desabastecimento deste item [açúcar] de suma importância, comunicamos que a variação de preços deste produto, embora repassada parcialmente, é reflexo do aumento abusivo praticado pelo fabricante".
Segundo analistas consultados pela Folha, a ação do Pão de Açúcar é vista como uma "boa estratégia de marketing".


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