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BCs anunciam plano global contra crise
Bancos centrais de EUA, Europa e Canadá prometem elevar volume de dinheiro disponível para emprestar a instituições financeiras
Economistas expressam
ceticismo quanto à
eficácia das medidas para
solucionar os problemas
nos mercados de crédito
FLOYD NORRIS
VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES"
Bancos centrais da Europa e
da América do Norte agiram
ontem para elevar o volume de
dinheiro que emprestam a bancos e para facilitar essas transações, em um esforço para aliviar o aperto no crédito. Foi a
primeira vez desde os ataques
de 11 de Setembro em que os
BCs europeus e americanos
agiram coordenadamente no
apoio aos mercados.
As Bolsas de todo o mundo
subiram depois do anúncio de
intervenção pelo Fed (o BC dos
EUA), pelo Banco do Canadá,
pelo BCE (Banco Central Europeu), pelo Banco da Inglaterra
(o BC britânico) e pelo BC suíço. Nos EUA, as Bolsas subiram
após o anúncio, mas recuaram
e chegaram a operar no vermelho. No fim do dia, porém, terminaram com leve alta.
Funcionários do Fed disseram que a decisão representava
um esforço para melhorar os
mercados financeiros, e não
uma resposta a problemas de
qualquer banco individual.
"Não se trata de instituições financeiras específicas passando
por problemas específicos",
disse um dirigente do Fed a jornalistas. "Trata-se de manter o
mercado em funcionamento."
Economistas e especialistas
do mercado receberam positivamente a intervenção do Fed,
mas expressaram certo ceticismo quanto à sua capacidade de
solucionar os principais problemas nos mercados de crédito, causados pela queda acentuada no valor dos títulos lastreados em hipotecas nos EUA.
"Agora temos um Fed que
parece compreender o problema de liquidez do mercado",
disse William Gross, vice-presidente da Pimco. "Essas medidas, embora limitadas em termos de alcance e em termos de que formas de garantias serão
aceitas, devem restaurar ao
menos em parte a confiança
dos mercados privados."
Gross acrescentou que "agora cabe ao mercado privado ganhar um pouco de confiança,
agir de maneira mais máscula e
começar a operar sem ajuda".
A decisão dos BCs deve colocar mais dinheiro nos bancos a
taxas de juros inferiores às que
eles teriam de pagar caso tomassem empréstimos na "janela de desconto" do Fed. O
Fed leiloará até US$ 40 bilhões
em empréstimos a bancos em
dois leilões neste mês. Dois novos leilões serão realizados em
janeiro, mas o montante ainda
não foi determinado.
Funcionários do BC dos EUA
afirmaram que o anúncio vinha
sendo preparado havia algum
tempo, mas não pôde ser feito
anteontem, quando o Fed cortou os juros, porque os bancos
centrais desejavam fazê-lo
quando todos os mercados envolvidos estivessem abertos.
O Fed também informou que
está oferecendo fundos para
que o BCE empreste US$ 20 bilhões e para que o BC suíço empreste US$ 4 bilhões a bancos
europeus que precisem tomar
empréstimos em dólares.
O BC dos EUA disse que o novo processo de leilão deve "ajudar a promover uma disseminação eficiente de liquidez", em um momento no qual outras linhas de crédito estão
"pressionadas".
A experiência que será obtida
com os quatro leilões será útil,
segundo o Fed, "para avaliar a
potencial utilidade" desse novo
processo de fornecimento de
fundos a bancos nos EUA.
Desde que a compressão
mundial de crédito começou,
em agosto, o Fed e outros bancos centrais vêm injetando largas somas no sistema bancário,
em um esforço para manter o
fluxo de crédito. Mesmo assim,
muitos interessados vêm encontrando dificuldades em obter empréstimos.
Os leilões estabelecerão taxas de juros a serem pagas pelo
dinheiro que os bancos tomam
com o Fed. As instituições estarão autorizadas a oferecer qualquer forma de garantia, incluindo títulos sem liquidez, da mesma maneira que já podem
fazer na "janela de descontos".
A diferença é que a identidade
dos bancos que recorrem à "janela de descontos" termina
muitas vezes revelada, enquanto o mecanismo de leilão tem
por objetivo manter em segredo a identidade dos captadores.
"Não existe motivo para
acreditar que venha a existir
um estigma associado ao uso
dessa linha de crédito", afirmou um dirigente do Fed.
"O aspecto mais positivo é
que essa é uma nova resposta a
um problema que parecia intratável", disse Marco Annunziata, economista-chefe do
UniCredit. "Provavelmente
não é uma solução mágica, mas
permitirá que avancemos."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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