São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 2000

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MÍDIA

Família Nascimento Brito negocia diário carioca depois de 51 anos à frente da empresa; novo proprietário atua na área naval

Nelson Tanure compra o "Jornal do Brasil"

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S/A

Depois de 51 anos à frente do "Jornal do Brasil", a família Nascimento Brito aprovou na segunda-feira a venda desse que é um dos mais tradicionais jornais do país para o empresário baiano Nelson Tanure. A operação gira em torno de R$ 80 milhões.
Não será uma operação simples. O "JB" será dividido em duas empresas. Uma delas será o Jornal do Brasil Online, que terá sob seu guarda-chuva a gestão do jornal. O JB Online é a empresa que está sendo comprada por Tanure, que terá o controle administrativo da empresa e influência sobre a linha editorial do jornal.
A outra empresa é o "velho Jornal do Brasil". Dele restarão apenas o prédio número 500 da avenida Brasil, no Rio de Janeiro, e mais as dívidas, estimadas em R$ 750 milhões. Este "velho JB" continuará nas mãos da família.
Com o dinheiro da venda, a família Nascimento Brito pretende pagar as dívidas trabalhistas e assim ter acesso ao Refis (Programa de Refinanciamento Fiscal) da Receita Federal.
O "JB" já tinha entrado com pedido para aderir ao Refis, mas precisava quitar algumas dívidas -inclusive trabalhistas- para seu ingresso ser aprovado pela receita Federal. O Refis prevê anistia de juros, redução de multas em até 75% e parcelamento em até dez anos dos débitos.

Dívidas
A família Nascimento Brito pretende quitar as dívidas da empresa velha com recursos obtidos pela nova empresa. As duas firmas serão interligadas.
As negociações da família Nascimento Brito com Tanure já se arrastam há quatro meses. Inicialmente, pensava-se que o negócio envolvia apenas a agência do JB.
O controle do conteúdo editorial do "Jornal do Brasil" deverá ser dividido entre Nelson Tanure e o atual presidente do jornal, José Antônio Nascimento Brito. Especula-se que, depois de concluído o processo, José Antônio também faça parte da empresa de Nelson Tanure.
Não foi ainda definido o dia exato do anúncio oficial da operação. Atualmente, toda a documentação necessária para a assinatura da transação está sendo preparada por advogados. Espera-se que, nas próximas semanas, a papelada esteja concluída para realizar a transferência.

Tanure
Nelson Tanure tornou-se o maior empresário da área naval do Brasil ao comprar o estaleiro Verolme, no qual até hoje possui uma boa participação.
A grande tacada empresarial de Tanure, no entanto, deu-se há pouco tempo, na compra do Banco Boavista pelo Bradesco. Há um ano, ele tinha adquirido por US$ 1 milhão da família Paula Machado, a mesma que detinha o controle do Boavista, a Cia. Docas do Rio de Janeiro.
Mas a Cia. Docas também possuía uma participação significativa no Boavista. Tão relevante que o Bradesco, para fechar a operação, seria obrigado a comprar a parte de Docas. Nessa transação, Tanure recebeu R$ 70 milhões em dinheiro e mais R$ 400 milhões em títulos, que na verdade devem valer 20% desse valor ao serem negociados no mercado.
A conhecidos, Tanure tem dito que é com esse dinheiro que ele estaria comprando o "JB". O empresário negou a pessoas próximas que estivesse fazendo o papel de testa-de-ferro de algum grupo estrangeiro ou de políticos interessados em ter a marca "JB".



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