DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Seis setores da indústria nacional, que são responsáveis por metade das exportações do país, receberam no ano passado quase o dobro do total de investimentos diretos estrangeiros que haviam registrado no ano anterior, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica.
Segundo a Sobeet, os dados sugerem que as multinacionais podem estar mais interessadas em exportar a partir do Brasil, o que traria impacto positivo para o saldo comercial do país.
No ano passado, segundo dados do Banco Central, o Brasil recebeu US$ 24,715 bilhões em investimentos diretos estrangeiros, incluindo empréstimos entre multinacionais e suas filiais no Brasil, e exportou o equivalente a US$ 58,223 bilhões.
De acordo com a Sobeet, os setores automotivo, de metalurgia básica, de produtos alimentícios, de máquinas e equipamentos, de química e de material elétrico e equipamentos de comunicação receberam, em 2001, 27,86% do total de investimentos diretos, em comparação aos 15,4% registrados no ano anterior.
Ao longo dos últimos anos, esses setores têm mantido média conjunta de exportações de 51% do total vendido pelo país.
Para o economista-chefe do BBV Banco, Octavio de Barros, o Brasil está em um bom caminho na estratégia das multinacionais de passar a exportar mais a partir do país: "Mas ainda é cedo para dizer que as multinacionais planejam tornar o país uma zona de exportações no sentido clássico".
Na opinião de Barros, no Brasil hoje, "pela primeira vez em muitos anos", ganha-se dinheiro com as exportações, entre outras razões devido à competitividade adquirida com a desvalorização do real. "Por isso, faz sentido que as empresas estrangeiras invistam mais no Brasil para aproveitar a vocação exportadora adicional."
Para o economista e professor da Unicamp Ricardo Carneiro, é cedo para concluir que as multinacionais planejam transformar o Brasil num parque exportador.
Segundo ele, historicamente empresas estrangeiras instalam-se nos países não para aumentar suas exportações a partir de lá, mas sim para explorar o mercado local. "Até na China o aumento das exportações deve-se a empresas locais." Segundo Carneiro, as exportações de multinacionais no Brasil cresceram, em muito casos, porque o mercado local estava desaquecido, e as empresas, com capacidade produtiva ociosa.



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