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MERCADO FINANCEIRO
Volume é recorde; papéis atrelados às taxas de juros são a principal modalidade de investimento
Patrimônio de fundos ultrapassa R$ 500 bi
FABRICIO VIEIRA
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Após recuperar o rombo sofrido
em 2002, os fundos de investimento continuam a receber recursos. O patrimônio líquido de
toda a indústria de fundos atingiu
R$ 503,8 bilhões, volume nunca
alcançado antes.
Somente até o dia 7 de janeiro
de 2004, as aplicações nos fundos
de investimentos superaram os
resgates em R$ 4,5 bilhões. Com
isso, a média diária de captação líquida dos fundos (diferença entre
o dinheiro que entra e o que sai
das aplicações) neste mês está em
R$ 643,2 milhões. Em 2003, a média diária em janeiro ficou em R$
292,8 milhões. Os dados são da
Anbid (Associação Nacional dos
Bancos de Investimento).
Apesar de a Bolsa continuar sua
trajetória de alta neste ano, os fundos de ações ainda não estão entre
os que mais atraem recursos no
mercado. As aplicações nesses
fundos foram superiores aos resgates em apenas R$ 231,8 milhões
no ano. O campeão de captação
em 2004 são os fundos de renda fixa (atrelados ao comportamento
dos juros), com R$ 3,1 bilhões.
Em 2003, os fundos de renda fixa deram retorno médio de
23,5%, enquanto a Bovespa subiu
97,3% e a caderneta de poupança
deu ganho de 11,1%. A inflação de
2003 foi de 8,18%, segundo o IPC
(Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas).
A queda na taxa básica de juros
(hoje em 16,5% ao ano) deve afetar um pouco a rentabilidade da
renda fixa. Quanto mais cai a taxa
básica (Selic), menor tende a ser o
retorno dos fundos. Mas essa aplicação deve continuar pagando
mais que a poupança, cujo retorno é a TR (Taxa de Referência) e
mais 0,5% ao mês. E não oferece
os riscos da Bolsa e do mercado de
câmbio, que são mais voláteis.
Os fundos de renda fixa e DI
(que, juntos, respondem por quase 60% do patrimônio total da indústria) são compostos basicamente por títulos públicos. Há
dois tipos de papéis: pós-fixados
(acompanham a variação dos juros de mercado) e os prefixados
(cuja taxa é decidida de antemão).
Para Dany Rappaport, sócio-diretor da Tática Asset Management, além de o investidor doméstico ainda ter receio de aplicar
em ações, os gerentes de bancos
não vendem bem o produto. "O
temor é que as ações caiam, o fundo dê rentabilidade baixa ou negativa e a imagem da instituição
fique ruim com o cliente", avalia.
Parte do dinheiro que tem entrado nos fundos vem da caderneta de poupança, que teve no ano
passado captação líquida negativa
de R$ 9,987 bilhões, segundo dados do Banco Central.
Analistas e consultores do mercado financeiro afirmam que recursos também vieram de CDBs
(Certificados de Depósito Bancário) e de investidores que tinham
comprado dólares após a disparada da moeda em 2002. "Quem tinha recursos em CDBs, dólares
ou havia investido em ativos como imóveis tem migrado para
fundos de investimentos, especialmente os de renda fixa", diz o
consultor Fábio Colombo.
A expectativa dos analistas é
que sigam entrando recursos nos
fundos de investimentos daqui
para frente. Para Eduardo Penido,
diretor do Opportunity Asset Management, são os fundos multimercados (que podem aplicar em
diferentes segmentos) que devem
se tornar a coqueluche do mercado nos próximos meses.
Queda e ascensão
O cenário para os fundos de investimentos mudou bastante de
2002 para cá. A indústria de fundos encerrou a "era FHC" com
um tombo nunca antes registrado: os saques superaram as aplicações em R$ 60 bilhões em 2002.
Esse rombo teve início em maio
daquele ano, quando o governo
alterou as regras de contabilização dos papéis que compõem
suas carteiras, adotando a chamada "marcação a mercado".
Com a marcação, os gestores tiveram de reconhecer diariamente
as oscilações de preço dos papéis,
computando as valorizações ou
desvalorizações no resultado do
fundo. Com a perspectiva de perda de rentabilidade nos fundos DI
e de renda fixa, os investidores sacaram seus recursos.
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