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Mercado Aberto
MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br
Empresas veem na governança saldo positivo da crise
A maior discussão acerca das
boas práticas de governança
corporativa faz parte do saldo
positivo da crise, segundo empresários de todos os ramos.
Da mesma forma que os escândalos da Enron e da WorldCom nos EUA em 2001 levaram
a um aprimoramento das normas de contabilidade, as turbulências de 2008/2009 fizeram
com que gestores e autoridades
deixassem de encarar a governança como um modismo. "Notou-se que as falhas nesse campo foram a origem dos problemas", destaca Heloísa Bedicks,
diretora-executiva do IBGC
(Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). "E, claro, o
amadurecimento do mercado
de capitais no Brasil tem ajudado no processo."
Perceber que todas as áreas
de administração precisam estar próximas e manter um diálogo constante foi a primeira lição -os prejuízos com derivativos não teriam sido uma surpresa tão desagradável se a área
financeira e a estratégica conversassem direito, dizem executivos. Aperfeiçoar o gerenciamento de riscos também se colocou como prioridade.
"Transparência é a palavra
que resume as novas demandas.
Por exemplo, nos EUA surgiu
com força a exigência de cortar
a remuneração de gestores, e,
aqui no país, o debate é para que
os salários sejam tornados públicos", diz Bedicks. "Assim, as
vontades dos acionistas e dos
que tomam as decisões ficam
mais bem alinhadas."
Na opinião da professora Érica Gorga, da Escola de Direito
de São Paulo, da FGV (Fundação Getulio Vargas), ainda falta
avançar na questão do conflito
de interesses dos membros do
conselho de administração e
dos minoritários. "Os conselheiros que têm relação com o
acordo de acionistas para controlar a companhia deveriam
ser impedidos de votar."
Para Bedicks, os conselhos
deveriam ter mais diversidade
tanto de gênero quanto de perfil
de profissionais. "Atualmente,
só há engenheiros que pensam
todos da mesma forma."
"Notou-se que as falhas
no campo da
governança corporativa
foram a origem dos
problemas.
Transparência é a
palavra que resume as
novas demandas"
HELOÍSA BEDICKS
diretora-executiva do IBGC
QUARTO NA COPA
A Accor Hospitality,
que reúne bandeiras como Sofitel, Mercure e
Formule 1, quer chegar
a 2014 com mais de cem
hotéis abertos no Brasil.
A meta é alcançar 21 mil
quartos com foco nas cidades que abrigarão a Copa. A empresa tem hoje 16
hotéis em construção, os
quais devem ficar prontos
até 2012, com 3.200 quartos, que envolvem R$ 380
milhões de investimentos
próprios e de parceiros.
Após essa etapa, há planos para mais 18 unidades, com 3.300 quartos e
outros R$ 360 milhões investidos, segundo Roland
de Bonadona, presidente
da Accor Hospitality para
a América Latina. A maior
parte dos investimentos
será concentrada no segmento econômico.
ALÉM DA FRONTEIRA
O grupo brasileiro Chieko Aoki, da rede de hotéis
Blue Tree, segue sua expansão rumo ao exterior.
Neste mês será inaugurada uma unidade na Argentina, a quinta da rede
fora do país. No Brasil, a
empresa entrou recentemente no segmento econômico, com a abertura
de uma unidade em SP.
Chieko Aoki, presidente
do grupo que leva seu nome, afirma que a Copa e a
Olimpíada são momentos
de oportunidade para
atrair parceiros. "Para o
meu negócio, o que importa é que onde tem investimento eu tenho que
ter hotel", diz a empresária, focada em hotelaria
de negócios. De acordo
com Aoki, atualmente há
investidores japoneses de
olho no país.
CÂMERA NA MÃO 1
O Fórum Econômico
Mundial, em parceria com o
YouTube, vai convidar os internautas a sugerir questões
que poderão ser debatidas
no próximo encontro anual
de Davos, de 27 a 31 de janeiro. O autor da melhor proposta participará do evento
e terá um painel especial. O
tema dessa edição é: "Suas
ideias para o progresso do
mundo".
CÂMERA NA MÃO 2
O escritor Paulo Coelho, o
Nobel da Paz Muhammad
Yunus e a blogueira Arianna
Huffington, entre outros, farão parte do júri que escolherá os cinco finalistas que
disputarão uma vaga para
representar a comunidade
do YouTube no encontro.
CIMENTO
A Caixa Econômica anuncia amanhã um crediário para financiar a compra de material de construção. Serão
disponibilizados R$ 5 bilhões ao setor. A contratação
será feita nas lojas conveniadas pelo banco, que atuarão
como correspondentes. O
produto será destinado a
pessoas físicas e o valor máximo do financiamento é de
R$ 10 mil por tomador.
NA TELHA 1
Élio A. Martins, presidente da Eternit, que fabrica
material de construção
-entre eles telhas à base de
amianto-, afirma que o
mercado de fibrocimento
pode sofrer muito caso o
projeto de lei 917, que altera
a proibição do amianto em
SP, não seja aprovado. Para
Martins, a qualidade das fibras alternativas ao amianto
produzidas hoje é questionável, e o custo, elevado.
NA TELHA 2
"Estimamos que 170 mil
pessoas trabalhem na cadeia
produtiva do fibrocimento
no país. Se o amianto for banido, o mercado ficará menor. Pequenas e médias empresas fecharão", diz o presidente da Eternit. Segundo
ele, o país já tem técnicas
que evitam que o produto
contamine trabalhadores.
"Eliminamos o risco. Desde
os anos 1980 não temos trabalhadores doentes."
NA TELHA 3
Favorável ao uso do
amianto, a Eternit é líder no
segmento de fibrocimento,
com 30% do mercado. A
Brasilit, que tem 23% desse
mercado e lidera na fabricação de produtos com fibras
alternativas, defende o banimento do produto.
com JOANA CUNHA e DENYSE GODOY
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