São Paulo, quarta-feira, 13 de novembro de 2002

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TRANSE LATINO

Greenspan diz, no texto "A Riqueza das Nações Revisitada", que Brasil e Argentina enfrentam instabilidade

Para Fed, México e Chile são "ilhas" estáveis

DA REDAÇÃO

A América Latina vive sob grande instabilidade, mas dois países permanecem estáveis, "relativamente ilhados" na região: México e Chile. A análise é da principal autoridade monetária do planeta, Alan Greenspan, o presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA).
Greenspan, em um discurso preparado para uma conferência de diretores de bancos centrais no México, afirmou que alguns países implantaram reformas que lhes propiciaram crescimento e estabilidade. Entre casos mundiais de sucesso, o presidente do Fed destacou o México. Já Argentina e Brasil foram mencionados como países problemáticos.
"Enquanto a Argentina, o Brasil e outros países da região experimentam instabilidades econômicas, o México e o Chile permanecem relativamente ilhados, refletindo a confiança dos mercados no compromisso desses países com políticas coerentes", afirmou Greenspan, no único trecho em que cita o Brasil no discurso.
Em um texto intitulado "A Riqueza das Nações Revisitada", referência ao clássico econômico do escocês Adam Smith, Greenspan debateu rapidamente a busca dos economistas, nos últimos 200 anos, pela resposta ao que "é provavelmente a principal questão macroeconômica: Por que uma economia cresce?". A íntegra do discurso pode ser lida no site do Fed (www.federalreserve.gov).
Greenspan fez uma apologia da liberalização: "A análise econômica moderna confirmou muito do que Adam Smith inferiu. Os economistas atuais apontam para três importantes aspectos que influenciam o crescimento: abertura comercial e integração ao resto do mundo; qualidade da infra-estrutura institucional; e sucesso das autoridades na implementação de políticas necessárias à estabilidade macroeconômica".

"Políticas deletérias"
Segundo Greenspan, a América Latina oferece, ao mesmo tempo, bons exemplos dos "efeitos deletérios" da instabilidade macroeconômica e dos "benefícios da adoção de políticas coerentes".
Disse que a região obteve avanços importantes, e exemplificou: a inflação caiu, as economias tornaram-se mais abertas e os mercados financeiros se aprimoraram. Mas, em seguida, notou que, recentemente, apenas México e Chile permaneceram protegidos em suas "ilhas de estabilidade".
"O México é um caso particularmente interessante", disse. "Nas duas décadas anteriores a 1995, o país enfrentou crises severas. Mas, com Nafta [Acordo de Livre Comércio da América do Norte], câmbio flutuante, política fiscal estável e inflação menor, a vulnerabilidade mexicana parece ter caído bastante."
Greenspan disse que o país é visto hoje como um "porto seguro" para investidores. Para o presidente do Fed, o México soube tirar proveito do livre comércio.
Durante os anos 80, lembrou Greenspan, as exportações mexicanas, excluindo petróleo, representavam 5% do PIB (Produto Interno Bruto). No ano passado, tal percentual já era de 24%. Mas o presidente do Fed não tocou num ponto delicado: o México é muito dependente dos EUA e sofre os efeitos da freada do vizinho.

Fraga pede confiança
Na mesma conferência, o presidente do BC, Armínio Fraga, disse que são "exagerados" os temores dos investidores internacionais a respeito de "mudanças drásticas". O presidente do BC disse que a economia brasileira crescerá 1,5% neste ano e pediu um "voto de confiança" para o novo governo.


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