São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 2002

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PREVIDÊNCIA

Aumentos do mínimo em 2001 e no número de aposentadorias fazem saldo negativo crescer 61% de janeiro a abril

Gasto do INSS supera receita em R$ 4,28 bi

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit da Previdência Social no mês passado cresceu 54% em relação a abril de 2001 e alcançou R$ 1,052 bilhão. No ano, o resultado negativo acumulado chega a R$ 4,284 bilhões, o que representa aumento de 61% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Se o ritmo de crescimento do déficit não diminuir, a previsão feita pelo governo de fechar o ano com saldo negativo de R$ 16 bilhões não será cumprida. No ano passado, esse número ficou em R$ 12,8 bilhões.
Até março, o desempenho negativo da Previdência vinha registrando forte crescimento em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre as justificativas apresentadas pelo Ministério da Previdência Social estava o efeito da greve dos servidores no segundo semestre de 2001.
A paralisação atrasou a concessão de benefícios, elevando os gastos da Previdência no início deste ano. Ao divulgar os números do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) relativos a março, o ministro José Cechin (Previdência) estimara, no entanto, que aquele seria o último mês em que a greve afetaria o crescimento do déficit.
Por esse motivo, a expectativa era que a partir de abril a evolução do saldo negativo ganhasse um ritmo mais moderado -o que não aconteceu. Embora o déficit de abril tenha caído 7,9% na comparação com o de março, essa queda foi mais acentuada no mesmo mês do ano passado (15%).
Procurado pela reportagem, o Ministério da Previdência Social não se pronunciou sobre o assunto porque o ministro está na Espanha.
Aumento do mínimo Além da paralisação, a Previdência tem atribuído o resultado negativo do INSS ao aumento de 19,2% concedido ao salário mínimo em 2001 e ao crescimento do número de benefícios pagos -as aposentadorias e pensões já ultrapassam 20 milhões.
O ritmo de crescimento da economia também influencia as contas previdenciárias. Esse fator pode até obrigar o governo a rever seus cálculos para o fechamento das contas da Previdência Social neste ano.
Isso porque a equipe econômica e analistas de mercado trabalham com a estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país em um ano) menor do que o previsto inicialmente.
O cálculo de déficit de R$ 16 bilhões considerou um crescimento de 2,5% para a economia. As reestimativas apontam agora para 2%. O crescimento do PIB afeta as contas da Previdência Social porque o aumento no nível do emprego gera mais arrecadação para o INSS.

Arrecadação
Em abril, a Previdência arrecadou R$ 5,361 bilhões em contribuições. Na comparação com o mês anterior, houve crescimento de 3,4%. O pagamento de benefícios em abril somou R$ 6,413 bilhões, com aumento de 1,5% em relação a março.
Os dados de arrecadação e despesa comparados com abril do ano passado indicam crescimento maior. No caso das receitas, o incremento foi de 12%. No entanto as despesas com benefícios cresceram mais: 17%
No ano, a arrecadação da Previdência totaliza R$ 20,8 bilhões, e o pagamento de aposentadoria, pensões e outros benefícios chega a R$ 25,1 bilhões.



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