São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2006

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MERCADO FINANCEIRO

Rendimento dos treausuries rompe barreira dos 5% pela primeira vez em quatro anos, e Bovespa cai 0,90%

Juro recorde nos EUA freia alta da Bolsa

DENYSE GODOY
DA FOLHA ONLINE

Mais uma vez o temor de aumento dos juros nos EUA provocou pessimismo no mercado financeiro brasileiro. Em um dia de poucos negócios devido à cautela típica de véspera de feriado, o dólar comercial subiu 0,38%, para R$ 2,141, enquanto o risco-país recuou 1,24%, a 238 pontos. O Banco Central comprou divisas no mercado, mas a operação não chegou a mexer com as cotações.
O retorno do título de dez anos do Tesouro dos EUA chegou a 5,05% na tarde de ontem, o maior nível desde junho de 2002.
A Bovespa interrompeu uma recuperação iniciada na quarta e fechou ontem em baixa de 0,90%, aos 38.082 pontos, com volume financeiro de R$ 1,732 bilhão -o menor do mês.
"O principal fator a influenciar o humor dos investidores foi a forte alta dos rendimentos dos treasuries [títulos do Tesouro norte-americano] de dez anos, que ultrapassaram 5%", disse Jason Vieira, economista-chefe da consultoria GRC Visão. A elevação sinaliza que a taxa básica de juros da economia dos EUA deve continuar subindo. Taxas mais altas nos EUA podem fazer investidores tirar dinheiro de países emergentes, como o Brasil.
A expectativa dos analistas é que, na próxima reunião do Federal Reserve (BC dos EUA), em maio, a taxa seja aumentada de 4,75% ao ano para 5%.
"Na semana que vem, serão divulgados importantes indicadores que vão alimentar essa discussão", afirma Vieira, referindo-se aos índices de inflação no atacado e no varejo dos EUA.
"Mas acredito que os preços não devam ter uma alta expressiva, e pode ser então que os rendimentos dos treasuries recuem um pouco." Para o analista, não há motivo para achar que a esperada elevação do juro vá afetar com gravidade o mercado brasileiro.
"É verdade que parte dos investidores deixa as aplicações no país para rumar para os EUA. No entanto, as taxas de remuneração no Brasil continuam altas e atraentes, bem como as ações das empresas nacionais. E há que considerar que o risco da economia também diminuiu muito."
Até o dia 10, o saldo de investimentos estrangeiros na Bovespa em abril é positivo em R$ 464,538 milhões. Em fevereiro e março, foi registrado saldo negativo, mas, no acumulado do ano, o superávit é de R$ 2,501 bilhões.


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