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Medida não é consenso no governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Retirar os investimentos das estatais da conta de superávit primário, ou seja, não classificá-los
como despesas, não é um tema de
consenso dentro do governo.
De um lado, estão aqueles que
defendem a medida por entender
que isso ajudaria o país a crescer e
as empresas públicas a serem
mais eficientes. Nesse grupo estão
o ministro do Planejamento, Guido Mantega, e o presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa.
No final de 2003, Pinguelli Rosa
disse à Folha que, caso a regra
mudasse, a empresa teria R$ 1 bilhão a mais para investir, além
dos R$ 3,5 bilhões já previstos.
No lado oposto estão o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
seus assessores. Eles entendem
que deixar as estatais gastarem
mais agora é empurrar uma conta
para ser paga no futuro. Na avaliação da Fazenda, seriam pouquíssimas as empresas públicas
que poderiam ter seus casos analisados para receber o mesmo tratamento que a Petrobras.
No encontro anual do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
de 2003, Palocci deixou bem clara
a posição da Fazenda. "Nossa
prioridade não é criar critérios
novos de contabilidade; é melhorar as contas, e não as formas como os números são apurados,
porque [senão] nós vamos estar
enganando o público num primeiro momento, a nós mesmos
num segundo, e vamos ter a conta
na nossa mesa no terceiro momento", disse ele na ocasião.
Os investimentos das estatais
hoje são considerados simplesmente como gastos, o que contribui para o déficit público. A única
exceção são os investimentos da
Petrobras, que ficam fora dessa
conta, mas de forma restrita.
Pela fórmula que consta do
acordo com o Fundo, poderá ser
descontado da meta de superávit
somente o que exceder a previsão
de investimentos da companhia
petrolífera para o ano corrente.
Se as estatais tivessem o mesmo
tratamento da empresa petrolífera, certamente iriam gastar mais,
o que forçaria o governo central
(União e Previdência Social) a ter
de economizar ainda mais recursos para poder cumprir a meta de
superávit primário.
Segundo a Folha apurou no final ano passado, a única empresa
que teria perfil semelhante ao da
Petrobras -no caso específico
dos investimentos-, na avaliação do governo, seria a Eletrobrás.
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