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Reajuste de 11% poderia reduzir desemprego
DA REPORTAGEM LOCAL
O elevado desemprego enfrentado pelo país pode ser minimizado com um aumento real de 11%
no salário mínimo -hoje de R$
240 por mês-, o que significaria
a injeção de cerca de R$ 50 bilhões
na massa de rendimento do trabalho no biênio 2004 e 2005.
Claudio Dedecca, professor do
Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho),
da Unicamp, que fez os cálculos,
entende que, no curto prazo, a
elevação do salário mínimo é a
forma mais rápida de o país aumentar os postos de trabalho.
"Com aumento real de 11% no
salário mínimo, a população vai
consumir mais e, conseqüentemente, isso vai estimular a economia. Essa seria uma política factível de geração de emprego num
prazo mais curto", diz Dedecca.
"Em um momento em que se
discutem possibilidades de políticas a favor do crescimento, a do
salário mínimo é, sem dúvida,
uma das mais valiosas, pois favorece diretamente a elevação da
demanda corrente, isto é, do nível
de atividade", cita Dedecca num
estudo sobre o impacto do salário
mínimo na economia brasileira.
O aumento do salário mínimo,
diz, teria impacto nas negociações
salariais de várias categorias profissionais, já que é o "farol das remunerações do mercado de trabalho, independentemente do tipo de relação do trabalho".
Uma política de salário mínimo,
diz, teria dois efeitos no país: um
movimento generalizado de aumento de renda dos mais pobres e
a elevação da participação dos
mais pobres na renda nacional.
"Esses efeitos poderiam ser ainda
potencializados, em uma trajetória de crescimento econômico,
pela geração de empregos", afirma Dedecca.
Medidas emergenciais
O aumento do salário mínimo
para R$ 300 é uma das principais
bandeiras das centrais sindicais
para ajudar na geração de renda e
combate ao desemprego.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) elegeu o tema como
um dos pontos principais das comemorações do 1º de Maio.
O presidente da central, Luiz
Marinho, informou que a medida
é necessária para que se inicie um
processo de recuperação da renda
do trabalhador brasileiro.
Em carta entregue ao presidente
Lula na última quarta-feira (dia 7
de abril), a Força Sindical pede
reajuste do salário mínimo em
33% por ano -além de repor a
inflação acumulada nos últimos
12 meses. "Só assim o novo governo vai restabelecer a dignidade do
trabalhador e cumprir o que prometeu na campanha salarial: duplicar o valor real do salário mínimo em quatro anos. Em 2003, tivemos um reajuste real irrisório",
diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força.
Além de recuperar o valor do
salário mínimo, as centrais defendem medidas emergenciais para
ajudar no combate ao desemprego, como a redução da jornada de
trabalho para 40 horas semanais.
"Propomos a redução de 10%
da jornada de trabalho, sem redução salarial. Essa medida criaria 2
milhões de novos postos de trabalho. O governo poderia pagar os
custos dessa medida, reduzindo
encargos e impostos, diz o presidente da Força.
A CUT quer ainda a criação de
frentes de trabalho em regiões
metropolitanas para gerar vagas
em obras como as de recuperação
de estradas. O governo chegou a
esboçar o programa em 2003, mas
a idéia não saiu do papel.
(FF e CR)
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