|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministro da Agricultura diz que IBGE errou
Stephanes afirma que crescimento de 0,2% do setor no 2º trimestre foi subestimado e questiona a metodologia do órgão
Segundo o IBGE, números divulgados estão corretos; segundo ministro, instituto prevê crescimento de 6,5% para o setor neste ano
SHEILA D'AMORIM
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A divulgação do resultado da
produção nacional entre abril e
junho deste ano gerou um atrito entre o IBGE -órgão vinculado ao Ministério do Planejamento e responsável pela pesquisa- e o Ministério da Agricultura. Para o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura),
o instituto "errou" ao calcular
um crescimento pífio de 0,2%
do setor no segundo trimestre
do ano em comparação com o
período de janeiro a março.
"Tivemos aumento na safra
de trigo, de cereais -o que o IBGE concorda. Tivemos aumento na safra de açúcar e de álcool,
de 11,3%. Então, como o PIB dá
0,2%? Não sei. Qual é a explicação? Ninguém consegue explicar essa informação que se tornou pública", disse ele à Folha.
O ministro baseou suas críticas num documento do próprio
IBGE, intitulado "Sumário
executivo", que tinha em mãos.
Rebateu ponto a ponto as possibilidades levantadas, numa
conversa preliminar que sua
assessoria teve com técnicos do
IBGE para tratar do resultado.
Stephanes mobilizou seus
assessores logo após a divulgação oficial dos dados do PIB na
manhã de quarta-feira. Relata
que falou com o presidente do
instituto, que lhe prometeu esclarecimentos. À noite, ainda
não tinha conseguido uma explicação. Indignado, reagiu:
"Acho que há um erro ali. [O
crescimento de 0,2] evidentemente contradiz todos os dados aqui".
A argumentação do IBGE repassada ao ministro de que a
contribuição da agricultura para o PIB do trimestre poderia
ter sido influenciada negativamente pela queda na produção
do café, da silvicultura e da pesca e pela estagnação da pecuária não o convenceu.
"O café não tem um peso tão
alto assim. E a pesca não tem
um peso tão alto. O que significa a pesca no Brasil? A carne, se
não diminuiu o consumo interno e aumentou a exportação
em quase 20%, de onde saiu essa carne? Então, tem algo totalmente errado aí", reagiu.
Especialistas do ministério
chegaram a questionar a capacidade técnica de quem redigiu
a nota divulgada pelo IBGE.
Alegaram que poderia ter sido
alguém que não entendia do assunto e fez confusão.
IBGE
Procurado pela Folha, o IBGE informou por meio da sua
assessoria de imprensa que os
números estão corretos. Disse
que prestou os esclarecimentos e que o ministro se deu por
satisfeito. A polêmica, no entanto, só foi resolvida no início
da noite. Quando, de acordo
com sua assessoria, Stephanes
recebeu fax enviado pelo IBGE.
Segundo o ministro, o IBGE
reafirmou o 0,2% divulgado na
quarta-feira, mas argumentou
que o PIB agrícola cresceu
6,6% no acumulado de 12 meses terminados em junho e disse que a estimativa é de aumento de 6,5% para 2007.
Os números -que, segundo
Stephanes, não tinham sido divulgados- estão em linha com
as projeções do ministério.
Mas, ainda assim, não amenizaram as críticas. "A metodologia do IBGE não é adequada
para a agricultura. Não se pode
medir o setor agrícola como se
fosse a indústria que produz todos os meses. A agricultura tem
períodos de produção, e comparar trimestre contra trimestre não funciona."
Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: A crise financeira no centro do capitalismo Próximo Texto: Crescimento é "razoavelmente bom", avalia Lula Índice
|