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Tensão aumenta busca por renda fixa e DI
Após prejuízos nos fundos de renda variável nos últimos dias, aplicação ancorada em juros passa a ser mais procurada
Quem mais perdeu com a turbulência recente foram investidores dos fundos de privatização, os do PIBB
e os dos fundos de ações
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O investidor de varejo buscou abrigo nos tradicionais
fundos DI e de renda fixa nos
primeiros dias de junho, após
sofrer pesadas perdas nas cinco
semanas de volatilidade que
atingiu os fundos de renda variável desde o dia 9 de maio.
Os DI, que nos últimos quatro meses haviam sofrido resgates de R$ 2,5 bilhões, apresentaram captação positiva de
R$ 102 milhões entre os dias 1º
e 9 deste mês. Já os renda fixa
captaram R$ 56 milhões, segundo dados do site Fortuna.
Os multimercados sofreram
saques de R$ 35 milhões no início do mês, e os de ações captaram magros R$ 5 milhões. "Há
uma realocação de aplicações
dentro da própria indústria de
fundos, por enquanto não há
fuga de investidores", diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. Nas últimas cinco semanas
a captação líquida (aplicações
menos resgates) dos fundos de
investimento foi de R$ 1,1 bilhão e no ano está em R$ 43,1
bilhões.
Quem mais perdeu com a
turbulência que vem varrendo
o mercado desde o dia 9 de
maio foram os investidores dos
fundos de privatização, os de
PIBB (o fundo de ações do
BNDES) e os dos fundos de
ações. Daquela data até a sexta-feira, última cota disponível, os
PIBB acumulavam rentabilidade negativa de 16,85%, mas ainda estavam com ganho de
4,37% no ano. "Com as quedas
da Bolsa na segunda-feira e ontem, eles certamente entraram
no vermelho no acumulado do
ano", diz D'Agosto .
Já os fundos de privatização,
apesar das fortes perdas nas últimas cinco semanas, continuam com ganho no ano de
11,11% (fundos com recursos
próprios) e de 11,70% (fundos
com recursos do FGTS). E os
fundos de ações que tiveram
um prejuízo de 14,14% desde
que começou o período de turbulência ainda estavam rendendo 6,59% no ano, antes de a
Bolsa cair 6,35% nos últimos
dois dias. Também eles estão
roçando o vermelho.
Realocação
Fábio Colombo, consultor de
investimentos, diz que o impacto dos prejuízos nos fundos
vai se refletir em realocações ao
longo deste mês. "Os extratos
mostrando as perdas começam
a chegar à casa do investidor.
Daqui para a frente é que vai ser
possível observar a reação das
pessoas", diz ele.
Para Colombo, saques de
fundos após períodos de prejuízo são mais ou menos recorrentes. "As pessoas entram em pânico quando há uma queda forte, principalmente nos fundos
de ações e multimercados", diz.
Embora na média os multimercados tenha registrado prejuízo de 5,12% nas cinco semanas de turbulência -menos
que os demais fundos de renda
variável-, foram eles que sofreram os maiores saques neste
início de mês entre os fundos
de varejo.
Para D'Agosto, o investidor
pessoa física está fazendo o
mesmo movimento que os investidores internacionais: fugindo de ativos de maior risco e
buscando rendimentos menores -ancorados em taxa de juros-, mas menos voláteis.
"No início do ano o investidor foi para fundos de ações e
multimercados, em busca de
maior rentabilidade. Agora, está havendo uma reversão de
tendência", diz. O dado positivo, segundo ele, é que a própria
indústria de fundos possibilita
a migração de ativos voláteis
para outros de menor risco.
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