São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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PREÇOS

Resultado de janeiro fica dentro das previsões; IBGE vê aumentos sazonais

IPCA vai a 0,76% com altas pontuais

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), começou o ano com aceleração. O índice atingiu 0,76% em janeiro após subir 0,52% em dezembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado, entretanto, ficou dentro das previsões do mercado, em torno de 0,75%.
O IPCA é usado pelo Banco Central no regime de metas de inflação e norteia a política de juros. A meta para 2004 é de 5,5%, com tolerância de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
Para a gerente da coordenação de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, houve altas localizadas nos alimentos, tarifa de energia e automóveis. "Os principais impactos foram pontuais. Não foi um movimento generalizado", disse.
Ela destacou ainda que o indicador da inflação acumulada nos últimos 12 meses diminuiu para 7,71% e voltou ao patamar pré-crise cambial. Desde outubro de 2002, o IPCA acumulava taxas superiores a 8%. "Analisando os últimos 12 meses, o IPCA volta aos níveis de 2002. Os resultados influenciados pelo dólar ficaram para trás."
Os alimentos exerceram a maior pressão nos preços, com alta de 0,88%. As chuvas fortes no mês passado afetaram alguns produtos agrícolas como o feijão (10,74%) e o tomate (25,8%). "Os produtos mais sensíveis a problemas climáticos apresentaram as maiores altas. Não se trata de uma alta generalizada", disse a técnica do IBGE. Outros produtos alimentícios até seguraram a inflação, como o açúcar refinado, com deflação de 7,58%.
Os gastos com energia elétrica também pesaram no bolso do consumidor no mês passado. A tarifa subiu 2,19% devido a aumentos em 5 das 11 áreas pesquisadas pelo IBGE e foi o item que mais contribuiu para a inflação isoladamente, com 0,10 ponto percentual na variação do IPCA.
Já os automóveis foram afetados pelo aumento do preço do aço. Os carros novos subiram 1,62%. Os usados, 1,26%.
Para o coordenador do grupo de conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ, Francisco Eduardo Pires de Souza, o resultado de janeiro não é uma razão para o BC interromper a queda dos juros, apesar da meta rígida. Para Souza, não há pressões vindas da demanda ou do câmbio, mas a meta de inflação é apertada. "Os preços estão subindo por conta dos preços administrados e dos tributos, mas, se o BC quiser atingir o centro da meta a ferro e fogo, vai ter que interromper o processo de queda dos juros e isso vai afetar a atividade econômica."
A previsão do economista Alexsandro Barbosa, da consultoria Global Invest, é de mais uma manutenção dos juros em 16,5% ao ano neste mês. "O BC foi muito alarmista ao explicar a manutenção dos juros em janeiro. Seria uma contradição, agora que a inflação foi maior que a de dezembro, o BC baixar os juros. Se os juros caírem, o BC está rasgando a ata", afirmou.
Barbosa, entretanto, avalia haver espaço para um corte nos juros em fevereiro, assim como havia no mês passado. "Poderíamos estar com uma taxa de 15%. Essa inflação não é permanente", disse.
O economista Eduardo Rezende, da gestora de recursos Mellon Global Investments, diz que "se é para cumprir a meta, o BC foi correto em manter os juros no mesmo patamar em janeiro e deve manter a taxa em fevereiro".


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