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PREÇOS
Resultado de janeiro fica dentro das previsões; IBGE vê aumentos sazonais
IPCA vai a 0,76% com altas pontuais
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação, medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), começou o ano com aceleração. O índice atingiu 0,76%
em janeiro após subir 0,52% em
dezembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado, entretanto,
ficou dentro das previsões do
mercado, em torno de 0,75%.
O IPCA é usado pelo Banco
Central no regime de metas de inflação e norteia a política de juros.
A meta para 2004 é de 5,5%, com
tolerância de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
Para a gerente da coordenação
de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, houve altas localizadas nos alimentos, tarifa de energia e automóveis. "Os
principais impactos foram pontuais. Não foi um movimento generalizado", disse.
Ela destacou ainda que o indicador da inflação acumulada nos últimos 12 meses diminuiu para
7,71% e voltou ao patamar pré-crise cambial. Desde outubro de
2002, o IPCA acumulava taxas superiores a 8%. "Analisando os últimos 12 meses, o IPCA volta aos
níveis de 2002. Os resultados influenciados pelo dólar ficaram
para trás."
Os alimentos exerceram a
maior pressão nos preços, com alta de 0,88%. As chuvas fortes no
mês passado afetaram alguns
produtos agrícolas como o feijão
(10,74%) e o tomate (25,8%). "Os
produtos mais sensíveis a problemas climáticos apresentaram as
maiores altas. Não se trata de uma
alta generalizada", disse a técnica
do IBGE. Outros produtos alimentícios até seguraram a inflação, como o açúcar refinado, com
deflação de 7,58%.
Os gastos com energia elétrica
também pesaram no bolso do
consumidor no mês passado. A
tarifa subiu 2,19% devido a aumentos em 5 das 11 áreas pesquisadas pelo IBGE e foi o item que
mais contribuiu para a inflação
isoladamente, com 0,10 ponto
percentual na variação do IPCA.
Já os automóveis foram afetados pelo aumento do preço do
aço. Os carros novos subiram
1,62%. Os usados, 1,26%.
Para o coordenador do grupo
de conjuntura do Instituto de
Economia da UFRJ, Francisco
Eduardo Pires de Souza, o resultado de janeiro não é uma razão para o BC interromper a queda dos
juros, apesar da meta rígida. Para
Souza, não há pressões vindas da
demanda ou do câmbio, mas a
meta de inflação é apertada. "Os
preços estão subindo por conta
dos preços administrados e dos
tributos, mas, se o BC quiser atingir o centro da meta a ferro e fogo,
vai ter que interromper o processo de queda dos juros e isso vai
afetar a atividade econômica."
A previsão do economista Alexsandro Barbosa, da consultoria
Global Invest, é de mais uma manutenção dos juros em 16,5% ao
ano neste mês. "O BC foi muito
alarmista ao explicar a manutenção dos juros em janeiro. Seria
uma contradição, agora que a inflação foi maior que a de dezembro, o BC baixar os juros. Se os juros caírem, o BC está rasgando a
ata", afirmou.
Barbosa, entretanto, avalia haver espaço para um corte nos juros em fevereiro, assim como havia no mês passado. "Poderíamos
estar com uma taxa de 15%. Essa
inflação não é permanente", disse.
O economista Eduardo Rezende, da gestora de recursos Mellon
Global Investments, diz que "se é
para cumprir a meta, o BC foi correto em manter os juros no mesmo patamar em janeiro e deve
manter a taxa em fevereiro".
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