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Ministério admite problema, mas
diz que investimentos cresceram
DA REPORTAGEM LOCAL
Os problemas na eficiência do
escoamento da safra brasileira,
apontados por especialistas do setor, são realmente pertinentes, segundo o Ministério dos Transportes. Mas o ministério afirma
que os investimentos dos últimos
anos no setor melhoraram bastante o transporte da safra.
Segundo Luiz Henrique Teixeira Baldez, secretário de Transportes Terrestres do ministério, os
programas de melhoria da malha
e da infra-estrutura de transportes já estão dando resultados.
Desde 96, cita ele como exemplo, data do início da privatização
das ferrovias do país, foram investidos R$ 4 bilhões no sistema ferroviário. Com isso, foi possível às
empresas privadas aumentar o
transporte de cargas por trem em
17%, elevar a velocidade média
das composições em 31% e diminuir os acidentes em 36%.
Com relação às rodovias, que
respondem por 60% do transporte de cargas no país, os avanços
também são significativos, diz
Baldez. Segundo ele, já foram investidos cerca de R$ 4,5 bilhões
nos sete lotes de rodovias federais
privatizadas.
Baldez admite, porém, que os
problemas nos portos ainda são
um grande gargalo para a agricultura. Ele diz que, apesar das melhorias no sistema portuário, a eficiência dos portos brasileiros está
abaixo da média internacional.
"Em 1996, o porto de Santos
operava 36 milhões de toneladas
de grãos por ano. Hoje, já opera
50 milhões. Mas, se fosse um porto padrão dos Estados Unidos, teria seguramente capacidade para
operar 70 milhões de toneladas de
grãos por ano", diz ele.
Além disso, segundo Baldez, o
custo de movimentação de contêineres -medida padrão de eficiência de portos- em Santos, o
maior porto do país, é altíssimo,
apesar de já ter sido ainda maior.
"Hoje custa US$ 250 para movimentar um contêiner em Santos.
Comparado à média internacional de US$ 120, é alto. Mas é muito
melhor do que os US$ 600 que o
serviço já chegou a custar lá."
Segundo o secretário, as autoridades portuárias e o ministério
são como uma espécie de "síndico" dos portos, realizando melhorias que beneficiem a todos os
usuários. Um exemplo disso é a
dragagem de canais -afundamento da profundidade dos canais para que navios maiores possam atracar no porto-, realizada
pelo ministério.
Dependência rodoviária
Para Carlo Lovatelli, presidente
da Abiove (Associação Brasileira
das Indústrias de Óleos Vegetais),
falta muito para que o Brasil se
torne realmente eficiente no escoamento da safra. Muito já foi
feito, mas a grande dependência
do transporte rodoviário é um
problema que deve ser combatido
pelo governo.
"Por causa dessa dependência,
o custo médio do transporte de
soja no país é um dos maiores do
mundo", diz Lovatelli.
O transporte de uma tonelada
do grão no país custa cerca de US$
20. Na Argentina, esse valor é de
US$ 9 por tonelada, e nos EUA,
US$ 7 por tonelada. "Na Argentina as regiões produtoras ficam
próximas e estão bem conectadas
aos portos de distribuição. Nos
EUA, há uma grande e eficiente
malha de transporte."
(CC e JSO)
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