São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

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Tensão aumenta busca por renda fixa e DI

Após prejuízos nos fundos de renda variável nos últimos dias, aplicação ancorada em juros passa a ser mais procurada

Quem mais perdeu com a turbulência recente foram investidores dos fundos de privatização, os do PIBB e os dos fundos de ações


SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O investidor de varejo buscou abrigo nos tradicionais fundos DI e de renda fixa nos primeiros dias de junho, após sofrer pesadas perdas nas cinco semanas de volatilidade que atingiu os fundos de renda variável desde o dia 9 de maio.
Os DI, que nos últimos quatro meses haviam sofrido resgates de R$ 2,5 bilhões, apresentaram captação positiva de R$ 102 milhões entre os dias 1º e 9 deste mês. Já os renda fixa captaram R$ 56 milhões, segundo dados do site Fortuna.
Os multimercados sofreram saques de R$ 35 milhões no início do mês, e os de ações captaram magros R$ 5 milhões. "Há uma realocação de aplicações dentro da própria indústria de fundos, por enquanto não há fuga de investidores", diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. Nas últimas cinco semanas a captação líquida (aplicações menos resgates) dos fundos de investimento foi de R$ 1,1 bilhão e no ano está em R$ 43,1 bilhões.
Quem mais perdeu com a turbulência que vem varrendo o mercado desde o dia 9 de maio foram os investidores dos fundos de privatização, os de PIBB (o fundo de ações do BNDES) e os dos fundos de ações. Daquela data até a sexta-feira, última cota disponível, os PIBB acumulavam rentabilidade negativa de 16,85%, mas ainda estavam com ganho de 4,37% no ano. "Com as quedas da Bolsa na segunda-feira e ontem, eles certamente entraram no vermelho no acumulado do ano", diz D'Agosto .
Já os fundos de privatização, apesar das fortes perdas nas últimas cinco semanas, continuam com ganho no ano de 11,11% (fundos com recursos próprios) e de 11,70% (fundos com recursos do FGTS). E os fundos de ações que tiveram um prejuízo de 14,14% desde que começou o período de turbulência ainda estavam rendendo 6,59% no ano, antes de a Bolsa cair 6,35% nos últimos dois dias. Também eles estão roçando o vermelho.

Realocação
Fábio Colombo, consultor de investimentos, diz que o impacto dos prejuízos nos fundos vai se refletir em realocações ao longo deste mês. "Os extratos mostrando as perdas começam a chegar à casa do investidor. Daqui para a frente é que vai ser possível observar a reação das pessoas", diz ele.
Para Colombo, saques de fundos após períodos de prejuízo são mais ou menos recorrentes. "As pessoas entram em pânico quando há uma queda forte, principalmente nos fundos de ações e multimercados", diz.
Embora na média os multimercados tenha registrado prejuízo de 5,12% nas cinco semanas de turbulência -menos que os demais fundos de renda variável-, foram eles que sofreram os maiores saques neste início de mês entre os fundos de varejo.
Para D'Agosto, o investidor pessoa física está fazendo o mesmo movimento que os investidores internacionais: fugindo de ativos de maior risco e buscando rendimentos menores -ancorados em taxa de juros-, mas menos voláteis.
"No início do ano o investidor foi para fundos de ações e multimercados, em busca de maior rentabilidade. Agora, está havendo uma reversão de tendência", diz. O dado positivo, segundo ele, é que a própria indústria de fundos possibilita a migração de ativos voláteis para outros de menor risco.


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