São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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BASTIDORES

Palocci vai a Lula e reclama de Dirceu e Mantega

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes mesmo de José Dirceu ter declarado ontem que não era "robô" e que era contra a elevação dos juros nesta semana, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, queixou-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de declarações do ministro da Casa Civil e do ministro Guido Mantega (Planejamento) que julgou inábeis, segundo apurou a Folha.
Em audiência ontem de manhã com Lula, Palocci falou que afirmações como as de Dirceu, segundo as quais um aumento de até 0,5 ponto percentual não atrapalharia o ritmo do crescimento econômico, só dificultavam o trabalho dele e do próprio Lula para influenciar o Copom (Comitê de Política Monetária) a ter uma atitude, no mínimo, cautelosa em relação a uma eventual subida dos juros nesta semana.
Lula concordou com a reclamação de Palocci. Na última edição da revista "Época", por exemplo, ele disse que manifestações sobre juros deveriam se restringir aos membros da equipe econômica, o que não é o caso de Dirceu.
Nos bastidores, Lula e Palocci querem evitar o aumento dos juros. Mas as declarações de Dirceu e de Mantega, que também disse não ver problema numa eventual alta da taxa Selic (hoje em 16% ao ano), dificultaram muito o trabalho dos dois, avaliam membros do governo.
O mercado, por exemplo, ficou muito "ouriçado" na semana passada por conta da fala de Dirceu. Dias antes, Palocci fizera declaração moderada, falando em controle da inflação, mas sem se comprometer com uma eventual alta da taxa de juros. A fala de Dirceu gerou ruído, acredita o ministro da Fazenda.
Membros da equipe econômica apontam que foi Dirceu quem falou em alta de 0,5 ponto percentual. Na Fazenda, avalia-se que o Copom poderia aguardar mais algum tempo para elevar juros -a medida é aguardada devido ao risco de a inflação futura superar a meta oficial do próximo ano.
A meta fixada para 2005 é de 4,5% no ano, pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.


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