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ÁGUIA EM TRANSE
BC dos EUA mantém juro em 1,75% ao ano, mas sinaliza que pode cortar taxa se ritmo continuar lento
Fed vê fraqueza nos EUA, mas mantém juro
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O Federal Reserve (banco central dos EUA) decidiu ontem
manter os juros americanos em
1,75% ao ano e, pela primeira vez
em oito meses, sinalizou que poderá cortar essa taxa no futuro,
para neutralizar os efeitos dos escândalos corporativos e da crise
nos mercados financeiros.
A manutenção dos juros era
amplamente esperada por investidores. No entanto, a intenção do
Fed de promover mais um corte,
talvez já na reunião de 24 de setembro, revela um pessimismo
com relação ao futuro da economia americana.
"Existe um risco considerável
de surgirem condições que podem gerar fraqueza econômica",
informa o comunicado divulgado
pelo Comitê Federal de Mercado
Aberto do Fed, a principal instância de política monetária dos Estados Unidos.
Em suas últimas cinco reuniões,
o comitê demostrara otimismo
com relação à recuperação da
economia norte-americana. Esse
otimismo, reafirmado por um
crescimento de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro
trimestre, mostrou-se sem fundamento. A economia cresceu apenas 1,1% no segundo trimestre,
bancos reduziram drasticamente
seus empréstimos e o número de
concordatas de grandes companhias aumentou.
Ao analisar os motivos pelos
quais a economia dos EUA não
cresceu como o Fed esperava, o
comunicado divulgado ontem faz
menção ao estrago causado nos
negócios pelos escândalos corporativos.
"A desaceleração no aumento
da demanda agregada verificada
na primavera foi prolongada, em
grande medida, pela fraqueza dos
mercados financeiros e a incerteza intensificada relacionada aos
problemas na contabilidade e governança das grandes empresas",
diz a minuta.
Fé na produtividade
O Fed exibiu uma única nota de
otimismo ao prever que a simples
manutenção dos juros e a manutenção dos atuais índices de produtividade da indústria americana serão suficientes para dar início à retomada da economia.
"A postura acomodável atual da
política monetária, somada ao aumento subjacente de sua produtividade, que ainda é forte, deve
bastar para fomentar um clima
empresarial melhor."
Em 2001, o Fed cortou os juros
11 vezes, reduzindo a taxa dos
6,5% registrados no final de 2000
para os atuais 1,75% - a menor
taxa desde 1961. Entre setembro e
dezembro, nos meses subsequentes aos atentados de 11 de setembro, os juros foram cortados quatro vezes para conter o impacto
dos ataques terroristas.
Desde abril de 2000, US$ 7 trilhões evaporaram das Bolsas norte-americanas. A taxa que o Fed manteve inalterada é a de empréstimos concedidos de um banco
para outro no "overnight" (em apenas um dia). Essa taxa baliza a maioria dos empréstimos concedidos a empresas e pessoas físicas.
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