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Pacote "calmante" mira risco Brasil e dólar
Governo consegue no FMI mais dinheiro para conter alta do dólar
Economia de gastos públicos vai aumentar mais R$ 2,7 bilhões
Medidas incluem recompra de dívida externa para baixar risco
DA REDAÇÃO
Os mercados financeiros engoliram a dose de calmante oferecida pelo governo no pacote econômico, mas os efeitos mais duradouros do remédio só devem aparecer na semana que vem.
A menos de quatro meses das
eleições, o governo anunciou ontem um minipacote econômico
que aumenta a munição do Banco
Central para intervir no mercado
de câmbio e aprofunda o aperto
nos gastos públicos. Com isso, o
governo espera conter a alta do
dólar e, sobretudo, pôr um fim na
turbulência financeira.
Em resumo, o governo Fernando Henrique Cardoso tomou medidas que visam a redução do risco-país (a medida, em nível de taxa de juros, da desconfiança dos
investidores na capacidade de um
país honrar suas dívidas) e, por
consequência, das taxas de juros e
do dólar, que sobem há dois meses e dispararam nesta semana. O
anúncio das medidas fez juros,
dólar e risco-país oscilarem durante todo o dia. Dólar e risco Brasil tiveram quedas significativas.
O mercado de juros ficou indefinido. Em suma, o mercado corrigiu seus preços com cautela.
O governo vai sacar mais US$ 10
bilhões do FMI. Acertou também
com o Fundo a possibilidade de
usar mais dinheiro das reservas
internacionais do país para intervir no câmbio. Indiretamente,
parte do dinheiro a ser sacado entra na conta da munição para baixar o dólar. Na prática, os recursos disponíveis para intervenção
no câmbio passaram de US$ 8,6
bilhões para US$ 13,6 bilhões.
Também vai aumentar o superávit fiscal de 3,5% do valor do
PIB (todos os bens e serviços que
o país produz em um ano) para
3,75%, o que representa uma economia adicional de R$ 2,7 bilhões
nos gastos públicos. O FMI queria
arrocho maior, mas a equipe econômica considerou impraticável
fazer tal economia até o final do
ano. Trata-se de uma demonstração de que o país está preocupado
com sua solvência, sua capacidade de pagar dívidas e de não aumentá-las. Por fim, a maior novidade, o governo vai recomprar títulos da dívida externa brasileira.
Isto é, vai pagar parte de sua dívida, o que deve derrubar o risco
país e baixar um pouco os juros
exigidos do governo e das empresas endividadas no exterior. As
medidas para conter o pânico nos
mercados foram anunciadas ontem pela equipe econômica.
Segundo analistas de mercado,
o grande teste do "pacote calmante" ocorre daqui até meados da
semana que vem, quando vence
cerca de US$ 2,5 bilhões da dívida
pública e quando o Banco Central
define a nova meta da taxa básica
de juros da economia. As dúvidas
do mercado estão centradas em
dois pontos. Primeiro, como o governo vai lidar com a política monetária. Isto é, se vai reduzir a
quantidade de dinheiro em circulação e especulação por meio da
redução do dinheiro que os bancos podem emprestar -o aumento dos depósitos compulsórios. O mercado também não sabe o que o Banco Central vai fazer
da meta da taxa Selic (a taxa básica de juros da economia), que será definida na quarta-feira que vem. Segundo, o mercado não sabe como e se o Brasil vai intervir no preço do dólar e como vai renovar os empréstimos (rolar os títulos da dívida) daqui em diante. O mercado quer oferecer empréstimos (comprar títulos) cada vez mais curtos, temendo a incerteza gerada pela mudança de governo.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Reportagem Local
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