São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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TRABALHO

Fiesp atribui maior número de demissões a fechamento de vagas temporárias e diz que tendência é de recuperação

Indústria de SP corta vagas pela 1º vez no ano

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez no ano, a indústria paulista de transformação demitiu mais do que contratou. O nível de emprego no Estado de São Paulo caiu 0,08% em abril em comparação com o mês anterior, o que representou a eliminação de 1.224 postos de trabalho.
Os dados foram divulgados ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que considerou a queda tecnicamente uma "estabilidade". O recuo no nível de emprego verificado no mês passado foi menor do que o registrado em abril de 2003 (-0,2%), quando a indústria cortou 3.054 vagas.
"Essa ligeira retração já era esperada [no mês passado] em razão do encerramento das vagas temporárias da Páscoa e do fim de empregos sazonais ligados a produtos de verão e à safra de sucos", afirmou Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Dos 47 setores pesquisados pela entidade, 26 tiveram desempenho positivo ante 13 com resultado negativo. Em oito setores, foi registrada estabilidade no saldo entre contratações e demissões. "Isso mostra que a maior tendência é a de crescimento do emprego."
O diretor da Fiesp ressaltou ainda que, no ano, o resultado do nível de emprego é positivo, com a criação de 12.157 postos de trabalho. "Os números de janeiro a abril deste ano são melhores até que os de 2000, considerado um bom ano para o emprego."
No primeiro trimestre deste ano, os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e por indicadores de alguns setores industriais mostram que houve recuperação da produção, embora o crescimento ainda seja visto com cautela porque o desemprego no país é elevado e a renda do consumidor está em queda.
Para a federação das indústrias, a tendência de melhora do emprego a partir de maio está baseada no desempenho positivo de setores e cadeias produtivas ligados à exportação -caso das indústrias de autopeças, veículos, calçados e parte da indústria têxtil.
"O segmento exportador mantém a economia ativa. Não há indicadores de que o mercado interno vá reagir e crescer, porque o emprego e a massa salarial não aumentam. O consumo não aumenta. Sem consumo, o mercado interno não vai reagir", disse Vaz.

Por setor e região
O segmento que mais cortou vagas foi o de congelados e supercongelados. Houve queda de 12,44%, atribuída ao fechamento de vagas temporárias nas indústrias que fabricam produtos de verão (como sorvetes) e de empregos ligados à safra de sucos -principalmente da laranja, na região de Matão, Limeira, Bebedouro e Araraquara.
A variação do emprego também foi negativa nos setores de mármore e granito (-9,4%), rações (-8,7%), massas alimentícias e biscoitos (-7,6%) e produtos de cacau e balas (-4,91%). Nos dois últimos setores, o corte de vagas deu-se em razão da Páscoa -já que no segmento de massas e biscoitos estão produtos como a colomba pascal, e no de cacau, ovos de chocolates. As indústrias desses setores estão mais concentradas na região metropolitana de SP.
Os setores que mais elevaram o nível de emprego foram de curtimento de couros e peles (5,06%), doces e conservas alimentícias (3,87%), calçados de Franca (3,78%), vidros e cristais planos (2,14%) e componentes para veículos automotores (2,07%).
Para o diretor da Fiesp, a melhora no nível de emprego também depende da redução da taxa de juros. "O BC [Banco Central] tem de seguir a lógica da própria instituição e continuar reduzindo os juros uma vez que há bons fundamentos na economia que demostram isso", disse Vaz.
"Se estamos menos vulneráveis e se a inflação está abaixo do centro da meta [a meta é de 5,5% ao ano e o indicador aponta para 5,2%], o BC tem de seguir nisso."
Na próxima semana, o BC decidirá pela alteração ou não da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 16% ao ano.


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