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Nem incentivo a veículos anima vendas nos EUA
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
As vendas do comércio norte-americano voltaram a cair
em julho passado, mostrando
mais uma vez que a recuperação da economia e do emprego
nos Estados Unidos tende a ser
muito lenta.
Embora a queda tenha sido
de apenas 0,1% no total, o recuo
alcança 0,6% se forem excluídas do cálculo as vendas de veículos. Em junho, as vendas totais haviam crescido 0,8%.
A maioria das previsões indicava aumento da atividade comercial em julho entre 0,5% e
1%. Principalmente por conta
do setor de veículos. Ele recebeu cerca de US$ 1 bilhão em
ajuda estatal para incentivar os
motoristas a trocar automóveis
"bebedores" por veículos mais
eficientes em termos de consumo de combustível.
O Congresso já renovou esse
programa, e outros US$ 2 bilhões devem ser destinados a
essas trocas nos próximos meses. Os descontos aos compradores chegam a US$ 4.500.
Ontem, por conta do programa e diante do aumento da demanda, a montadora Ford (a
única das três grandes no país a
não entrar em concordata)
anunciou que produzirá 18%
mais veículos neste ano na
comparação com 2008, para
um total de 495 mil unidades.
Mas em outra indicação de
que o consumo (responsável
por 70% do PIB dos Estados
Unidos) continua em "ponto
morto", o Wal-Mart, maior rede de varejo do mundo, divulgou que as vendas em suas lojas
caíram durante o segundo trimestre do ano.
Na análise da empresa, o consumo deverá continuar "contido" ao longo do ano.
Apesar da queda nas vendas
entre abril e junho, a rentabilidade do Wal-Mart melhorou
como reflexo de uma agressiva
política de corte de gastos, demissões de funcionários e redução de estoques.
Esse é o caminho que vários
setores da economia vêm seguindo nesta crise como forma
de melhorar a remuneração de
seus acionistas mesmo em um
ambiente recessivo. As ações
do Wal-Mart, por exemplo, subiram 1,7% ontem, apesar de as
vendas terem caído 1,4% no trimestre.
Um informe separado da empresa de análise do mercado
imobiliário RealtyTrac mostrou ainda que segue elevado o
volume de ordens de despejo
contra mutuários no país. Em
julho, 7% mais residências foram notificadas.
Hoje, 1 em cada 355 residências nos EUA já recebeu pelo
menos uma notificação de despejo ou de atraso no pagamento
de prestações imobiliárias.
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