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São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003

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Zoellick diz que Alca "deu passos à frente" após reunião

DE WASHINGTON

O representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, afirmou ontem que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) "deu alguns passos à frente" após a reunião que teve com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, na sexta-feira e sábado passados, em Washington.
Ao mesmo tempo, Zoellick afirmou que as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) não são mais adequadas para regular temas como investimentos e propriedade intelectual nas relações comerciais entre países. "Nos anos 80 e início dos 90, essas regras funcionaram. Mas não [funcionam] mais", disse.
Regras para investimento e propriedade intelectual são exatamente duas das áreas que o Brasil pretende tirar da negociação da Alca e discutir no âmbito da OMC.
Zoellick, no entanto, deixou claro que os acordos que os EUA fecharam recentemente com o Chile e o que pretendem selar com um grupo de cinco países da América Central "devem servir de modelo para qualquer nova relação comercial".
Nesses acordos, os países envolvidos aceitaram posições norte-americanas que o Brasil afirma serem "sensíveis" no país.
"Saí da reunião com o ministro Amorim com um sentimento positivo, mas sem subestimar o tamanho do desafio que ainda temos pela frente", disse Zoellick. "Países como Chile, Canadá, Costa Rica e outros querem um acordo bem mais ambicioso [na Alca]. Mas estou feliz de o Brasil também querer ir adiante".
Nas reuniões da semana passada, em Washington, o Brasil concordou com os EUA em não negociar mais na Alca o fim dos subsídios agrícolas e a política antidumping norte-americanas -cujas discussões ficariam concentradas na OMC.
Em contrapartida, o Brasil também quer tirar da Alca a definição de regras para investimentos, propriedade intelectual e compras governamentais -e também passar os temas para a OMC.
Mas o representante de comércio dos EUA disse ontem que esses pontos ainda terão de ser discutidos na próxima reunião ministerial da Alca, em Miami, que começa na semana que vem.
"O governo brasileiro está adotando medidas econômicas muito difíceis nas áreas fiscal e financeira. Mas, se quiser crescer, vai precisar de muito mais comércio. Vamos discutir tudo isso", disse.

Lobby no Congresso
Ao mesmo tempo em que quer avançar nos acordos comerciais, Zoellick deu demonstrações ontem de que há uma crescente oposição no Congresso norte-americano a essa estratégia.
Em encontro com o que chamou de "Coalizão Latina para o Comércio", Zoellick fez um apelo a cerca de cem empresários latino-americanos para que "aumentem a pressão sobre os congressistas" contrários a novos acordos -vistos como prejudiciais ao emprego nos EUA.
Os EUA pretendem finalizar neste ano e aprovar no Congresso em meados de 2004 um novo acordo comercial. Batizado como Cafta, envolveria Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e, possivelmente, a República Dominicana.
Juntos, os seis países poderão representar o segundo mercado de exportação dos EUA para a América Latina.
(FERNANDO CANZIAN)


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