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PREÇOS
Produto sobe 50% em 2 meses; analistas vêem especulação, fabricantes negam
Agora, a queda-de-braço é pelo arroz
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do açúcar, o arroz pode
ser a próxima dor de cabeça do
varejo na queda-de-braço com a
indústria. Em setembro, o preço
do pacote (cinco quilos) estava
entre R$ 5,50 e R$ 6,00. Em outubro, chegou a R$ 8,00 e, neste momento, o preço de venda ao consumidor já está em R$ 9,00 -elevação de 50% em dois meses.
O aumento, negociado com a
indústria, irrita as lojas porque é
fruto de especulação, dizem os
analistas do setor.
Grandes redes no país, como
Pão de Açúcar e Sendas, confirmam a alta mas informam, porém, que não há risco de falta do
produto.
O problema é que parte do arroz
vendido no país é importado.
Com a disparada do dólar, a compra no exterior se tornou quase
inviável. Logo, os produtores nacionais passaram a reter a produção, à espera de preços melhores.
Além disso, acabou o estoque de
arroz vendido pelo governo no
mercado. As últimas 60 mil toneladas foram colocadas em leilão,
no Sul do país, em meados de outubro.
Agora, sem mais essa oferta no
mercado interno, os fabricantes
podem negociar à vontade. Em
outubro, o preço médio da saca
fechou em torno de R$ 25. Esse
valor supera em 28% o de igual
período do ano passado.
Os fabricantes rebatem as informações de alta exagerada no preço. Dizem que o custo de produção subiu mais de 35% neste ano,
incluindo, nessa conta, o custo da
terra, compra de sementes etc. A
alta também é consequência da
pressão do dólar.
A recente queda na cotação do
dólar, neste mês, pode ajudar o
varejo. O Pão de Açúcar decidiu
começar a importar arroz do Uruguai e dos Estados Unidos. Tentará vender com redução de 25%
em relação ao preço pedido pelas
indústrias no Brasil.
Nos últimos dias, por causa da
recente queda da moeda norte-americana, a importação do produto pode tornar-se mais interessante.
Açúcar
A Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo) criticou ontem a ação do Pão de
Açúcar de colocar avisos nas gôndolas alertando os clientes de aumento abusivo no açúcar, conforme informou a Folha.
Segundo Eduardo Carvalho,
presidente da entidade, "não faltará açúcar". Mas o preço subirá.
Para alertar os consumidores, as
lojas da rede exibem um comunicado informando que "para evitar
o desabastecimento deste item
[açúcar] de suma importância,
comunicamos que a variação de
preços deste produto, embora repassada parcialmente, é reflexo
do aumento abusivo praticado
pelo fabricante".
Segundo analistas consultados
pela Folha, a ação do Pão de Açúcar é vista como uma "boa estratégia de marketing".
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