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Zoellick diz que Alca "deu passos à frente" após reunião
DE WASHINGTON
O representante de comércio
dos Estados Unidos, Robert Zoellick, afirmou ontem que a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) "deu alguns passos à
frente" após a reunião que teve
com o chanceler brasileiro, Celso
Amorim, na sexta-feira e sábado
passados, em Washington.
Ao mesmo tempo, Zoellick afirmou que as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)
não são mais adequadas para regular temas como investimentos e
propriedade intelectual nas relações comerciais entre países.
"Nos anos 80 e início dos 90, essas
regras funcionaram. Mas não
[funcionam] mais", disse.
Regras para investimento e propriedade intelectual são exatamente duas das áreas que o Brasil
pretende tirar da negociação da
Alca e discutir no âmbito da
OMC.
Zoellick, no entanto, deixou claro que os acordos que os EUA fecharam recentemente com o Chile e o que pretendem selar com
um grupo de cinco países da
América Central "devem servir de
modelo para qualquer nova relação comercial".
Nesses acordos, os países envolvidos aceitaram posições norte-americanas que o Brasil afirma serem "sensíveis" no país.
"Saí da reunião com o ministro
Amorim com um sentimento positivo, mas sem subestimar o tamanho do desafio que ainda temos pela frente", disse Zoellick.
"Países como Chile, Canadá, Costa Rica e outros querem um acordo bem mais ambicioso [na Alca].
Mas estou feliz de o Brasil também querer ir adiante".
Nas reuniões da semana passada, em Washington, o Brasil concordou com os EUA em não negociar mais na Alca o fim dos subsídios agrícolas e a política antidumping norte-americanas
-cujas discussões ficariam concentradas na OMC.
Em contrapartida, o Brasil também quer tirar da Alca a definição
de regras para investimentos,
propriedade intelectual e compras governamentais -e também passar os temas para a OMC.
Mas o representante de comércio dos EUA disse ontem que esses pontos ainda terão de ser discutidos na próxima reunião ministerial da Alca, em Miami, que
começa na semana que vem.
"O governo brasileiro está adotando medidas econômicas muito difíceis nas áreas fiscal e financeira. Mas, se quiser crescer, vai
precisar de muito mais comércio.
Vamos discutir tudo isso", disse.
Lobby no Congresso
Ao mesmo tempo em que quer
avançar nos acordos comerciais,
Zoellick deu demonstrações ontem de que há uma crescente oposição no Congresso norte-americano a essa estratégia.
Em encontro com o que chamou de "Coalizão Latina para o
Comércio", Zoellick fez um apelo
a cerca de cem empresários latino-americanos para que "aumentem a pressão sobre os congressistas" contrários a novos acordos
-vistos como prejudiciais ao
emprego nos EUA.
Os EUA pretendem finalizar
neste ano e aprovar no Congresso
em meados de 2004 um novo
acordo comercial. Batizado como
Cafta, envolveria Costa Rica, El
Salvador, Guatemala, Honduras,
Nicarágua e, possivelmente, a República Dominicana.
Juntos, os seis países poderão
representar o segundo mercado
de exportação dos EUA para a
América Latina.
(FERNANDO CANZIAN)
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