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ANO DO DRAGÃO
Aumento menor do índice da Fipe eleva humor do mercado, que já acredita que o BC não vá mexer na Selic
Inflação cai, pára dólar e sinaliza juro estável
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Uma virada no humor dos investidores produziu ontem quedas acentuadas nas cotações do
dólar e do risco-país e valorização
da Bolsa de Valores de São Paulo.
Além disso, o mercado já não
acredita que o Banco Central irá
aumentar a taxa básica de juros
(Selic), que hoje está em 26,5% ao
ano, na próxima reunião do Copom, na semana que vem.
A maior parte do bom humor
do mercado veio da recuperação
das Bolsas internacionais e da divulgação de queda do índice de
inflação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O
índice já estava apontando um
movimento cadente, só que a taxa
divulgada ontem deu maior impulso a essa tendência de baixa.
A forte pressão inflacionária do
final de 2002 e do início de 2003
está chegando ao fim, conforme
avaliação da Fipe. Os preços já estão com variações próximas de
zero no chamado índice ponta a
ponta. Segundo esse índice, os
preços médios da primeira semana deste mês subiram apenas
0,1% em relação à média da primeira de fevereiro.
Heron do Carmo, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, alerta que esse índice
é muito volátil e pode não permanecer tão baixo nas próximas semanas, mas revela a desaceleração da tendência inflacionária.
O índice quadrissemanal da Fipe, divulgado semanalmente e
que compara os preços médios de
30 dias em relação aos 30 imediatamente anteriores, também
mostrou forte queda neste início
de mês.
Os preços médios da primeira
quadrissemana de março -a
pesquisa terminou no dia 7- registraram alta de 1,2% em relação
ao período imediatamente anterior. Essa taxa é a menor desde
outubro. Em fevereiro, o aumento
tinha sido de 1,61%.
A perda de ritmo dos aumentos
aparece também no chamado
"núcleo da inflação", composto
por produtos industrializados
(exceto gasolina e vestuário) e por
serviços privados. No final de dezembro, o núcleo mostrava aumento médio de 3%. Em janeiro,
a taxa recuou para 1,84%; em fevereiro, para 1,20%. Na primeira
semana de março, está em 1%, de
acordo com a Fipe.
Previsão menor
A forte desaceleração da taxa de
inflação neste início de mês fez a
Fipe rever a previsão de março de
0,80% para 0,60%. Heron crê nessa redução porque as quedas tidas
como certas -a dos hortifrútis,
por exemplo- ainda não ocorreram. Por ora, a redução da taxa se
deve à queda na participação de
transportes e à pressão menor dos
itens do núcleo da inflação.
Heron diz que os hortifrútis,
que subiram 9,4% em fevereiro,
ainda mantêm pressão elevada
neste início de mês, quando a alta
foi de 8,7%. Até o final do mês essa pressão será bem menor.
O economista da Fipe diz que a
queda nos preços ocorreu em todos os grandes grupos pesquisados (habitação, alimentos, vestuário etc.).
A exceção fica para os produtos
industrializados, em que as indústrias têm poder de definir preços e quantidade a ser ofertada no
mercado. É o caso dos artigos de
limpeza e de higiene, que mantêm
tendência de alta -subiram 2,2%
e 3,4% no período.
Meta
Apesar da redução da inflação,
Heron diz que a meta de 8,5% para o IPCA não deverá ser atingida
neste ano. Um bom sinal, segundo ele, é que a inflação vai convergir para essa taxa, que será atingida por volta de março de 2004.
O comportamento da taxa de
inflação da Fipe neste ano deverá
ser o seguinte: 3,84% no primeiro
bimestre; 2% de março a junho;
1,5% a 2% de julho a agosto e mais
2% de setembro a dezembro. Fecha o ano próximo de 9%, diz o
economista.
A inflação está em queda, mas o
importante é saber onde é o ponto
de resistência, diz Heron. Ele
acredita que, após esse período de
forte pressão, as taxas mensais deverão ficar próximas de 0,5%, excetuando-se os meses que já têm
aumentos garantidos, como o da
energia elétrica, no início do segundo semestre. Só este serviço
público poderá gerar inflação
próxima de 1%, segundo o economista da Fipe.
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