São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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Bolsa de SP recua 3,3% e fica abaixo dos 50 mil pontos

Varejo nos EUA decepciona; dólar sobe 1,8% e vai a R$ 2,106

DA REPORTAGEM LOCAL

Se os investidores no mercado financeiro andavam empolgados demais com as primeiras indicações de uma melhora da economia mundial, um dado decepcionante sobre a atividade nos EUA chamou-os à realidade ontem.
As vendas do varejo americano diminuíram 0,4% em abril ante março, enquanto os analistas esperavam uma pequena alta. Por isso, a Bolsa de Nova York caiu 2,18% e a Nasdaq (de papéis do setor de tecnologia) recuou 3,01%. Na esteira, a Bovespa retrocedeu para 48.679 pontos, com queda de 3,27% -a maior desde 2 de março.
O pessimismo também afetou o mercado de câmbio, fazendo o dólar subir 1,83%, vendido a R$ 2,106.
"Já havia um certo mau humor no ar por causa da informação de que as exportações da China caíram 22,6% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme divulgado pelo governo do país na terça-feira. O indicador sobre o comércio dos EUA azedou o clima de vez", diz Daniel Doll Lemos, gestor de recursos da corretora Socopa.
A baixa da Bolsa paulista ontem não significa que os investidores tenham desanimado irremediavelmente ou que os estrangeiros estejam se retirando do país de novo, observam os especialistas.
Quer dizer que, depois de uma realização dos lucros recentes -movimento que teve início na segunda-feira-, o mercado deve adotar um tom mais cauteloso ao avaliar os prognósticos para a crise.
Nas últimas semanas, índices positivos fomentaram uma retomada das Bolsas em todo o mundo. A Bovespa, apesar de três quedas consecutivas, ainda acumula elevação de 29,64% no ano. "Existe espaço para embolsar ganhos, o que é saudável", diz Lemos. Alguns analistas até afirmam que as ações brasileiras estão excessivamente caras no momento.
Mais volatilidade é esperada para os próximos dias. "Não existe muito motivo para preocupação com o cenário interno, então todas as atenções continuarão concentradas nas notícias a respeito das demais economias", afirma Lemos.

Câmbio
A recuperação da Bolsa de São Paulo está cercada de bastante incerteza, pois depende da evolução do ambiente mundial, mas, para o dólar comercial, o panorama se apresenta um pouco menos turvo. Na opinião dos especialistas, a moeda norte-americana não tem força para voltar ao patamar de R$ 2,30 ou R$ 2,40, em que estava dois meses atrás.
Os preços das commodities agrícolas e metálicas voltaram a subir, depois de terem afundado fortemente, o que alimenta as expectativas de que o saldo da balança comercial brasileira, muito dependente das exportações desses produtos, siga favorável.
O aumento do apetite por risco dos grandes investidores internacionais é outro fator a justificar as apostas de que o dólar oscile, nas próximas semanas, entre R$ 2 e R$ 2,10. Em busca de maiores rentabilidades, eles têm tornado a aplicar seus recursos em ativos locais.
O fluxo cambial -que considera a entrada e a saída de dólares provenientes de transações comerciais e transações financeiras- ficou positivo em US$ 1,162 bilhão no mês até o dia 8 passado. Em 2009, existe um déficit de US$ 382 milhões.
A cotação do dólar ante o real acumula uma desvalorização total de 9,77% desde janeiro, sendo 3,44% em maio.
De olho nessa tendência, o Banco Central voltou, na semana passada, a comprar divisas no mercado à vista para reforçar as reservas. (DG)


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