São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

BC dos EUA mantém juro em 1,75% ao ano, mas sinaliza que pode cortar taxa se ritmo continuar lento

Fed vê fraqueza nos EUA, mas mantém juro

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O Federal Reserve (banco central dos EUA) decidiu ontem manter os juros americanos em 1,75% ao ano e, pela primeira vez em oito meses, sinalizou que poderá cortar essa taxa no futuro, para neutralizar os efeitos dos escândalos corporativos e da crise nos mercados financeiros.
A manutenção dos juros era amplamente esperada por investidores. No entanto, a intenção do Fed de promover mais um corte, talvez já na reunião de 24 de setembro, revela um pessimismo com relação ao futuro da economia americana.
"Existe um risco considerável de surgirem condições que podem gerar fraqueza econômica", informa o comunicado divulgado pelo Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed, a principal instância de política monetária dos Estados Unidos.
Em suas últimas cinco reuniões, o comitê demostrara otimismo com relação à recuperação da economia norte-americana. Esse otimismo, reafirmado por um crescimento de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, mostrou-se sem fundamento. A economia cresceu apenas 1,1% no segundo trimestre, bancos reduziram drasticamente seus empréstimos e o número de concordatas de grandes companhias aumentou.
Ao analisar os motivos pelos quais a economia dos EUA não cresceu como o Fed esperava, o comunicado divulgado ontem faz menção ao estrago causado nos negócios pelos escândalos corporativos.
"A desaceleração no aumento da demanda agregada verificada na primavera foi prolongada, em grande medida, pela fraqueza dos mercados financeiros e a incerteza intensificada relacionada aos problemas na contabilidade e governança das grandes empresas", diz a minuta.

Fé na produtividade
O Fed exibiu uma única nota de otimismo ao prever que a simples manutenção dos juros e a manutenção dos atuais índices de produtividade da indústria americana serão suficientes para dar início à retomada da economia.
"A postura acomodável atual da política monetária, somada ao aumento subjacente de sua produtividade, que ainda é forte, deve bastar para fomentar um clima empresarial melhor."
Em 2001, o Fed cortou os juros 11 vezes, reduzindo a taxa dos 6,5% registrados no final de 2000 para os atuais 1,75% - a menor taxa desde 1961. Entre setembro e dezembro, nos meses subsequentes aos atentados de 11 de setembro, os juros foram cortados quatro vezes para conter o impacto dos ataques terroristas.
Desde abril de 2000, US$ 7 trilhões evaporaram das Bolsas norte-americanas. A taxa que o Fed manteve inalterada é a de empréstimos concedidos de um banco para outro no "overnight" (em apenas um dia). Essa taxa baliza a maioria dos empréstimos concedidos a empresas e pessoas físicas.


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