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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Aumento menor do índice da Fipe eleva humor do mercado, que já acredita que o BC não vá mexer na Selic

Inflação cai, pára dólar e sinaliza juro estável

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Uma virada no humor dos investidores produziu ontem quedas acentuadas nas cotações do dólar e do risco-país e valorização da Bolsa de Valores de São Paulo. Além disso, o mercado já não acredita que o Banco Central irá aumentar a taxa básica de juros (Selic), que hoje está em 26,5% ao ano, na próxima reunião do Copom, na semana que vem.
A maior parte do bom humor do mercado veio da recuperação das Bolsas internacionais e da divulgação de queda do índice de inflação da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O índice já estava apontando um movimento cadente, só que a taxa divulgada ontem deu maior impulso a essa tendência de baixa.
A forte pressão inflacionária do final de 2002 e do início de 2003 está chegando ao fim, conforme avaliação da Fipe. Os preços já estão com variações próximas de zero no chamado índice ponta a ponta. Segundo esse índice, os preços médios da primeira semana deste mês subiram apenas 0,1% em relação à média da primeira de fevereiro.
Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, alerta que esse índice é muito volátil e pode não permanecer tão baixo nas próximas semanas, mas revela a desaceleração da tendência inflacionária.
O índice quadrissemanal da Fipe, divulgado semanalmente e que compara os preços médios de 30 dias em relação aos 30 imediatamente anteriores, também mostrou forte queda neste início de mês.
Os preços médios da primeira quadrissemana de março -a pesquisa terminou no dia 7- registraram alta de 1,2% em relação ao período imediatamente anterior. Essa taxa é a menor desde outubro. Em fevereiro, o aumento tinha sido de 1,61%.
A perda de ritmo dos aumentos aparece também no chamado "núcleo da inflação", composto por produtos industrializados (exceto gasolina e vestuário) e por serviços privados. No final de dezembro, o núcleo mostrava aumento médio de 3%. Em janeiro, a taxa recuou para 1,84%; em fevereiro, para 1,20%. Na primeira semana de março, está em 1%, de acordo com a Fipe.

Previsão menor
A forte desaceleração da taxa de inflação neste início de mês fez a Fipe rever a previsão de março de 0,80% para 0,60%. Heron crê nessa redução porque as quedas tidas como certas -a dos hortifrútis, por exemplo- ainda não ocorreram. Por ora, a redução da taxa se deve à queda na participação de transportes e à pressão menor dos itens do núcleo da inflação.
Heron diz que os hortifrútis, que subiram 9,4% em fevereiro, ainda mantêm pressão elevada neste início de mês, quando a alta foi de 8,7%. Até o final do mês essa pressão será bem menor.
O economista da Fipe diz que a queda nos preços ocorreu em todos os grandes grupos pesquisados (habitação, alimentos, vestuário etc.).
A exceção fica para os produtos industrializados, em que as indústrias têm poder de definir preços e quantidade a ser ofertada no mercado. É o caso dos artigos de limpeza e de higiene, que mantêm tendência de alta -subiram 2,2% e 3,4% no período.

Meta
Apesar da redução da inflação, Heron diz que a meta de 8,5% para o IPCA não deverá ser atingida neste ano. Um bom sinal, segundo ele, é que a inflação vai convergir para essa taxa, que será atingida por volta de março de 2004.
O comportamento da taxa de inflação da Fipe neste ano deverá ser o seguinte: 3,84% no primeiro bimestre; 2% de março a junho; 1,5% a 2% de julho a agosto e mais 2% de setembro a dezembro. Fecha o ano próximo de 9%, diz o economista.
A inflação está em queda, mas o importante é saber onde é o ponto de resistência, diz Heron. Ele acredita que, após esse período de forte pressão, as taxas mensais deverão ficar próximas de 0,5%, excetuando-se os meses que já têm aumentos garantidos, como o da energia elétrica, no início do segundo semestre. Só este serviço público poderá gerar inflação próxima de 1%, segundo o economista da Fipe.


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