São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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ENERGIA

Desvalorização do real e queda na produção afetam resultado; para empresa, decisão de segurar preços teve impacto menor

Lucro da Petrobras cai 17% no 1º semestre

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras anunciou ontem uma queda de 17% no lucro líquido no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2003.
De um ganho recorde de R$ 9,372 bilhões nos seis primeiros meses de 2003, a estatal obteve um lucro líquido de R$ 7,807 bilhões neste semestre. Segundo o balanço, a estatal estava avaliada em 30 de junho em R$ 90 bilhões.
No primeiro trimestre deste ano, a empresa já havia registrado uma queda de 28% no lucro em comparação ao mesmo período do ano passado. À época do anúncio, o diretor financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, afirmou que a decisão de não aumentar os preços dos combustíveis havia influenciado no desempenho da estatal.
Apesar disso, Gabrielli disse ontem que a decisão de manter os preços dos combustíveis mesmo com a alta do petróleo no mercado internacional não foi o que mais pesou na queda registrada no balanço em todo o semestre.
Para ele, houve duas causas principais: desvalorização do real e queda na produção de petróleo, refletida principalmente pela paralisação para manutenção por dois meses e meio de refinaria do Paraná. Para comprovar sua tese, o diretor enfatizou que o lucro líquido do segundo trimestre deste ano -R$ 3,835 bilhões- foi praticamente igual ao do segundo trimestre do ano passado -R$ 3,827 bilhões.
"Tivemos um efeito negativo muito grande da variação cambial, que afetou nossos resultados. Saímos de uma situação de apreciação do câmbio para uma situação de depreciação." Com relação à variação cambial, Gabrielli afirmou que a estatal passou de R$ 3,3 bilhões de ganhos no primeiro semestre de 2003 para uma perda de R$ 1,1 bilhão no primeiro semestre deste ano.
"As paradas nas refinarias, principalmente do Paraná, fizeram com que tivéssemos que importar um volume de óleo leve maior do que normalmente", completou.
"Do lado positivo, tivemos aumento no número de vendas, e, por isso, conseguimos um equilíbrio na comparação entre os trimestres deste ano e do ano passado." As vendas no mercado interno aumentaram 7% na comparação semestral.
Já a produção de petróleo caiu 5% em relação ao semestre anterior -de 1,543 milhão de barris diários de petróleo nos seis primeiros meses de 2003 para 1,468 milhão neste semestre. Por outro lado, a importação de petróleo aumentou 54% -passou de 295 mil barris diários para 455 mil.

Comparação
Durante a entrevista, Gabrielli fez questão de ressaltar o resultado praticamente igual do segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre do ano passado, e não a queda do lucro líquido na relação semestre a semestre.
Só após muita insistência, ele admitiu que a falta de reajustes pode ter influenciado o desempenho da estatal. E, mesmo assim, de uma forma branda. "Quando nós olhamos semestre a semestre, existem duas variáveis. No primeiro semestre de 2003, tivemos uma excepcional variação de preços [dos combustíveis], combinada com câmbio favorável, que não tivemos agora." De acordo com ele, ainda não há definição sobre reajustes de combustíveis.
No resultado do semestre, a Petrobras teve receita operacional líquida (recurso obtido com a operação principal da empresa) de R$ 50,435 bilhões, 5% maior do que os R$ 47,891 bilhões registrados no primeiros seis meses de 2003.
Em compensação, o resultado financeiro caiu de um saldo positivo de R$ 2,238 bilhões no primeiro semestre de 2003 para um negativo de R$ 1,945 bilhões em igual período deste ano. Segundo a Petrobras, a redução do resultado financeiro foi causada pela depreciação do real, que refletiu na redução do lucro líquido em R$ 2,106 bilhões.
Também houve uma queda de 4% nos investimentos no semestre. De acordo com a Petrobras, a causa principal foram os entraves para a obtenção de licenças ambientais no setor de gasodutos.


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