São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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Planalto define o calendário para usinas

Os prazos, porém, podem mudar devido ao andamento do processo de licenciamento ambiental de cada empreendimento

A ordem prevê Belo Monte, no rio Xingu, para 2009/10; Marabá, no rio Tocantins, no final de 2010; e São Luiz do Tapajós, no rio Teles Pires

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo já definiu o calendário das próximas licitações de grandes hidrelétricas. Depois de Jirau (3.300 MW), no rio Madeira (RO), prevista para maio do ano que vem, a ordem planejada pelo governo é a seguinte: Belo Monte (11.000 MW), no rio Xingu (PA), prevista para o final de 2009 ou 2010; Marabá (2.160 MW), no rio Tocantins (PA/MA), no final de 2010, e depois São Luiz do Tapajós (previsão de 9.000 MW), no rio Tapajós (PA).
De acordo com Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, estatal que planeja o setor), o calendário pode mudar devido ao andamento do processo de licenciamento ambiental de cada empreendimento.
Tolmasquim disse ainda que a usina de Belo Monte poderá ser construída em duas etapas, cada uma de 5.500 MW. Ainda de acordo com o presidente da EPE, é intenção do governo licitar pequenas hidrelétricas ao longo do rio Parnaíba (PI/MA), no ano que vem.
Na edição do último domingo, a Folha publicou que a Amazônia é a nova fronteira para expansão da capacidade de geração no país. Projeções oficiais indicam a exploração de pelo menos 43.000 MW na região na próxima década, o que corresponde a três usinas de Itaipu.
O consórcio liderado pela empreiteira Norberto Odebrecht, vencedor da disputa pela hidrelétrica de Santo Antônio, já informou ao governo que pretende antecipar em aproximadamente seis meses a entrada em funcionamento da usina. Pelo cronograma oficial, a usina deveria começar a gerar energia em dezembro de 2012. Duas das 44 turbinas entrariam em funcionamento, gerando 4,5% dos 3.150 MW de potência instalada. Os donos da usina querem começar a gerar em maio ou junho de 2012.
"Eles estão de fato trabalhando nisso e estão falando conosco que vão antecipar todos os processos e entrar com energia antes. Esse pode ser um dos fatores que levaram o grupo a ter valores tão competitivos de tarifa", disse o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner. "Quando se faz isso, tem-se um ganho muito grande de fluxo de caixa e da rentabilidade do projeto."
Toda a energia que os donos de Santo Antônio conseguirem gerar antes de dezembro de 2012 poderá ser vendida para a indústria, no mercado livre, a preços bem mais altos do que o oferecido no leilão.
A antecipação, porém, depende de quando o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) liberará a Licença de Instalação (LI), fundamental para o início das obras. De acordo com o governo, o consórcio vencedor entra com o pedido no órgão de licenciamento em janeiro de 2008.

Mercado livre
As distribuidoras de energia reagiram à proposta da indústria de reservar mais energia para ser comercializada no chamado "mercado livre" no leilão da usina de Jirau. Essa energia, que já foi barata em 2003, hoje está mais cara, e a indústria quer que o governo aumente a oferta para evitar alta de custos. As distribuidoras vendem energia no chamado mercado "cativo", em que estão os consumidores residenciais.
No leilão da hidrelétrica de Santo Antônio, a proposta vencedora levou a tarifa no mercado cativo a ficar muito baixa, em R$ 78,87 por MWh (megawatt-hora). A expectativa é que a indústria pague bem mais no mercado livre -em torno de R$ 150 por MWh. A maior parte da energia da usina de Santo Antônio (70%) será destinada ao mercado cativo.
"Essa proposta [mais energia para as indústrias] não tem o menor cabimento. A divisão da energia tem de ser proporcional ao mercado. Se o mercado livre representa 30% do consumo, essa deve ser sua fatia de energia", disse Luiz Carlos Guimarães, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica.


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