São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENSÃO PRÉ-COPOM

Vice ataca juro alto e diz que país "é um corcel que quer correr"

Alencar pede "Brasil de rédeas soltas"

SERGIO TORRES
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente José Alencar afirmou ontem no Rio que o Brasil é "um país de subconsumo" e, por isso mesmo, considera "equivocada" a política monetária adotada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também disse que a carga tributária brasileira é "um horror".
Para o vice, a política monetária atual pretende "achatar o consumo para combater a inflação". E esse é o seu erro, na avaliação de Alencar. "O problema é que o Brasil é um país de subconsumo, e não se pode achatar o consumo de quem não consome."
Por isso, ele disse ser contra o aumento dos juros pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne hoje e amanhã. "As taxas são um despropósito e não podem continuar nesse patamar, sob pena de entravar o desenvolvimento. Isso é o óbvio ululante."
Segundo ele, a alternativa à atual política é investir na produção, dando condições para um custo de capital mais econômico -ou seja, taxas mais baixas. "As atividades produtivas têm de ser mais competitivas e vender produtos a menores preços."
"Essa política monetária, na minha opinião, é equivocada. Temos que soltar as rédeas e deixar esse Brasil maravilhoso, que é como um corcel que quer andar, quer correr, e estamos segurando, prendendo."
As declarações foram feitas em duas ocasiões diferentes. Pela manhã, Alencar esteve no hotel Guanabara (centro), onde se reuniu com o senador Marcelo Crivella, candidato de seu partido, o PL, a prefeito do Rio. Logo depois, foi ao Riocentro, na zona oeste, participar da abertura da 38ª ExpoAbras (Convenção Nacional de Supermercados).
"Alguém pode dizer: "Mas o Brasil está crescendo, retomou o crescimento, mesmo com as taxas de juros altas". Mas tenho uma preocupação: é preciso que se aproveite agora e que tenhamos coragem de fazer o Brasil crescer. Penso que qualquer aumento na taxa de juros, obviamente, pode fazer mal a esse crescimento que tem início. Sou contra qualquer aumento."
Para ele, "os brasileiros é que estão pagando essa conta". "É cada um de nós. Isso faz com que os recursos que deveriam estar destinados à educação, à saúde, ao saneamento, às estradas, à energia estejam indo para os juros."

Furlan
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que, para evitar um repique inflacionário, é preciso aumentar a oferta de produtos, evitando pressões de demanda.
Indagado se a alta dos juros pode frear a recuperação da economia, ele disse: "Esse é um tema que está ligado a uma área que não é minha. A nossa orientação e preocupação é assegurar o aumento da oferta de produtos para que não se tenha um efeito inflacionário por causa do aumento de demanda que aconteceu."


Colaborou Pedro Soares, da Sucursal do Rio


Texto Anterior: Não há razão para juros subirem, diz Dirceu
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.