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LUÍS NASSIF
Fundos e investimento
Um dos dilemas brasileiros
é como financiar o desenvolvimento, quando o espetáculo começar. Existe uma ferramenta preciosa à mão, que
poderá ser acionada assim que
o país vencer o enorme desafio
de inverter o crescimento da dívida pública.
Hoje em dia a relação investimento/PIB é de 16%. A relação dívida interna/PIB é de
52%, por conta das inconsequências da era Pedro Malan.
Se a política macroeconômica
baixar os juros e conseguir reduzir essa relação para 42%
(conforme meta explícita do
Banco Central para 2011), ganham-se dez pontos percentuais para investimento. A
questão relevante é que não
falta poupança interna para financiar o desenvolvimento, só
que ela vai inteiramente para
financiar a dívida pública. E
ela está alocada basicamente
na indústria de fundos.
O Brasil tem a maior e mais
diversificada indústria de fundos entre todos os países emergentes. Presidente da BB
DTVM, Nelson Rocha Augusto
lembra que a indústria de fundos brasileira tem ativos no valor de um terço do PIB. Dos R$
450 bilhões, R$ 350 bilhões estão aplicados em títulos públicos. Só a BB DTVM tem US$ 30
bilhões em ativos, contra US$
27 bilhões de toda indústria do
México.
Depois de passado o susto
com a eleição de Lula, a indústria não pára de crescer. Só a
BB DTVM aumentou sua captação em R$ 13 bilhões. Hoje
em dia esse dinheiro vai para
títulos do governo. Bastaria
uma redução na oferta dos títulos -por conta da diminuição da dívida pública- para
disponibilizar uma dinheirama no mercado, para financiar
o desenvolvimento. Os gestores
terão que buscar ativos com
rentabilidade para substituir
títulos públicos. E aí se terá que
preparar o ambiente para essa
realocação.
É erro pensar que o sistema
bancário é quem irá prover recursos para financiar empresas
e consumo, diz Nelson. No
mundo inteiro, o funding é dado pelos fundos, financiando a
produção por meio de debêntures e o consumo por meio de
instrumentos como os Fundos
de Direitos Creditórios (recebíveis, já regulamentados no
Brasil).
A tarefa é começar, agora, a
preparar o país para quando o
jogo começar a ser jogado.
Há muitos desafios pela frente. Primeiro, a necessidade de
alargar o mercado de capitais e
mudar a cabeça das empresas
nacionais para que abram capital. O segundo, tratar de um
conflito de interesse óbvio entre
departamentos dos bancos.
Quando se coloca a indústria
de fundos para financiar o desenvolvimento, tira-se parte da
intermediação financeira dos
bancos, que descontam duplicata e financiam consumo. Daí
a necessidade de regulamentações adequadas e do fortalecimento da CVM, para que amplie seu papel, atualmente meramente fiscalizatório, para o
de coordenador de ações visando planos de desenvolvimento.
Mas o caminho das pedras
passa por aí se o Banco Central
não elevar a dívida pública a
níveis sem retorno.
Turismo
Empresários do setor que participaram nesta semana de reunião de planejamento do
Ministério do Turismo estão eufóricos com a consistência do plano apresentado. Garantem que vem revolução na área.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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