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SOCORRO
Após IBGE divulgar forte queda nas vendas do comércio, empresário diz que a Fazenda estuda novas medidas de apoio
Governo vai ajudar mais setores, diz Fiesp
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE
No mesmo dia em que o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) divulgou que o comércio sofreu retração pelo sétimo mês seguido, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) diz ter obtido do governo a perspectiva de liberação
de mecanismos de apoio para setores da economia como construção civil e bens de consumo duráveis relacionados à chamada "linha branca" (eletrodomésticos).
A informação foi dada ontem
pelo presidente da Fiesp, Horacio
Lafer Piva, após reunião com o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda). "O ministro está estudando [apoio a outros setores].
Qualquer setor que possa gerar
um pouco de consumo em uma
ponta e emprego pela outra vai ter
apoio", disse Piva. Procurado por
meio da assessoria de imprensa,
Palocci não quis comentar as declarações.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que é importante estimular o
consumo popular para conseguir
vender "o que está encalhado".
O comércio enfrenta forte crise
no país. De acordo com dados divulgados ontem, o volume de
vendas do setor varejista caiu
5,57% no primeiro semestre deste
ano, em comparação com os seis
primeiros meses de 2002 -a
maior queda para um primeiro
semestre desde que o índice passou a ser medido, em 2001.
Segundo Mercadante, o governo estuda tanto medidas de incentivo fiscal (redução de impostos) quanto o barateamento e a
ampliação do acesso ao crédito.
Mercadante lembrou que o aumento do consumo de eletrodomésticos movimenta outros setores relacionados às matérias-primas necessárias a sua fabricação:
borrachas, tintas e o setor metal-mecânico, por exemplo.
O senador explicou que essas
medidas devem ser temporárias,
como foi feito na redução do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) para a indústria automobilística, que aconteceu este
mês. A redução vai até novembro.
Para que o crescimento seja sustentado, é necessário um programa de investimentos em infra-estrutura, lembrou Mercadante.
As linhas de financiamento
mais baratas para a compra de
bens duráveis estão em análise no
Ministério da Fazenda e deverão
atingir a população de renda mais
baixa. Essas linhas seriam utilizadas para a compra de geladeira,
fogão, forno microondas e outros
produtos que fazem parte da "linha branca", o que estimularia a
indústria e o comércio.
Emprego em queda
Dados da Fiesp mostram que o
nível de emprego no setor industrial em São Paulo completou em
julho o quarto mês seguido de
queda. Foram fechados 1.213 postos de trabalho no mês passado.
Na reunião de ontem com o ministro da Fazenda, Piva também
mostrou preocupação com setores da economia, principalmente
exportadores, que estão utilizando quase toda a sua capacidade
instalada, como papel e celulose e
siderurgia.
Durante a conversa, exatamente
uma semana antes da decisão de
Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que fixa a taxa básica de juros, Piva voltou a pedir uma redução mais
agressiva das taxas de juros.
"O ministro, como todo bom
ministro da Fazenda, registrou
apenas. Ele concorda que nós estamos trabalhando com um patamar muito alto de taxa de juros",
afirmou o presidente da Fiesp. A
taxa básica de juros (Selic) está em
24,5% ao ano.
Para Piva, o segundo semestre
será melhor, mas o aumento da
produção vai atrasar por causa do
baixo consumo do primeiro semestre. "De agosto a setembro vamos ter muito esforço para desovar estoques."
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