São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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Ministério admite problema, mas diz que investimentos cresceram

DA REPORTAGEM LOCAL

Os problemas na eficiência do escoamento da safra brasileira, apontados por especialistas do setor, são realmente pertinentes, segundo o Ministério dos Transportes. Mas o ministério afirma que os investimentos dos últimos anos no setor melhoraram bastante o transporte da safra.
Segundo Luiz Henrique Teixeira Baldez, secretário de Transportes Terrestres do ministério, os programas de melhoria da malha e da infra-estrutura de transportes já estão dando resultados.
Desde 96, cita ele como exemplo, data do início da privatização das ferrovias do país, foram investidos R$ 4 bilhões no sistema ferroviário. Com isso, foi possível às empresas privadas aumentar o transporte de cargas por trem em 17%, elevar a velocidade média das composições em 31% e diminuir os acidentes em 36%.
Com relação às rodovias, que respondem por 60% do transporte de cargas no país, os avanços também são significativos, diz Baldez. Segundo ele, já foram investidos cerca de R$ 4,5 bilhões nos sete lotes de rodovias federais privatizadas.
Baldez admite, porém, que os problemas nos portos ainda são um grande gargalo para a agricultura. Ele diz que, apesar das melhorias no sistema portuário, a eficiência dos portos brasileiros está abaixo da média internacional.
"Em 1996, o porto de Santos operava 36 milhões de toneladas de grãos por ano. Hoje, já opera 50 milhões. Mas, se fosse um porto padrão dos Estados Unidos, teria seguramente capacidade para operar 70 milhões de toneladas de grãos por ano", diz ele.
Além disso, segundo Baldez, o custo de movimentação de contêineres -medida padrão de eficiência de portos- em Santos, o maior porto do país, é altíssimo, apesar de já ter sido ainda maior.
"Hoje custa US$ 250 para movimentar um contêiner em Santos. Comparado à média internacional de US$ 120, é alto. Mas é muito melhor do que os US$ 600 que o serviço já chegou a custar lá."
Segundo o secretário, as autoridades portuárias e o ministério são como uma espécie de "síndico" dos portos, realizando melhorias que beneficiem a todos os usuários. Um exemplo disso é a dragagem de canais -afundamento da profundidade dos canais para que navios maiores possam atracar no porto-, realizada pelo ministério.

Dependência rodoviária
Para Carlo Lovatelli, presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), falta muito para que o Brasil se torne realmente eficiente no escoamento da safra. Muito já foi feito, mas a grande dependência do transporte rodoviário é um problema que deve ser combatido pelo governo.
"Por causa dessa dependência, o custo médio do transporte de soja no país é um dos maiores do mundo", diz Lovatelli.
O transporte de uma tonelada do grão no país custa cerca de US$ 20. Na Argentina, esse valor é de US$ 9 por tonelada, e nos EUA, US$ 7 por tonelada. "Na Argentina as regiões produtoras ficam próximas e estão bem conectadas aos portos de distribuição. Nos EUA, há uma grande e eficiente malha de transporte." (CC e JSO)


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