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LUÍS NASSIF
A hora do turismo
Um dos poucos trabalhos sistemáticos de administração
pública, conduzidos ao longo
dos últimos anos, tem sido no
âmbito da Embratur. Um planejamento bem conduzido levou à criação de uma estrutura de agentes de turismo municipais e a uma série de iniciativas visando consolidar a
cultura de turismo no âmbito
dos municípios.
A política cambial dos últimos anos impediu o florescimento desse turismo interno,
por tornar as viagens ao exterior muito mais competitivas.
Mesmo assim, permitiu alguns números expressivos. A
Organização Mundial de Turismo estima que o turismo,
no Brasil, é atividade de US$
38 bilhões de faturamento direto e indireto. Recolhe US$ 7
bilhões de impostos diretos e
indiretos. É responsável por 5
milhões de empregos, 4,8 milhões de turistas estrangeiros,
38,2 milhões de turistas domésticos, US$ 3,6 bilhões de
ingressos de divisas e US$ 13,2
bilhões de receitas diretas com
o turismo interno.
O grande desafio será acelerar as mudanças culturais nos
municípios, para que se preparem para os novos tempos.
Diretor-Geral de Hotelaria
Accor do Brasil, o francês naturalizado brasileiro Roland
Bonadona tem experiência internacional e uma visão muito clara sobre como os municípios deveriam atuar na promoção do turismo interno.
Para ele, a grande meta nacional deveria ser estimular o
turismo interno. O turismo de
lazer ainda é incipiente. 90%
desse turismo se hospeda em
casa de amigos e familiares e
em sítios.
Em geral, existem três grandes grupos de turismo de lazer.
Existe o turismo cultural, mais
aprimorado na Europa. Em
geral, é turismo de casal.
O segundo grupo é o de compra e entretenimento, do qual
o exemplo mais ostensivo é
Miami. É turismo de família.
O terceiro grupo é o de balneário, de descanso, e o exemplo melhor é o Caribe.
Nesse turismo de balneário,
o Brasil ou tem praias, ou festas. Festas têm apelo relevante, e podem se constituir em
bom diferencial. Recife, São
Luís e Salvador, por exemplo,
têm bom potencial para turismo cultural. O restante do
Nordeste é commoditie, apenas praias e dunas -existentes em outras partes do mundo. Na Flórida, além das
praias, existem campos de golfe. Na Riviera francesa, campos de golfe e cassinos.
Na França, as cidades passaram a se organizar para fazer
o marketing do turismo.
O primeiro passo é identificar a marca do turismo local.
Em alguns lugares, existem
águas quentes -atenção, Poços de Caldas, o turismo termal está em franca expansão
na Europa. Em outros, esportes náuticos, em mares ou rios.
O importante é criar a marca.
O gasto na promoção tem
que ser da prefeitura, coordenando as forças econômicas
da cidade. E é fundamental o
bom planejamento.
Antes, via-se o turismo como
um produto, um bom hotel,
uma temporada. Hoje, é muito mais que isso, é um estado
de espírito. A meta de todo
plano turístico é tornar a estada do turista inesquecível. Para tanto, há a necessidade de
eventos, envolvimento da população local, bom atendimento por parte dos funcionários, da alfândega, até de motoristas de táxi e a criação de
um clima todo especial. A
idéia -especialmente do turismo balneário- é poder se
tratar, como num spa, mas
sem isolamento.
Na França, esse tipo de turismo é financiado, em parte, pela Previdência Pública, pois
significa redução do índice de
doenças.
Além disso, na hora de montar um plano turístico, e pacotes, a cidade tem que fechar
compromissos com operadores, como transparência nos
preços, não ter overbook etc.
Outro ponto relevante é a
continuidade nas políticas públicas. Na Bahia, o plano turístico foi integrado e teve continuidade, assim como no
Ceará. Já Pernambuco, que
possui enorme potencial para
turismo cultural e musical,
não teve a mesma sorte. A cada seis meses mudava tudo.
Culminou com o governo Arraes, para quem turismo era
diversão de classe rica.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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