São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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NEGÓCIO

Com a aquisição anunciada ontem, banco amplia vantagem sobre principal concorrente, o Itaú, no quesito ativos

Bradesco compra BBV por R$ 2,63 bilhões

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco acaba de concluir seu passo mais agressivo na defesa da sua posição de maior banco privado do país. Comprou o espanhol BBV Banco por R$ 2,630 bilhões. Foi a maior aquisição já feita pelo banco que, com isso, voltou a abrir larga vantagem sobre o Itaú, seu principal concorrente.
A Folha apurou que, tanto em termos do valor desembolsado, quanto em relação ao número de clientes (1,3 milhão) e agências (438) adquiridos, essa foi a maior compra já feita pelo Bradesco.
Depois do negócio, concluído durante a madrugada do último sábado na Espanha, o Bradesco garante a liderança no ranking de bancos privados com R$ 156,9 bilhões de ativos. A distância em relação ao Itaú-que, com as recentes aquisições dos bancos BBA e Fiat, deve atingir R$ 123,3 bilhões de ativos- dobrou, passando de R$ 16,8 bilhões para R$ 33,6 bilhões de ativos. Além disso, com a aquisição, a rede de agências do Bradesco passa a do Banco do Brasil -3.366 contra 3.140.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, negou que a principal motivação para a compra tenha sido o recente avanço do Itaú no mercado interno. Segundo ele, a grande rede de 1,3 milhão de clientes do BBV no Brasil e a pequena sobreposição dessa carteira em relação à do Bradesco influenciaram bastante no negócio.
"O que visamos com essa compra são os ganhos para os acionistas. O banco vai ter um ganho de escala muito grande com esse negócio", disse Cypriano.
Segundo o presidente do Bradesco, apesar da pequena sobreposição da carteira de clientes, algumas agências poderão ser fechadas. "Mas a maior parte das agências será mantida", afirmou.
A agência do BBV em Bahamas, que também fez parte do negócio, também poderá ser vendida.

Preço atrativo
O preço de R$ 2,630 bilhões também foi citado por Cypriano como "atrativo". Esse valor representa um ágio de 7,3% em relação ao patrimônio líquido do BBV que era-segundo estimativa do Bradesco-de R$ 2,450 bilhões em 31 de dezembro de 2002.
O estreito contato do BBV com empresas espanholas também contribuiu para o interesse do Bradesco.
Do montante total do negócio, R$ 2 bilhões serão pagos ao espanhol BBVA (Banco Bilbao Vizcaya Argentaria), controlador do BBV Banco no Brasil, em dinheiro, a partir de abril. Esses recursos serão desembolsados em reais e sairão do caixa do Bradesco.
Os R$ 630 milhões restantes serão transferidos ao BBVA sob a forma de participação em ações ordinárias e preferenciais-equivalentes a 4,5% do capital social-do Bradesco.
Essa transação será feita da seguinte forma: o Bradesco fará uma emissão de ações que serão subscritas pelo BBVA. Em outras palavras, haverá um aumento de capital e diluição da participação dos acionistas minoritários.
Depois disso, o BBV passará a ser uma subsidiária integral do Bradesco. A marca BBV Banco continuará existindo apenas por seis meses e, depois disso, desaparecerá.
A transferência de ações do Bradesco para o BBVA será uma forma de a instituição espanhola manter uma pequena presença no mercado brasileiro.
No entanto, segundo Luiz Carlos Trabuco, vice-presidente do Bradesco, está descartada a hipótese de o BBVA aumentar sua participação de 4,5% no Bradesco.
"Não se cogita um aumento de participação do BBVA no Bradesco", afirmou Trabuco.
O negócio prevê também que o BBVA poderá nomear um membro do Conselho de Administração do Bradesco. Uma participação de 4,5% não garantiria esse direito, mas, segundo Trabuco, o Bradesco decidiu "por livre arbítrio" conceder o assento no Conselho de Administração ao BBVA.
"Tomamos essa decisão em consideração ao tamanho do BBV no mundo", disse.
O banco Espírito Santo foi o consultor financeiro do Bradesco na negociação com o BBV, que foi concluída em um mês.


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