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Condenados, Edemar e filho são presos
Ex-controlador do Banco Santos recebe pena de prisão de 21 anos, mas vai recorrer; advogado diz que prisão é ilegal
Mulher e executivos também são condenados; juiz justifica prisão dizendo que ex-banqueiro não parou de praticar crimes
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-banqueiro Edemar Cid
Ferreira, 63, que controlava o
Banco Santos, foi condenado a
21 anos de prisão sob acusação
de ter praticado os crimes de
gestão fraudulenta, lavagem de
dinheiro, evasão de divisas, formação de quadrilha e desvio de
recursos públicos -no caso,
verbas do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
É a pena mais longa a que um
banqueiro foi condenado no
Brasil. Até então, o recorde era
de 12 anos e quatro meses de
prisão, pena a que foi condenado Tasso Assunção Costa, do
Banco Hércules, de Minas.
O filho de Edemar, Rodrigo
Rodrigues Cid Ferreira, 36, foi
condenado a 16 anos de reclusão. A mulher do banqueiro,
Márcia Cid Ferreira, pegou cinco anos e quatro meses de prisão. Ela foi condenada só por
lavagem de dinheiro -Edemar
colocava em nome dela empresas brasileiras e "offshores"
usadas para desviar recursos do
banco, segundo a sentença.
"Offshore" é um tipo de empresa aberta em paraísos fiscais
com o objetivo de facilitar transações no exterior e de esconder os verdadeiros proprietários do negócio.
Em ato simultâneo às condenações, o juiz Fausto Martins
de Sanctis decretou a prisão
preventiva de Edemar, Rodrigo, de um sobrinho do ex-banqueiro (Ricardo Ferreira de
Souza e Silva) e de dois executivos do Banco Santos -Mário
Archângelo Martinelli (ex-superintendente) e Álvaro Zucheli Cabral (ex-diretor administrativo). O juiz justifica a
prisão com o argumento de que
Edemar não interrompeu a
prática de crimes.
Martinelli foi condenado a 18
anos e oito meses de prisão; o
outro executivo e o sobrinho do
ex-banqueiro, a 16 anos. Um
outro executivo do banco, André Pizelli Ramos (ex-diretor
de planejamento), condenado a
16 anos, não teve a prisão preventiva decretada. Eles são
acusados de integrar um comitê informal do banco que articulava os desvios.
Edemar e Rodrigo foram presos pela Polícia Federal em
suas respectivas casas por volta
das 6h de ontem. A TV Globo
acompanhou a prisão. Na imagem da TV, o paletó de Edemar
cobre as algemas.
Eles fizeram exame de corpo
de delito (para atestar que não
foram agredidos) e foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória em Guarulhos,
na Grande São Paulo.
O Santos sofreu intervenção
do Banco Central em novembro de 2004 e em setembro do
ano seguinte teve a sua falência
decretada pela Justiça por causa de um rombo de R$ 2,1 bilhões. Os clientes ainda não recuperaram nada do dinheiro
que tinham no banco.
Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Edemar, entrou ontem com pedido de habeas corpus no TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região). Segundo ele, a prisão é ilegal.
A sentença do juiz para o ex-controlador do Santos foi proporcional à pena: tem 665 páginas. Só o sumário tem mais de
217 páginas. Ele justifica o porte do texto pela complexidade
dos supostos crimes e pelo tamanho do processo -412 volumes com 100 mil páginas. O
processo foi um dos mais rápidos na história dos crimes financeiros no Brasil: durou 18
meses, prazo em que foram ouvidas mais de cem testemunhas.
Não é a primeira vez que
Edemar é preso neste ano. Ele
passou 89 dias na prisão, acusado de esconder obras de arte no
exterior e de tentar obstruir a
ação da Justiça.
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