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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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Para ministro, BNDES tem sido "muito compreensivo", mas o orçamento do banco não pode ser prejudicado

Proposta da AES é insatisfatória, diz Furlan

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o ministro de Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, as propostas da AES, controladora da Eletropaulo, para resolver sua inadimplência com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são insatisfatórias.
"O banco tem sido muito compreensivo, mas o orçamento do BNDES não pode ser prejudicado pela AES", disse Furlan, durante café da manhã com jornalistas e Brasília.
Anteontem, ele se reuniu com a embaixadora norte-americana, Donna Hrinak, e conversou sobre a situação da empresa. Hrinak pediu que o governo brasileiro mantivesse o diálogo com a AES na tentativa de encontrar uma solução para a crise.
As companhias controladas pelo grupo AES no Brasil devem ao BNDES cerca de US$ 2 bilhões. A empresa já deixou de pagar um parcela de US$ 85 milhões dessa dívida.
O governo norte-americano pressiona o Brasil a encontrar uma solução para a AES. No mês passado, o secretário-adjunto de Comércio do Estados Unidos, William Lash, deixou claro que o governo norte-americano veria com maus olhos a saída da empresa do Brasil.
Lash argumentou que os Estados e municípios deviam à empresa norte-americana cerca de R$ 1,2 bilhão e afirmou que parte dos problemas financeiros enfrentados pela distribuidora de energia elétrica se devia à falta dos pagamentos.
Ontem, Furlan respondeu a Lash: se uma empresa brasileira estivesse endividada com um banco dos Estados Unidos e pedisse para não pagar a dívida porque seus clientes estavam inadimplentes, a situação ficaria complicada.

Resultado
O ministro comentou que o resultado do BNDES em 2002 foi influenciado negativamente devido a "provisões cautelosas que o banco fez". Provisões são realizadas quando um banco imagina que parte dos seus empréstimos corre o risco de não ser paga.
O lucro líquido da instituição encolheu 31,5% em 2002, para R$ 549,569 milhões, ante R$ 802,485 milhões no ano anterior. Foi o pior resultado do banco desde 1995, quando o lucro havia sido de R$ 341 milhões.
Furlan afirmou que o governo dará apoio ao BNDES para que sua posição não seja enfraquecida nas negociações com a AES. Disse, no entanto, que o diálogo entre as duas partes é o melhor caminho para resolver a pendência.
O governo já deu sinais de que, se não houver um acordo, o BNDES poderá retomar o controle da Eletropaulo. Ou seja, a distribuidora seria reestatizada.


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