São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Empresas veem na governança saldo positivo da crise

A maior discussão acerca das boas práticas de governança corporativa faz parte do saldo positivo da crise, segundo empresários de todos os ramos.
Da mesma forma que os escândalos da Enron e da WorldCom nos EUA em 2001 levaram a um aprimoramento das normas de contabilidade, as turbulências de 2008/2009 fizeram com que gestores e autoridades deixassem de encarar a governança como um modismo. "Notou-se que as falhas nesse campo foram a origem dos problemas", destaca Heloísa Bedicks, diretora-executiva do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). "E, claro, o amadurecimento do mercado de capitais no Brasil tem ajudado no processo."
Perceber que todas as áreas de administração precisam estar próximas e manter um diálogo constante foi a primeira lição -os prejuízos com derivativos não teriam sido uma surpresa tão desagradável se a área financeira e a estratégica conversassem direito, dizem executivos. Aperfeiçoar o gerenciamento de riscos também se colocou como prioridade.
"Transparência é a palavra que resume as novas demandas. Por exemplo, nos EUA surgiu com força a exigência de cortar a remuneração de gestores, e, aqui no país, o debate é para que os salários sejam tornados públicos", diz Bedicks. "Assim, as vontades dos acionistas e dos que tomam as decisões ficam mais bem alinhadas."
Na opinião da professora Érica Gorga, da Escola de Direito de São Paulo, da FGV (Fundação Getulio Vargas), ainda falta avançar na questão do conflito de interesses dos membros do conselho de administração e dos minoritários. "Os conselheiros que têm relação com o acordo de acionistas para controlar a companhia deveriam ser impedidos de votar."
Para Bedicks, os conselhos deveriam ter mais diversidade tanto de gênero quanto de perfil de profissionais. "Atualmente, só há engenheiros que pensam todos da mesma forma."

"Notou-se que as falhas no campo da governança corporativa foram a origem dos problemas. Transparência é a palavra que resume as novas demandas"
HELOÍSA BEDICKS
diretora-executiva do IBGC

QUARTO NA COPA
A Accor Hospitality, que reúne bandeiras como Sofitel, Mercure e Formule 1, quer chegar a 2014 com mais de cem hotéis abertos no Brasil. A meta é alcançar 21 mil quartos com foco nas cidades que abrigarão a Copa. A empresa tem hoje 16 hotéis em construção, os quais devem ficar prontos até 2012, com 3.200 quartos, que envolvem R$ 380 milhões de investimentos próprios e de parceiros. Após essa etapa, há planos para mais 18 unidades, com 3.300 quartos e outros R$ 360 milhões investidos, segundo Roland de Bonadona, presidente da Accor Hospitality para a América Latina. A maior parte dos investimentos será concentrada no segmento econômico.

ALÉM DA FRONTEIRA
O grupo brasileiro Chieko Aoki, da rede de hotéis Blue Tree, segue sua expansão rumo ao exterior. Neste mês será inaugurada uma unidade na Argentina, a quinta da rede fora do país. No Brasil, a empresa entrou recentemente no segmento econômico, com a abertura de uma unidade em SP. Chieko Aoki, presidente do grupo que leva seu nome, afirma que a Copa e a Olimpíada são momentos de oportunidade para atrair parceiros. "Para o meu negócio, o que importa é que onde tem investimento eu tenho que ter hotel", diz a empresária, focada em hotelaria de negócios. De acordo com Aoki, atualmente há investidores japoneses de olho no país.

CÂMERA NA MÃO 1
O Fórum Econômico Mundial, em parceria com o YouTube, vai convidar os internautas a sugerir questões que poderão ser debatidas no próximo encontro anual de Davos, de 27 a 31 de janeiro. O autor da melhor proposta participará do evento e terá um painel especial. O tema dessa edição é: "Suas ideias para o progresso do mundo".

CÂMERA NA MÃO 2
O escritor Paulo Coelho, o Nobel da Paz Muhammad Yunus e a blogueira Arianna Huffington, entre outros, farão parte do júri que escolherá os cinco finalistas que disputarão uma vaga para representar a comunidade do YouTube no encontro.

CIMENTO
A Caixa Econômica anuncia amanhã um crediário para financiar a compra de material de construção. Serão disponibilizados R$ 5 bilhões ao setor. A contratação será feita nas lojas conveniadas pelo banco, que atuarão como correspondentes. O produto será destinado a pessoas físicas e o valor máximo do financiamento é de R$ 10 mil por tomador.

NA TELHA 1
Élio A. Martins, presidente da Eternit, que fabrica material de construção -entre eles telhas à base de amianto-, afirma que o mercado de fibrocimento pode sofrer muito caso o projeto de lei 917, que altera a proibição do amianto em SP, não seja aprovado. Para Martins, a qualidade das fibras alternativas ao amianto produzidas hoje é questionável, e o custo, elevado.

NA TELHA 2
"Estimamos que 170 mil pessoas trabalhem na cadeia produtiva do fibrocimento no país. Se o amianto for banido, o mercado ficará menor. Pequenas e médias empresas fecharão", diz o presidente da Eternit. Segundo ele, o país já tem técnicas que evitam que o produto contamine trabalhadores. "Eliminamos o risco. Desde os anos 1980 não temos trabalhadores doentes."

NA TELHA 3
Favorável ao uso do amianto, a Eternit é líder no segmento de fibrocimento, com 30% do mercado. A Brasilit, que tem 23% desse mercado e lidera na fabricação de produtos com fibras alternativas, defende o banimento do produto.

com JOANA CUNHA e DENYSE GODOY


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