São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Brasil ainda é 49º no ranking de investimentos chineses

Em 2008, foram só US$ 22 mi; Hu Jintao chega hoje para 2ª visita oficial ao país

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua segunda visita oficial ao país, o presidente Hu Jintao chega hoje acenando com uma considerável elevação dos investimentos da China em empreendimentos em território brasileiro. Até agora, porém, o Brasil esteve longe de ser prioridade para os chineses: ocupa apenas o 49º lugar no ranking das nações que recebem investimento direto do país, com aplicação de US$ 22 milhões em 2008, segundo os últimos dados da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
Os grandes focos das corporações da China, tanto públicas como privadas, têm sido a própria Ásia, o Oriente Médio (pela disponibilidade de petróleo) e a África, devido à existência de grandes áreas agriculturáveis nas quais o país está plantando cereais. Mas, como a região é a segunda maior consumidora dos produtos fabricados pelos chineses, aos poucos a América Latina vai crescendo em importância aos seus olhos, e por esse motivo empresários e especialistas dizem acreditar que desta vez as sinalizações se converterão em negócios efetivos -as promessas feitas por Hu em 2004 ficaram no papel.
"Este não é o momento de sacramentar novos acordos, é a hora de assinar o cheque e concretizar tudo o que já foi falado", afirma Juan Quirós, ex-presidente da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e presidente do grupo Advento, uma companhia do setor de infraestrutura.
Nesse segmento é que estão concentrados os interesses da China no país. Os US$ 354 milhões a serem investidos no Brasil em 2010 distribuem-se principalmente por portos e empreendimentos na área de transportes, como o trem de alta velocidade que correrá entre São Paulo e o Rio de Janeiro.
"Para o Brasil, seria ótimo receber investimentos chineses em atividade manufatureira, exatamente como a China fez com as empresas estrangeiras que se instalaram no país durante o seu processo de industrialização. Essas companhias recebiam incentivos e podiam utilizar mão de obra abundante e barata, porém precisavam ensinar a tecnologia", afirma Luciana Acioly, coordenadora de estudos de relações econômicas internacionais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Em nenhum lugar do mundo a China investe em fábricas, pois precisa continuar garantindo emprego e renda para sua imensa população. "Então, mesmo nesses setores que são o seu objetivo estratégico, o ideal é o Brasil exigir que os chineses se unam a empresas locais para transferir conhecimento e movimentar toda a cadeia produtiva", diz Quirós.
E ainda há alguns obstáculos a serem superados. Para os empresários chineses, as principais dificuldades em investir no país estão nas diferenças culturais e na burocracia.
"A simples falta de informação sobre o Brasil gera receio. E, se um empreendedor considera essa alternativa, enfrenta uma espera de até mais de um mês para conseguir um visto que lhe permita conhecer o país", afirma Tang Wei, secretário-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico.


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