São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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País se recupera em meio aos emergentes, vê presidente do BCE

ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL À BASILÉIA

O Brasil está inserido em um contexto de recuperação dos mercados emergentes que, de forma geral, tem passado uma imagem de prosperidade e boas tendências. Foi o que afirmou, ontem, Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu e porta-voz dos representantes das autoridades monetárias do G10.
"As perspectivas para as economias dos países emergentes continuam a melhorar [...] Eu posso confimar que o Brasil fez parte dessa análise positiva que fizemos sobre os mercados emergentes", disse ele, durante pronunciamento para a imprensa sobre a reunião do BIS (Banco de Compensações Internacionais) que terminou ontem.
Mas Trichet não quis fazer comentários mais específicos sobre a economia brasileira e sugeriu a jornalistas do país que perguntasssem a Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, que participou dos encontros.
Anteontem, Meirelles havia afirmado que a percepção geral de banqueiros e autoridades monetárias presentes no encontro era que o Brasil estava entrando, depois de décadas, em uma rota de crescimento sustentado. Ele disse ainda que o Brasil já começa a aparecer ao lado de países como Chile e México quando são feitas análises por grupo de nações.
No domingo, Meirelles também descartou mudanças no formato das reuniões do Copom, sugeridas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Procurado ontem, ele não quis dar entrevista, afirmando que estava com pouco tempo porque tinha de embarcar para o Brasil, à tarde, para participar da reunião do Copom.

Economia global
No contexto da economia global, Trichet disse que a opinião dos participantes do encontro era que a recuperação voltou a ganhar força depois de uma desaceleração no segundo trimestre. Ressaltou, no entanto, que os preços do petróleo seguem muito altos e que o ideal é que caíssem para patamares mais coerentes com os fundamentos do mercado.
"O nível atual dos preços é muito mais alto do que normalmente seria apropriado para otimizar o funcionamento da economia global, não no curto, mas no médio e longo prazos", disse Trichet.
Ele disse ainda que "há boas razões para encorajar nossos parceiros a reduzir, progressivamente, os preços do petróleo", indicando que as autoridades monetarárias vêem espaço para a redução das cotações dos preços, que estariam infladas.
Trichet afirmou também que, embora os presidentes dos bancos centrais estejam confiantes na recuperação e no controle das expectativas inflacionárias, é preciso manter a "vigilância", dando uma indicação de que o atual ciclo de altas de juros nos países desenvolvidos tende a continuar.
Segundo participantes do encontro, não houve consenso sobre todas as causas do patamar elevado do petróleo. Embora todos tivessem concordado que a pressão da demanda é a principal fonte de pressão, há dúvidas sobre o impacto de movimentos especulativos sobre as cotações.
Para Trichet, no entanto, embora muito altos, os preços do petróleo provocam menos preocupações hoje devido ao menor impacto negativo que têm sobre o crescimento dos países. Entre as razões, ele citou a menor dependência do uso de energia por unidade de produção e também, especificamente, do petróleo.
As projeções do BIS são de que, em 2004, os EUA cresçam 4,4%, o Japão, 4,3%, e a União Européia, 1,8%. Em 2005, esses números se alterariam para, respectivamente, 3,6%, 1,9% e 2,1%.


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