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ENERGIA
Desvalorização do real e queda na produção afetam resultado; para empresa, decisão de segurar preços teve impacto menor
Lucro da Petrobras cai 17% no 1º semestre
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou ontem
uma queda de 17% no lucro líquido no primeiro semestre deste
ano em comparação ao mesmo
período de 2003.
De um ganho recorde de R$
9,372 bilhões nos seis primeiros
meses de 2003, a estatal obteve
um lucro líquido de R$ 7,807 bilhões neste semestre. Segundo o
balanço, a estatal estava avaliada
em 30 de junho em R$ 90 bilhões.
No primeiro trimestre deste
ano, a empresa já havia registrado
uma queda de 28% no lucro em
comparação ao mesmo período
do ano passado. À época do
anúncio, o diretor financeiro da
Petrobras, José Sérgio Gabrielli de
Azevedo, afirmou que a decisão
de não aumentar os preços dos
combustíveis havia influenciado
no desempenho da estatal.
Apesar disso, Gabrielli disse ontem que a decisão de manter os
preços dos combustíveis mesmo
com a alta do petróleo no mercado internacional não foi o que
mais pesou na queda registrada
no balanço em todo o semestre.
Para ele, houve duas causas
principais: desvalorização do real
e queda na produção de petróleo,
refletida principalmente pela paralisação para manutenção por
dois meses e meio de refinaria do
Paraná. Para comprovar sua tese,
o diretor enfatizou que o lucro líquido do segundo trimestre deste
ano -R$ 3,835 bilhões- foi praticamente igual ao do segundo trimestre do ano passado -R$
3,827 bilhões.
"Tivemos um efeito negativo
muito grande da variação cambial, que afetou nossos resultados.
Saímos de uma situação de apreciação do câmbio para uma situação de depreciação." Com relação
à variação cambial, Gabrielli afirmou que a estatal passou de R$
3,3 bilhões de ganhos no primeiro
semestre de 2003 para uma perda
de R$ 1,1 bilhão no primeiro semestre deste ano.
"As paradas nas refinarias, principalmente do Paraná, fizeram
com que tivéssemos que importar
um volume de óleo leve maior do
que normalmente", completou.
"Do lado positivo, tivemos aumento no número de vendas, e,
por isso, conseguimos um equilíbrio na comparação entre os trimestres deste ano e do ano passado." As vendas no mercado interno aumentaram 7% na comparação semestral.
Já a produção de petróleo caiu
5% em relação ao semestre anterior -de 1,543 milhão de barris
diários de petróleo nos seis primeiros meses de 2003 para 1,468
milhão neste semestre. Por outro
lado, a importação de petróleo
aumentou 54% -passou de 295
mil barris diários para 455 mil.
Comparação
Durante a entrevista, Gabrielli
fez questão de ressaltar o resultado praticamente igual do segundo
trimestre deste ano em relação ao
trimestre do ano passado, e não a
queda do lucro líquido na relação
semestre a semestre.
Só após muita insistência, ele
admitiu que a falta de reajustes
pode ter influenciado o desempenho da estatal. E, mesmo assim,
de uma forma branda. "Quando
nós olhamos semestre a semestre,
existem duas variáveis. No primeiro semestre de 2003, tivemos
uma excepcional variação de preços [dos combustíveis], combinada com câmbio favorável, que não
tivemos agora." De acordo com
ele, ainda não há definição sobre
reajustes de combustíveis.
No resultado do semestre, a Petrobras teve receita operacional líquida (recurso obtido com a operação principal da empresa) de R$
50,435 bilhões, 5% maior do que
os R$ 47,891 bilhões registrados
no primeiros seis meses de 2003.
Em compensação, o resultado
financeiro caiu de um saldo positivo de R$ 2,238 bilhões no primeiro semestre de 2003 para um
negativo de R$ 1,945 bilhões em
igual período deste ano. Segundo
a Petrobras, a redução do resultado financeiro foi causada pela depreciação do real, que refletiu na
redução do lucro líquido em R$
2,106 bilhões.
Também houve uma queda de
4% nos investimentos no semestre. De acordo com a Petrobras, a
causa principal foram os entraves
para a obtenção de licenças ambientais no setor de gasodutos.
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