São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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Instabilidade brasileira leva o investidor a trocar país pela Coréia

DE WASHINGTON

A Coréia do Sul, um dos berços da crise asiática de 1997, atraiu grande parte dos investimentos que saíram do Brasil nos últimos meses. Dados de fundos de investimentos em países emergentes obtidos pela Folha mostram o país na liderança da corrida por recursos nesses fundos, com cerca de 20% do total do bolo.
Enquanto isso, o Brasil, que havia chegado a 16,31% em abril de 1998, recebeu apenas 8,82% desses recursos em junho passado, numa queda de 46% entre os dois picos. A Coréia do Sul passou de 12,61% para 19,77% em apenas um ano. O Brasil caiu de 10,07% para 8,82% no mesmo período.
Esses números refletem não só os problemas da economia brasileira, mas também o círculo virtuoso da economia sul-coreana que, movida por exportações, deverá crescer 6,8% em 2002.
O principal índice da Bolsa de Valores do país subiu 31% no último ano.
Embora sua fatia no bolo dos fundos emergentes tenha caído de 12,41% para 9,45%, o México continua à frente do Brasil, assim como Taiwan -que ficou com 10,88% do total do volume desses fundos. A Argentina tinha 0,66% em julho de 2001, pouco antes de sua economia entrar em colapso. Agora, tem 0,11%.
Fundos emergentes são "clubes" cujos sócios reservam recursos para investir em países com economias em desenvolvimento. Embora o volume total desses fundos tenha caído drasticamente nos últimos cinco anos, Coréia do Sul e Taiwan vêm atraindo recursos quase ininterruptamente no último ano, como resultado da crise econômica da América Latina e da vitalidade de suas próprias exportações.
Outro país personagem da crise asiática, a Tailândia aumentou sua participação no bolo de 2,25% para 3,18% no último ano. Assim como a Malásia, que, apesar de ter imposto controles de capital, saltou de 1,99% para 3,84%. A China tem 5,05% dos recursos dos fundos emergentes. A Índia, 4,54%.

Melhores e piores
Os dados sobre investimentos nos fundos são da eMergingPortfolio.com e começaram a ser apurados em janeiro de 1996.
Naquele mês, o Brasil tinha 10,06% do bolo dos fundos de emergentes. O maior resultado alcançado pelo país, os 16,31% em abril de 1998, foi registrado pouco antes da crise russa e refletia o ápice do ciclo virtuoso da economia brasileira.
O pior resultado do Brasil, em termos de participação nos fundos, 6,53%, em fevereiro de 1999, foi registrado logo depois da desvalorização do real. (MARCIO AITH)


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