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Em ano de expansão, rentabilidade de pequena empresa patina
Enquanto as grandes têm acesso a mercado de capitais, as menores sofrem com crédito mais caro e escasso e a concorrência dos produtos importados
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do crescimento da
economia no ano passado, as
pequenas e médias empresas,
ao contrário das grandes, tiveram uma rentabilidade menor
no primeiro semestre de 2007
do que no mesmo período de
2006, mostra estudo realizado
pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pela Serasa com dados de
10.000 empresas.
Segundo a federação, para
cada R$ 1 milhão investido para
aumentar capacidade de produção, são criados 22 empregos
nas pequenas e médias empresas e apenas cinco nas grandes.
As empresas de menor porte
vêm sendo prejudicadas pela
concorrência com importados
-as compras de produtos de
outros países vêm crescendo
por conta da valorização do real
diante da moeda americana, de
16,85% em 2007.
Além disso, apesar do crédito
mais abundante na economia,
os financiamentos ainda são
caros e escassos para as pequenas e médias, e as grandes empresas têm outras opções, como o mercado de capitais, lançando ações nas Bolsas.
O estudo da Fiesp mostra
que a rentabilidade dessas empresas (no levantamento foram
consideradas pequenas e médias aquelas que têm faturamento anual de até R$ 50 milhões) foi de 6% nos primeiros
seis meses de 2007, ante 6,3%
no mesmo período de 2006.
Das 10.000 empresas cujos dados foram utilizadas no estudo,
80% são pequenas e médias.
Grandes x pequenas
É a terceira queda consecutiva na comparação dos primeiros semestres. Já a rentabilidade das grandes, que também vinha caindo, se recuperou: ficou
em 9,7% nos primeiros seis meses do ano passado, uma alta de
2,6 pontos percentuais ante o
mesmo período de 2006.
A rentabilidade das grandes
empresas analisadas no estudo
foi superior a de aplicações financeiras mais conservadoras,
como renda fixa (cuja remuneração foi de 5,5% no primeiro
semestre) e fundos referenciados DI (com 5,1% no período).
"As pequenas empresas estão sofrendo uma concorrência
muito grande, principalmente
dos manufaturados importados", afirma José Ricardo Roriz
Coelho, diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da federação.
O estudo mostra que o saldo
de receitas financeiras e despesas financeiras das pequenas e
médias empresas analisadas foi
negativo: as despesas financeiras representaram no primeiro
semestre do ano passado 95,1%
do seu lucro líquido, enquanto
as receitas financeiras representaram 31,7% do lucro líquido. Para as grandes empresas,
as despesas financeiras representaram 51,9% do lucro.
O economista Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, consultor
do Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial) e ex-secretário de Política Econômica da Fazenda,
aponta também que as despesas financeiras das pequenas e
médias são maiores.
"Os juros estão caindo no
Brasil mas ainda são muito altos, e caem muito mais para as
grandes empresas. Além disso
as grandes empresas tiveram
uma capitalização muito forte
via Bolsa de Valores e através
da sua própria operação, o que
permitiu que não pagassem
tanto juros mais altos", analisou o consultor do Iedi.
Ele aponta ainda que o dólar
desvalorizado em relação ao
real levou muitas empresas de
maior porte a compensarem
esse processo com aplicações
no mercado financeiro. "São
mecanismos sofisticados e caros, aos quais as pequenas não
têm acesso", disse.
Na análise do consultor, no
primeiro semestre deste ano
segmentos em que as pequenas
e médias são tradicionalmente
fortes, como vestuários, calçados e produtos de metal (excluindo máquinas e equipamentos), entre outros, não tiveram desempenho tão bom.
"No primeiro trimestre do
ano passado o crescimento não
foi tão grande e ficou concentrado em certos setores, como
indústria automobilística,
computadores e siderurgia, entre outros, onde a participação
de empresas de menor porte é
relativamente pequena", disse.
Para Roriz, o desempenho
mais fraco das pequenas se reflete na geração de empregos.
"Para piorar a situação, a indústria de manufaturas, que é a
mais afetada, é a que mais emprega", diz o executivo.
Perspectivas
Para Almeida, do Iedi, os dados referentes ao segundo semestre de 2007 devem mostrar
uma rentabilidade melhor para
as pequenas e médias empresas. "Tenho a impressão que o
primeiro trimestre de 2007 não
foi bom para a economia, e foi
concentrado em alguns setores
da indústria", afirmou.
Segundo ele, os últimos meses do ano mostraram uma "generalização" maior do crescimento econômico do país, ou seja, o crescimento se deu em
mais setores da indústria. "Por
conta disso, talvez o resultado
seja um pouco melhor para as
pequenas e médias empresas."
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