|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HORA DO AJUSTE
Governo estuda elevar salário para faixa entre R$ 270 e R$ 275, mas sofre pressão do próprio PT por reajuste maior
Lula quer aumento real do mínimo de até 6%
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva está inclinado a elevar o salário mínimo para um valor entre
R$ 270 e R$ 275, segundo a Folha
apurou junto a membros da cúpula do governo.
Isso equivaleria a um reajuste
entre 12,50% e 14,58% em relação
ao mínimo de hoje (R$ 240). Representaria ainda um aumento
real de 4,24% a 6,17% em relação à
inflação esperada pelo governo
para o período de abril de 2003 a
abril de 2004.
A mera correção do mínimo de
acordo com a inflação do período
pelo IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) chega aos
R$ 259 -proposta oficial do Ministério da Fazenda. A oferta da
Fazenda serve para entrar jogando duro na batalha política que é
travada todo mês de abril em torno do reajuste do mínimo.
Essa proposta tem o objetivo de
deixar para Lula o bônus de bancar um aumento maior do que a
inflação, numa tentativa de dizer
que, se não poderá cumprir a promessa da campanha eleitoral de
2002 de dobrar o poder de compra do mínimo até o final do seu
mandato (2006), pelo menos se
esforçou por reajustes superiores
à inflação.
O presidente crê que um reajuste que deixe o mínimo entre R$
270 e R$ 275 lhe dará discurso para tentar diminuir o desgaste dos
últimos dois meses e meio (caso
Waldomiro Diniz e um conturbado abril de greves, invasões do
MST e reivindicações dos servidores públicos civis e militares).
Mas a articulação para Lula dar
uma "boa notícia" tem sido bombardeada, na ótica do Palácio do
Planalto, pelo próprio PT -o
partido do presidente. O PT defende R$ 280 -reajuste de
16,67%, que, no quadro de hoje,
dificilmente será bancado pelo
presidente da República.
Ou seja, ao cobrar um mínimo
de R$ 280, o PT leva partidos aliados a pressionarem o governo do
mesmo jeito, aumentando a temperatura política. O pleito petista
também facilita os pedidos da
oposição por uma quantia ainda
maior. O PSDB, por exemplo,
prega R$ 300. O PFL, R$ 320.
Nesse contexto, Lula avalia que
sofrerá desgaste e cobrança de
qualquer jeito, até mesmo se atender a reivindicação petista. Por isso, tentará, segundo o argumento
da própria cúpula do governo,
dar um reajuste no limite do que
acha fiscalmente responsável.
Impacto
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, já avisou que um
reajuste de 16,67% (R$ 280) teria
forte impacto negativo sobre as
contas da Previdência, de alguns
Estados e da maioria do municípios. Cada real de aumento no
mínimo representa um pouco
mais do que R$ 100 milhões no
déficit da Previdência, segundo
estimativas do próprio governo.
A Confederação Nacional dos
Municípios, por exemplo, está em
campanha contra um reajuste
dessa magnitude. Tem estudo
mostrando que os municípios teriam de demitir ou desrespeitar a
Lei de Responsabilidade Fiscal
com um novo salário mínimo de
R$ 276.
Texto Anterior: Aéreas: Varig e TAM lançam tarifas promocionais Próximo Texto: Base governista pressiona por ao menos R$ 280 Índice
|