|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Superávit maior manterá cortes orçamentários
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do esforço fiscal do governo neste ano poderá fazer com que os cortes orçamentários atuais, de R$ 17,7 bilhões, sejam mantidos mesmo após a aprovação da prorrogação da CPMF (imposto do cheque). Ou seja, reduz os gastos públicos.
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que "certamente haverá alguma liberação", mas não se comprometeu com valores. O governo anunciou que o setor público (governo federal, Estados, municípios e estatais) vai economizar neste ano mais R$ 2,7 bilhões em lucros e receitas de impostos além dos R$ 46 bilhões já
previstos.
Portanto, o superávit primário
(a economia de receitas para pagamento de juros) vai passar de
3,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) para 3,75%. Ontem, Malan
sugeriu que o novo percentual
também seja perseguido em 2003
pelo próximo governo.
Embora o objetivo dos superávits seja a estabilização da dívida
pública em relação ao PIB, Malan
não citou as expectativas do governo nessa área.
Hoje, a dívida do setor público
(já descontado o que os governos
têm a receber da sociedade) representa 55% do PIB. Em 98, no
primeiro acordo com o Fundo
Monetário Internacional, o objetivo era estabilizar a dívida em
46,5% do PIB.
Nos últimos dias, o mercado financeiro vinha sugerindo que o
superávit primário aumentasse
para algo entre 4% e 6% do PIB.
Cortes
O governo cortou R$ 12,4 bilhões do Orçamento de 2002 em
fevereiro e mais R$ 5,3 bilhões em
maio. O Orçamento deste ano
tem receitas de R$ 320,7 bilhões e
despesas de R$ 290,9 bilhões.
O último corte foi feito para
compensar um possível atraso na
prorrogação da CPMF (R$ 3,8 bilhões) e um aumento nas despesas de pessoal (R$ 1 bilhão) e no déficit da Previdência Social (R$
500 milhões).
Com a aprovação da CPMF na
quarta-feira, havia uma expectativa de liberação de R$ 3,8 bilhões,
embora o governo já tivesse alertado que ela seria gradual. Agora,
a cautela será redobrada.
O governo espera que a colaboração para um superávit maior
venha principalmente de Estados
e municípios. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda,
Amaury Bier, disse que entre janeiro e abril esses governos conseguiram economizar 1,1% do
PIB, quando o objetivo era 0,7%.
"Mas o número pode piorar por
causa dos gastos em período eleitoral, exigindo uma compensação
do governo federal", disse Bier.
Ele explicou, porém, que, pelo cenário atual, não serão necessárias
novas medidas para atingir o superávit deste ano ou do próximo.
A mudança nos números do superávit primário não envolverão
modificações na Lei de Diretrizes
Orçamentárias pois a legislação
fixa apenas as "metas mínimas".
"Nada impede que o governo
atinja um número maior", disse.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: FHC diz que investimento externo se mantém Índice
|