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BASTIDORES
Palocci vai a Lula e reclama de Dirceu e Mantega
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo de José Dirceu
ter declarado ontem que não
era "robô" e que era contra a elevação dos juros nesta semana, o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, queixou-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de
declarações do ministro da Casa
Civil e do ministro Guido Mantega (Planejamento) que julgou inábeis, segundo apurou a Folha.
Em audiência ontem de manhã
com Lula, Palocci falou que afirmações como as de Dirceu, segundo as quais um aumento de
até 0,5 ponto percentual não atrapalharia o ritmo do crescimento
econômico, só dificultavam o trabalho dele e do próprio Lula para
influenciar o Copom (Comitê de
Política Monetária) a ter uma atitude, no mínimo, cautelosa em
relação a uma eventual subida dos
juros nesta semana.
Lula concordou com a reclamação de Palocci. Na última edição
da revista "Época", por exemplo,
ele disse que manifestações sobre
juros deveriam se restringir aos
membros da equipe econômica, o
que não é o caso de Dirceu.
Nos bastidores, Lula e Palocci
querem evitar o aumento dos juros. Mas as declarações de Dirceu
e de Mantega, que também disse
não ver problema numa eventual
alta da taxa Selic (hoje em 16% ao
ano), dificultaram muito o trabalho dos dois, avaliam membros
do governo.
O mercado, por exemplo, ficou
muito "ouriçado" na semana passada por conta da fala de Dirceu.
Dias antes, Palocci fizera declaração moderada, falando em controle da inflação, mas sem se comprometer com uma eventual alta
da taxa de juros. A fala de Dirceu
gerou ruído, acredita o ministro
da Fazenda.
Membros da equipe econômica
apontam que foi Dirceu quem falou em alta de 0,5 ponto percentual. Na Fazenda, avalia-se que o
Copom poderia aguardar mais algum tempo para elevar juros -a
medida é aguardada devido ao
risco de a inflação futura superar a
meta oficial do próximo ano.
A meta fixada para 2005 é de
4,5% no ano, pelo IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), com margem de tolerância
de 2,5 pontos percentuais para
mais ou para menos.
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