São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Ganho foi de R$ 276 mi; juntos, os três maiores bancos do país tiveram resultado 22,3% maior

Lucro do Unibanco no 1º trimestre sobe 27%

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro líquido do Unibanco no primeiro trimestre deste ano, divulgado ontem, totalizou R$ 276 milhões, o que representa um aumento de 26,6% em relação a igual período do ano passado.
Segundo Geraldo Travaglia, vice-presidente corporativo do Unibanco, o lucro do banco no primeiro trimestre foi beneficiado pelo aumento das receitas com prestação de serviços, que passaram de R$ 662,4 milhões para R$ 740,5 milhões.
Também influenciou o resultado a decisão do banco de reduzir seus investimentos em dólar no exterior. "Trouxemos mais de US$ 500 milhões que estavam no exterior e que foram aplicados em títulos públicos, obtendo um rendimento maior", diz.
O Unibanco, a exemplo do Bradesco e do Itaú, reduziu sua projeção de crescimento da carteira de crédito neste ano. A nova estimativa é a de um aumento de 20%, contra os 25% projetados anteriormente.
Essa revisão não deverá afetar os resultados do banco no final do ano. "Estamos focados nas carteiras que têm um "spread" maior, que são as da área de consumo", diz Travaglia. "Spread" é a diferença entre a taxa de juro que um banco paga para captar recursos e a que cobra nos empréstimos.

Resultado acumulado
O lucro líquido dos três maiores bancos privados do país aumentou 22,3% no primeiro trimestre do ano e totalizou R$ 1,761 bilhão. Esse resultado, anualizado, projeta um lucro de R$ 7,044 bilhões para as instituições. Em 2003, elas lucraram R$ 6,510 bilhões.
Os dados foram levantados pela ABM Consulting, a pedido da Folha, e consideram os resultados consolidados do Bradesco, do Itaú e do Unibanco.
Se forem incluídos o Banespa e a Caixa Econômica Federal -que já divulgaram o balanço trimestral-, a safra de lucros chega a R$ 2,492 bilhões. No entanto, segundo Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting, o resultado do Banespa desvirtua a amostra, resultando numa redução de 4,6% do lucro do setor.
O impacto negativo do Banespa é grande porque seu lucro em 31 de março deste ano caiu 60% em relação ao primeiro trimestre de 2003. "O Banespa obteve lucros excepcionais em 2002 e no início de 2003, o que distorce a comparação", diz Pedreira.
O levantamento da ABM Consulting mostra que, apesar do crescimento do lucro líquido dos três maiores bancos privados do país, houve uma grande queda do resultado operacional -de 32,6%. O resultado operacional computa os ganhos com a atividade bancária em si.
Apenas o Unibanco mostrou variação levemente positiva do resultado operacional no balanço consolidado (de 2,7%), que considera todas as empresas do grupo. No entanto, o resultado operacional do banco caiu 2,91%. "Os ganhos com as operações bancárias estão caindo devido à queda dos juros, que reduziu a rentabilidade das aplicações em títulos públicos e com operações de crédito", observa Pedreira.
A participação das receitas obtidas com títulos e valores mobiliários na receita total das três instituições caiu em média 10,5 pontos percentuais na comparação dos dois trimestres.

Crédito
Segundo Pedreira, para compensar a redução dos ganhos com títulos, os bancos teriam de aumentar o volume de crédito concedido. No entanto, com o ritmo lento de crescimento da economia, a carteira de crédito dos três grandes bancos privados cresceu apenas 5,1% no trimestre.
Em conseqüência, a participação das receitas com operações de crédito na receita total das três instituições aumentou apenas 2,4 pontos percentuais, em média. "Eles não conseguiram compensar com volume de crédito a redução das receitas com juros", diz.
Essa compensação vem sendo feita com as receitas obtidas na prestação de serviços. A participação das tarifas e taxas bancárias no total das receita dos três bancos cresceu em média 2,4 pontos percentuais no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período do ano passado.
O Bradesco foi o que mais pesou a mão: no balanço de março de 2003, as receitas com tarifas representavam 12,5% da receita total do banco. Neste ano, saltou para 16,3%.


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