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O SUBSTITUTO
Francisco Lopes, que assume o BC, diz que mudanças
permitem redução de taxa sem risco de fuga de capital
Juro pode cair 4 pontos em 99
da Sucursal de Brasília
A mudança na política cambial
permite ao governo reduzir os juros sem provocar nova fuga de recursos estrangeiros. Sem citar de
quanto poderá ser a queda, o futuro presidente do Banco Central,
Francisco Lopes, disse que há um
potencial de redução de cerca de
quatro pontos percentuais.
O cálculo de Lopes leva em conta
que a desvalorização cambial em
1999 deverá ficar abaixo de 3%
com as mudanças. Se nada tivesse
sido alterado, haveria uma desvalorização de cerca de 7,5% ao longo deste ano. A diferença entre os
dois indicadores é o potencial de
redução dos juros básicos em 99.
"A motivação da política cambial
é flexibilizar a política monetária,
dar mais liberdade para a redução
dos juros", afirmou. Hoje, os juros
pagos pelo governo para rolar seus
títulos estão em 29% ao ano. A redução dos juros depende ainda da
aprovação do ajuste fiscal e da melhora na credibilidade do país.
Lopes disse que a redução das taxas de juros fica "potencialmente"
facilitada pela mudança na política
cambial. Mas, segundo ele, essa
potencialidade só será transformada em realidade com a aprovação
do ajuste fiscal proposto pelo governo e que ainda está sendo examinado pelo Congresso Nacional.
Questionado sobre a intensidade
da redução dos juros, Lopes disse
que tudo será feito de forma conservadora. O Copom (Comitê de
Política Monetária) não pode se
comprometer com uma trajetória
de taxa de juros, disse. A próxima
reunião do Copom está marcada
para o próximo dia 27 de janeiro.
Ao falar sobre medidas provisórias do ajuste que seriam votadas
ontem no Congresso, Lopes afirmou que "certamente a aprovação
melhorará os fundamentos da economia e permitirá ao Copom uma
maior ousadia ao definir as taxas
de juros na sua próxima reunião".
A redução das taxas de juros já
foi reivindicada a FHC por empresários. A queda também foi uma
das exigências feitas pelos 16 governadores e dois vice-governadores aliados do governo federal que
se reuniram nesta semana em São
Luís (MA). Ao reduzir juros, o governo incentiva o setor produtivo.
Lopes afirmou que a redução dos
juros diminuirá o custo de rolagem dos títulos públicos federais.
A elevação das taxas foi a primeira
medida adotada pelo governo como resposta ao agravamento, no
ano passado, da crise financeira
iniciada nos países do Sudeste
Asiático e que atingiu o mundo.
Com o aumento dos juros, o governo esperava manter no país o
capital externo aplicado no Brasil.
Afinal, o dinheiro do investidor estrangeiro é importante para ajudar
o país a cobrir seu déficit nas contas externas. Ao mesmo tempo,
porém, essa medida elevou os gastos com juros da dívida pública.
Se a crise persistir, o governo poderá voltar a elevar juros. "Temos
reservas de quase US$ 45 bilhões
hoje. Estaremos dispostos a usar as
reservas e, se for necessário, usaremos também as taxas de juros para
defender a estabilidade da moeda", disse Lopes, acrescentado que
nada muda na política econômica.
"Acreditamos que preservar a estabilidade é o melhor caminho para desenvolver o país", afirmou.
Por isso, a redução dos juros deverá ser feita com base em fatos, disse. Nesse cenário, a aprovação das
medidas do programa de ajuste
fiscal é fundamental.
Lopes também cobrou a aprovação da prorrogação da CPMF o
mais rápido possível.
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