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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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SOCORRO

Após IBGE divulgar forte queda nas vendas do comércio, empresário diz que a Fazenda estuda novas medidas de apoio

Governo vai ajudar mais setores, diz Fiesp

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

No mesmo dia em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o comércio sofreu retração pelo sétimo mês seguido, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) diz ter obtido do governo a perspectiva de liberação de mecanismos de apoio para setores da economia como construção civil e bens de consumo duráveis relacionados à chamada "linha branca" (eletrodomésticos).
A informação foi dada ontem pelo presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, após reunião com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). "O ministro está estudando [apoio a outros setores]. Qualquer setor que possa gerar um pouco de consumo em uma ponta e emprego pela outra vai ter apoio", disse Piva. Procurado por meio da assessoria de imprensa, Palocci não quis comentar as declarações.
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que é importante estimular o consumo popular para conseguir vender "o que está encalhado".
O comércio enfrenta forte crise no país. De acordo com dados divulgados ontem, o volume de vendas do setor varejista caiu 5,57% no primeiro semestre deste ano, em comparação com os seis primeiros meses de 2002 -a maior queda para um primeiro semestre desde que o índice passou a ser medido, em 2001.
Segundo Mercadante, o governo estuda tanto medidas de incentivo fiscal (redução de impostos) quanto o barateamento e a ampliação do acesso ao crédito. Mercadante lembrou que o aumento do consumo de eletrodomésticos movimenta outros setores relacionados às matérias-primas necessárias a sua fabricação: borrachas, tintas e o setor metal-mecânico, por exemplo.
O senador explicou que essas medidas devem ser temporárias, como foi feito na redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a indústria automobilística, que aconteceu este mês. A redução vai até novembro.
Para que o crescimento seja sustentado, é necessário um programa de investimentos em infra-estrutura, lembrou Mercadante.
As linhas de financiamento mais baratas para a compra de bens duráveis estão em análise no Ministério da Fazenda e deverão atingir a população de renda mais baixa. Essas linhas seriam utilizadas para a compra de geladeira, fogão, forno microondas e outros produtos que fazem parte da "linha branca", o que estimularia a indústria e o comércio.

Emprego em queda
Dados da Fiesp mostram que o nível de emprego no setor industrial em São Paulo completou em julho o quarto mês seguido de queda. Foram fechados 1.213 postos de trabalho no mês passado.
Na reunião de ontem com o ministro da Fazenda, Piva também mostrou preocupação com setores da economia, principalmente exportadores, que estão utilizando quase toda a sua capacidade instalada, como papel e celulose e siderurgia.
Durante a conversa, exatamente uma semana antes da decisão de Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que fixa a taxa básica de juros, Piva voltou a pedir uma redução mais agressiva das taxas de juros.
"O ministro, como todo bom ministro da Fazenda, registrou apenas. Ele concorda que nós estamos trabalhando com um patamar muito alto de taxa de juros", afirmou o presidente da Fiesp. A taxa básica de juros (Selic) está em 24,5% ao ano.
Para Piva, o segundo semestre será melhor, mas o aumento da produção vai atrasar por causa do baixo consumo do primeiro semestre. "De agosto a setembro vamos ter muito esforço para desovar estoques."


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