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EXUBERÂNCIA NACIONAL
Ganho foi de R$ 276 mi; juntos, os três maiores bancos do país tiveram resultado 22,3% maior
Lucro do Unibanco no 1º trimestre sobe 27%
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro líquido do Unibanco no
primeiro trimestre deste ano, divulgado ontem, totalizou R$ 276
milhões, o que representa um aumento de 26,6% em relação a
igual período do ano passado.
Segundo Geraldo Travaglia, vice-presidente corporativo do
Unibanco, o lucro do banco no
primeiro trimestre foi beneficiado
pelo aumento das receitas com
prestação de serviços, que passaram de R$ 662,4 milhões para R$
740,5 milhões.
Também influenciou o resultado a decisão do banco de reduzir
seus investimentos em dólar no
exterior. "Trouxemos mais de
US$ 500 milhões que estavam no
exterior e que foram aplicados em
títulos públicos, obtendo um rendimento maior", diz.
O Unibanco, a exemplo do Bradesco e do Itaú, reduziu sua projeção de crescimento da carteira de
crédito neste ano. A nova estimativa é a de um aumento de 20%,
contra os 25% projetados anteriormente.
Essa revisão não deverá afetar
os resultados do banco no final do
ano. "Estamos focados nas carteiras que têm um "spread" maior,
que são as da área de consumo",
diz Travaglia. "Spread" é a diferença entre a taxa de juro que um
banco paga para captar recursos e
a que cobra nos empréstimos.
Resultado acumulado
O lucro líquido dos três maiores
bancos privados do país aumentou 22,3% no primeiro trimestre
do ano e totalizou R$ 1,761 bilhão.
Esse resultado, anualizado, projeta um lucro de R$ 7,044 bilhões
para as instituições. Em 2003, elas
lucraram R$ 6,510 bilhões.
Os dados foram levantados pela
ABM Consulting, a pedido da Folha, e consideram os resultados
consolidados do Bradesco, do
Itaú e do Unibanco.
Se forem incluídos o Banespa e
a Caixa Econômica Federal -que
já divulgaram o balanço trimestral-, a safra de lucros chega a R$
2,492 bilhões. No entanto, segundo Gustavo Pedreira, analista da
ABM Consulting, o resultado do
Banespa desvirtua a amostra, resultando numa redução de 4,6%
do lucro do setor.
O impacto negativo do Banespa
é grande porque seu lucro em 31
de março deste ano caiu 60% em
relação ao primeiro trimestre de
2003. "O Banespa obteve lucros
excepcionais em 2002 e no início
de 2003, o que distorce a comparação", diz Pedreira.
O levantamento da ABM Consulting mostra que, apesar do
crescimento do lucro líquido dos
três maiores bancos privados do
país, houve uma grande queda do
resultado operacional -de
32,6%. O resultado operacional
computa os ganhos com a atividade bancária em si.
Apenas o Unibanco mostrou
variação levemente positiva do
resultado operacional no balanço
consolidado (de 2,7%), que considera todas as empresas do grupo.
No entanto, o resultado operacional do banco caiu 2,91%. "Os ganhos com as operações bancárias
estão caindo devido à queda dos
juros, que reduziu a rentabilidade
das aplicações em títulos públicos
e com operações de crédito", observa Pedreira.
A participação das receitas obtidas com títulos e valores mobiliários na receita total das três instituições caiu em média 10,5 pontos
percentuais na comparação dos
dois trimestres.
Crédito
Segundo Pedreira, para compensar a redução dos ganhos com
títulos, os bancos teriam de aumentar o volume de crédito concedido. No entanto, com o ritmo
lento de crescimento da economia, a carteira de crédito dos três
grandes bancos privados cresceu
apenas 5,1% no trimestre.
Em conseqüência, a participação das receitas com operações de
crédito na receita total das três
instituições aumentou apenas 2,4
pontos percentuais, em média.
"Eles não conseguiram compensar com volume de crédito a redução das receitas com juros", diz.
Essa compensação vem sendo
feita com as receitas obtidas na
prestação de serviços. A participação das tarifas e taxas bancárias
no total das receita dos três bancos cresceu em média 2,4 pontos
percentuais no primeiro trimestre
deste ano, em relação a igual período do ano passado.
O Bradesco foi o que mais pesou
a mão: no balanço de março de
2003, as receitas com tarifas representavam 12,5% da receita total do banco. Neste ano, saltou para 16,3%.
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