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NEGÓCIO
Com a aquisição anunciada ontem, banco amplia vantagem sobre principal concorrente, o Itaú, no quesito ativos
Bradesco compra BBV por R$ 2,63 bilhões
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Bradesco acaba de concluir
seu passo mais agressivo na defesa da sua posição de maior banco
privado do país. Comprou o espanhol BBV Banco por R$ 2,630 bilhões. Foi a maior aquisição já feita pelo banco que, com isso, voltou a abrir larga vantagem sobre o
Itaú, seu principal concorrente.
A Folha apurou que, tanto em
termos do valor desembolsado,
quanto em relação ao número de
clientes (1,3 milhão) e agências
(438) adquiridos, essa foi a maior
compra já feita pelo Bradesco.
Depois do negócio, concluído
durante a madrugada do último
sábado na Espanha, o Bradesco
garante a liderança no ranking de
bancos privados com R$ 156,9 bilhões de ativos. A distância em relação ao Itaú-que, com as recentes aquisições dos bancos BBA e
Fiat, deve atingir R$ 123,3 bilhões
de ativos- dobrou, passando de
R$ 16,8 bilhões para R$ 33,6 bilhões de ativos. Além disso, com a
aquisição, a rede de agências do
Bradesco passa a do Banco do
Brasil -3.366 contra 3.140.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, negou que a principal motivação para a compra tenha sido o recente avanço do Itaú
no mercado interno. Segundo ele,
a grande rede de 1,3 milhão de
clientes do BBV no Brasil e a pequena sobreposição dessa carteira em relação à do Bradesco influenciaram bastante no negócio.
"O que visamos com essa compra são os ganhos para os acionistas. O banco vai ter um ganho de
escala muito grande com esse negócio", disse Cypriano.
Segundo o presidente do Bradesco, apesar da pequena sobreposição da carteira de clientes, algumas agências poderão ser fechadas. "Mas a maior parte das
agências será mantida", afirmou.
A agência do BBV em Bahamas,
que também fez parte do negócio,
também poderá ser vendida.
Preço atrativo
O preço de R$ 2,630 bilhões
também foi citado por Cypriano
como "atrativo". Esse valor representa um ágio de 7,3% em relação
ao patrimônio líquido do BBV
que era-segundo estimativa do
Bradesco-de R$ 2,450 bilhões
em 31 de dezembro de 2002.
O estreito contato do BBV com
empresas espanholas também
contribuiu para o interesse do
Bradesco.
Do montante total do negócio,
R$ 2 bilhões serão pagos ao espanhol BBVA (Banco Bilbao Vizcaya Argentaria), controlador do
BBV Banco no Brasil, em dinheiro, a partir de abril. Esses recursos
serão desembolsados em reais e
sairão do caixa do Bradesco.
Os R$ 630 milhões restantes serão transferidos ao BBVA sob a
forma de participação em ações
ordinárias e preferenciais-equivalentes a 4,5% do capital social-do Bradesco.
Essa transação será feita da seguinte forma: o Bradesco fará
uma emissão de ações que serão
subscritas pelo BBVA. Em outras
palavras, haverá um aumento de
capital e diluição da participação
dos acionistas minoritários.
Depois disso, o BBV passará a
ser uma subsidiária integral do
Bradesco. A marca BBV Banco
continuará existindo apenas por
seis meses e, depois disso, desaparecerá.
A transferência de ações do Bradesco para o BBVA será uma forma de a instituição espanhola
manter uma pequena presença
no mercado brasileiro.
No entanto, segundo Luiz Carlos Trabuco, vice-presidente do
Bradesco, está descartada a hipótese de o BBVA aumentar sua participação de 4,5% no Bradesco.
"Não se cogita um aumento de
participação do BBVA no Bradesco", afirmou Trabuco.
O negócio prevê também que o
BBVA poderá nomear um membro do Conselho de Administração do Bradesco. Uma participação de 4,5% não garantiria esse
direito, mas, segundo Trabuco, o
Bradesco decidiu "por livre arbítrio" conceder o assento no Conselho de Administração ao BBVA.
"Tomamos essa decisão em
consideração ao tamanho do BBV
no mundo", disse.
O banco Espírito Santo foi o
consultor financeiro do Bradesco
na negociação com o BBV, que foi
concluída em um mês.
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