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Para ministro, BNDES tem sido "muito compreensivo", mas o orçamento do banco não pode ser prejudicado
Proposta da AES é insatisfatória, diz Furlan
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o ministro de Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, as
propostas da AES, controladora
da Eletropaulo, para resolver sua
inadimplência com o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são
insatisfatórias.
"O banco tem sido muito compreensivo, mas o orçamento do
BNDES não pode ser prejudicado
pela AES", disse Furlan, durante
café da manhã com jornalistas e
Brasília.
Anteontem, ele se reuniu com a
embaixadora norte-americana,
Donna Hrinak, e conversou sobre
a situação da empresa. Hrinak pediu que o governo brasileiro mantivesse o diálogo com a AES na
tentativa de encontrar uma solução para a crise.
As companhias controladas pelo grupo AES no Brasil devem ao
BNDES cerca de US$ 2 bilhões. A
empresa já deixou de pagar um
parcela de US$ 85 milhões dessa
dívida.
O governo norte-americano
pressiona o Brasil a encontrar
uma solução para a AES. No mês
passado, o secretário-adjunto de
Comércio do Estados Unidos,
William Lash, deixou claro que o
governo norte-americano veria
com maus olhos a saída da empresa do Brasil.
Lash argumentou que os Estados e municípios deviam à empresa norte-americana cerca de
R$ 1,2 bilhão e afirmou que parte
dos problemas financeiros enfrentados pela distribuidora de
energia elétrica se devia à falta dos
pagamentos.
Ontem, Furlan respondeu a
Lash: se uma empresa brasileira
estivesse endividada com um
banco dos Estados Unidos e pedisse para não pagar a dívida porque seus clientes estavam inadimplentes, a situação ficaria complicada.
Resultado
O ministro comentou que o resultado do BNDES em 2002 foi influenciado negativamente devido
a "provisões cautelosas que o
banco fez". Provisões são realizadas quando um banco imagina
que parte dos seus empréstimos
corre o risco de não ser paga.
O lucro líquido da instituição
encolheu 31,5% em 2002, para R$
549,569 milhões, ante R$ 802,485
milhões no ano anterior. Foi o
pior resultado do banco desde
1995, quando o lucro havia sido
de R$ 341 milhões.
Furlan afirmou que o governo
dará apoio ao BNDES para que
sua posição não seja enfraquecida
nas negociações com a AES. Disse, no entanto, que o diálogo entre
as duas partes é o melhor caminho para resolver a pendência.
O governo já deu sinais de que,
se não houver um acordo, o
BNDES poderá retomar o controle da Eletropaulo. Ou seja, a distribuidora seria reestatizada.
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