São Paulo, Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2000 |
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MERCADO ACIONÁRIO Telefónica anuncia que usará US$ 21,7 bi para assumir o controle de suas operadoras latinas Espanha faz investida sobre telefonia
das agências internacionais A Telefónica, a maior companhia de telefonia da Espanha, anunciou ontem que vai investir cerca de 21 bilhões de euros (US$ 21,7 bilhões) para assumir o controle total de quatro de suas operadoras da América do Sul (duas no Brasil, uma na Argentina e outra no Peru). A empresa espanhola irá emitir novas ações, que serão trocadas por papéis das companhias sul-americanas. No Brasil, a Telefónica quer adquirir a totalidade das ações da sua operadora de telefonia fixa de São Paulo -Telesp, privatizada em 98, e hoje chamada Telefônica- e da operadora de telefonia móvel Tele Sudeste Celular (que cobre os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo). As ações das empresas brasileiras serão trocadas por BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da Telefónica. Ou seja, quem tiver interesse poderá trocar a sociedade em duas telefônicas de atuação regional por papéis de um grupo que explora telefonia, Internet, TV a cabo e edita listas telefônicas em vários países do mundo. A Telefónica será a primeira empresa multinacional a ter suas ações negociadas no mercado brasileiro. A empresa diz que pagará prêmio de 40% sobre o preço médio dos papéis nos últimos cinco pregões. Ontem, a ação da Telesp fechou cotada a R$ 51,00 e a da Tele Sudeste Celular, a R$ 16,71. O plano da Telefónica inclui também a aquisição das ações de suas subsidiárias de telefonia móvel da Argentina e do Peru. Os mercados acionários de toda a América Latina reagiram positivamente ao anúncio (leia abaixo). "A operação só confirma a confiança que a Telefónica deposita na economia da América Latina, e em especial a do Brasil", disse Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telefônica no Brasil. A ampliação do capital da Telefónica depende ainda da aprovação do seu conselho de acionistas, que se reúne no próximo dia 4 de fevereiro. O plano envolverá a emissão de 922 milhões de ações e significará um aumento de capital de cerca de 20%. A Telefónica passará a valer, no mercado, cerca de US$ 92,5 bilhões. O conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) José Leite Pereira Filho afirmou que a legislação não impede a Telefónica de comprar as ações dos sócios nas empresas de telefonia em que detém o controle. "Não haverá mudança no controle acionário. O controlador está apenas fortalecendo a sua posição", disse ele. A idéia de que a troca de ações possa ser um primeiro passo para o fechamento do capital da Telefónica no Brasil, aventada ontem por alguns analistas de mercado, não tem fundamento, na opinião do advogado Maurício Teixeira dos Santos, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, que participou da montagem da operação. "A companhia está obrigada, por edital, a não fechar o capital das empresas que comprou do setor público", disse Santos. A Telefónica fará um processo de reestruturação que inclui a criação de dois novos negócios globais, a Telefónica Móviles e a Telefónica Data. Desaparecerá a Telefónica Internacional. A Telefónica Móviles, que agrupará todas as suas operadoras de telefonia celular, será a sexta maior do setor no mundo, com cerca de 14 milhões de clientes. A Telefónica Data será a segunda maior do mundo na área. Após o anúncio, as ações da Telefónica subiram 15% na Bolsa de Madri, o máximo permitido pelo mercado espanhol. A Telefónica encerrou o pregão com valorização de 6%. O mercado especula agora que, com o plano, a Telefónica se tornará um alvo potencial de ofertas de compra por parte de outras companhias do setor. E também uma provável compradora de empresas rivais. "Esse é provavelmente o nosso mais importante acordo desde que a Telefónica existe", afirmou o chairman da companhia, Juan Villalonga. "Estamos fazendo duas coisas: mantendo a segregação dos nossos negócios e aumentando nosso tamanho, o que nos abre novas oportunidades." Villalonga disse também que a Telefónica pretende estender seus negócios no mercado norte-americano e pode ter em breve novidades para anunciar. As operações de compra das ações das quatro operadoras da América Latina estarão concluídas até abril, segundo previsões da companhia espanhola. A operadora da Telefónica no Chile, a CTC, não foi incluída no plano devido a impedimentos da legislação do país. A companhia espanhola não descarta, porém, a possibilidade de aquisição total da CTC caso ocorram mudanças na legislação chilena. Com Reportagem Local e Sucursal de Brasília Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: A presença da Telefónica na América Latina Índice |
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