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Brasil ainda é 49º no ranking
de investimentos chineses
Em 2008, foram só US$ 22 mi; Hu Jintao chega hoje para 2ª visita oficial ao país
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua segunda visita oficial
ao país, o presidente Hu Jintao
chega hoje acenando com uma
considerável elevação dos investimentos da China em empreendimentos em território
brasileiro. Até agora, porém, o
Brasil esteve longe de ser prioridade para os chineses: ocupa
apenas o 49º lugar no ranking
das nações que recebem investimento direto do país, com
aplicação de US$ 22 milhões
em 2008, segundo os últimos
dados da Unctad (Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).
Os grandes focos das corporações da China, tanto públicas
como privadas, têm sido a própria Ásia, o Oriente Médio (pela
disponibilidade de petróleo) e a
África, devido à existência de
grandes áreas agriculturáveis
nas quais o país está plantando
cereais. Mas, como a região é a
segunda maior consumidora
dos produtos fabricados pelos
chineses, aos poucos a América
Latina vai crescendo em importância aos seus olhos, e por
esse motivo empresários e especialistas dizem acreditar que
desta vez as sinalizações se
converterão em negócios efetivos -as promessas feitas por
Hu em 2004 ficaram no papel.
"Este não é o momento de sacramentar novos acordos, é a
hora de assinar o cheque e concretizar tudo o que já foi falado", afirma Juan Quirós, ex-presidente da Apex Brasil
(Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e presidente do grupo
Advento, uma companhia do
setor de infraestrutura.
Nesse segmento é que estão
concentrados os interesses da
China no país. Os US$ 354 milhões a serem investidos no
Brasil em 2010 distribuem-se
principalmente por portos e
empreendimentos na área de
transportes, como o trem de alta velocidade que correrá entre
São Paulo e o Rio de Janeiro.
"Para o Brasil, seria ótimo receber investimentos chineses
em atividade manufatureira,
exatamente como a China fez
com as empresas estrangeiras
que se instalaram no país durante o seu processo de industrialização. Essas companhias
recebiam incentivos e podiam
utilizar mão de obra abundante
e barata, porém precisavam ensinar a tecnologia", afirma Luciana Acioly, coordenadora de
estudos de relações econômicas internacionais do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada).
Em nenhum lugar do mundo
a China investe em fábricas,
pois precisa continuar garantindo emprego e renda para sua
imensa população. "Então,
mesmo nesses setores que são
o seu objetivo estratégico, o
ideal é o Brasil exigir que os chineses se unam a empresas locais para transferir conhecimento e movimentar toda a cadeia produtiva", diz Quirós.
E ainda há alguns obstáculos
a serem superados. Para os empresários chineses, as principais dificuldades em investir no
país estão nas diferenças culturais e na burocracia.
"A simples falta de informação sobre o Brasil gera receio.
E, se um empreendedor considera essa alternativa, enfrenta
uma espera de até mais de um
mês para conseguir um visto
que lhe permita conhecer o
país", afirma Tang Wei, secretário-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento
Econômico.
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