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TRABALHO
Fiesp atribui maior número de demissões a fechamento de vagas temporárias e diz que tendência é de recuperação
Indústria de SP corta vagas pela 1º vez no ano
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez no ano, a indústria paulista de transformação
demitiu mais do que contratou. O
nível de emprego no Estado de
São Paulo caiu 0,08% em abril em
comparação com o mês anterior,
o que representou a eliminação de
1.224 postos de trabalho.
Os dados foram divulgados ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
que considerou a queda tecnicamente uma "estabilidade". O recuo no nível de emprego verificado no mês passado foi menor do
que o registrado em abril de 2003
(-0,2%), quando a indústria cortou 3.054 vagas.
"Essa ligeira retração já era esperada [no mês passado] em razão do encerramento das vagas
temporárias da Páscoa e do fim de
empregos sazonais ligados a produtos de verão e à safra de sucos",
afirmou Claudio Vaz, diretor do
Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
Dos 47 setores pesquisados pela
entidade, 26 tiveram desempenho
positivo ante 13 com resultado negativo. Em oito setores, foi registrada estabilidade no saldo entre
contratações e demissões. "Isso
mostra que a maior tendência é a
de crescimento do emprego."
O diretor da Fiesp ressaltou ainda que, no ano, o resultado do nível de emprego é positivo, com a
criação de 12.157 postos de trabalho. "Os números de janeiro a
abril deste ano são melhores até
que os de 2000, considerado um
bom ano para o emprego."
No primeiro trimestre deste
ano, os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e por indicadores de alguns setores industriais mostram que houve recuperação da produção, embora o
crescimento ainda seja visto com
cautela porque o desemprego no
país é elevado e a renda do consumidor está em queda.
Para a federação das indústrias,
a tendência de melhora do emprego a partir de maio está baseada no desempenho positivo de setores e cadeias produtivas ligados
à exportação -caso das indústrias de autopeças, veículos, calçados e parte da indústria têxtil.
"O segmento exportador mantém a economia ativa. Não há indicadores de que o mercado interno vá reagir e crescer, porque o
emprego e a massa salarial não
aumentam. O consumo não aumenta. Sem consumo, o mercado
interno não vai reagir", disse Vaz.
Por setor e região
O segmento que mais cortou vagas foi o de congelados e supercongelados. Houve queda de
12,44%, atribuída ao fechamento
de vagas temporárias nas indústrias que fabricam produtos de
verão (como sorvetes) e de empregos ligados à safra de sucos
-principalmente da laranja, na
região de Matão, Limeira, Bebedouro e Araraquara.
A variação do emprego também
foi negativa nos setores de mármore e granito (-9,4%), rações
(-8,7%), massas alimentícias e
biscoitos (-7,6%) e produtos de
cacau e balas (-4,91%). Nos dois
últimos setores, o corte de vagas
deu-se em razão da Páscoa -já
que no segmento de massas e biscoitos estão produtos como a colomba pascal, e no de cacau, ovos
de chocolates. As indústrias desses setores estão mais concentradas na região metropolitana de
SP.
Os setores que mais elevaram o
nível de emprego foram de curtimento de couros e peles (5,06%),
doces e conservas alimentícias
(3,87%), calçados de Franca
(3,78%), vidros e cristais planos
(2,14%) e componentes para veículos automotores (2,07%).
Para o diretor da Fiesp, a melhora no nível de emprego também
depende da redução da taxa de juros. "O BC [Banco Central] tem
de seguir a lógica da própria instituição e continuar reduzindo os
juros uma vez que há bons fundamentos na economia que demostram isso", disse Vaz.
"Se estamos menos vulneráveis
e se a inflação está abaixo do centro da meta [a meta é de 5,5% ao
ano e o indicador aponta para
5,2%], o BC tem de seguir nisso."
Na próxima semana, o BC decidirá pela alteração ou não da taxa
básica de juros (Selic), atualmente
em 16% ao ano.
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