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TENSÃO PRÉ-COPOM
Vice ataca juro alto e diz que país "é um corcel que quer correr"
Alencar pede "Brasil de rédeas soltas"
SERGIO TORRES
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
O vice-presidente José Alencar
afirmou ontem no Rio que o Brasil é "um país de subconsumo" e,
por isso mesmo, considera "equivocada" a política monetária adotada pelo governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também disse que a carga tributária
brasileira é "um horror".
Para o vice, a política monetária
atual pretende "achatar o consumo para combater a inflação". E
esse é o seu erro, na avaliação de
Alencar. "O problema é que o
Brasil é um país de subconsumo, e
não se pode achatar o consumo
de quem não consome."
Por isso, ele disse ser contra o
aumento dos juros pelo Copom
(Comitê de Política Monetária),
que se reúne hoje e amanhã. "As
taxas são um despropósito e não
podem continuar nesse patamar,
sob pena de entravar o desenvolvimento. Isso é o óbvio ululante."
Segundo ele, a alternativa à
atual política é investir na produção, dando condições para um
custo de capital mais econômico
-ou seja, taxas mais baixas. "As
atividades produtivas têm de ser
mais competitivas e vender produtos a menores preços."
"Essa política monetária, na minha opinião, é equivocada. Temos
que soltar as rédeas e deixar esse
Brasil maravilhoso, que é como
um corcel que quer andar, quer
correr, e estamos segurando,
prendendo."
As declarações foram feitas em
duas ocasiões diferentes. Pela manhã, Alencar esteve no hotel Guanabara (centro), onde se reuniu
com o senador Marcelo Crivella,
candidato de seu partido, o PL, a
prefeito do Rio. Logo depois, foi
ao Riocentro, na zona oeste, participar da abertura da 38ª ExpoAbras (Convenção Nacional de Supermercados).
"Alguém pode dizer: "Mas o
Brasil está crescendo, retomou o
crescimento, mesmo com as taxas
de juros altas". Mas tenho uma
preocupação: é preciso que se
aproveite agora e que tenhamos
coragem de fazer o Brasil crescer.
Penso que qualquer aumento na
taxa de juros, obviamente, pode
fazer mal a esse crescimento que
tem início. Sou contra qualquer
aumento."
Para ele, "os brasileiros é que estão pagando essa conta". "É cada
um de nós. Isso faz com que os recursos que deveriam estar destinados à educação, à saúde, ao saneamento, às estradas, à energia
estejam indo para os juros."
Furlan
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que, para evitar um repique
inflacionário, é preciso aumentar
a oferta de produtos, evitando
pressões de demanda.
Indagado se a alta dos juros pode frear a recuperação da economia, ele disse: "Esse é um tema
que está ligado a uma área que
não é minha. A nossa orientação e
preocupação é assegurar o aumento da oferta de produtos para
que não se tenha um efeito inflacionário por causa do aumento de
demanda que aconteceu."
Colaborou Pedro Soares,
da Sucursal do Rio
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