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MÍDIA
Entidade quer acesso a programação
Fusão agrava conflito entre Net e operadoras
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O anúncio da fusão das operações da Sky e da DirecTV para
transmissão de TV paga via satélite no Brasil acirrou o conflito entre as operadoras independentes
de televisão por assinatura existentes no país e o sistema Net, vinculado às Organizações Globo, do
qual a Sky faz parte.
A Associação Neo TV, que negocia a compra de programação
para 51 operadoras independentes, disse ontem que a empresa resultante da fusão terá 94,84% dos
assinantes dos sistemas via satélite e acesso privilegiado ao conteúdo de programação nacional produzido pela Globosat.
O anúncio da fusão no Brasil era
esperado desde o ano passado,
quando a News Corporation, do
magnata mundial Rupert Murdoch, divulgou a compra, nos Estados Unidos, das ações da DirecTV que pertenciam à Hughes
Electronics, da General Motors.
Antecipando-se ao anúncio no
Brasil, a Neo TV entrou com pedido de medida cautelar junto ao
Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica), em setembro do ano passado, pleiteando o
fim dos contratos de exclusividade de transmissão dos canais da
Globosat, de conteúdo nacional,
com as afiliadas do sistema Net.
A entidade diz que não se opõe à
fusão das duas operadoras, mas à
existência dos contratos de exclusividade. O principal objetivo da
Neo TV é ter acesso à programação esportiva, especialmente ao
campeonato nacional de futebol.
A associação alega que a transmissão dos jogos é fundamental
para a igualdade de competição
no mercado de TV paga.
Desde 2001, a entidade pleiteia
no Cade o direito de transmissão
do SporTV em condições iguais
às oferecidas para as afiliadas Net.
Até o momento, a ação não foi julgada.
A diretora-executiva da Neo
TV, Neuza Risette, disse que, para
conseguir a aprovação da compra
da DirecTV nos Estados Unidos,
Rupert Murdoch foi ao Senado e
garantiu que não haveria exclusividade de transmissão dos canais
produzidos pela Fox, de propriedade da News Corporation, para a
DirecTV e que ela teria as mesmas
condições oferecidas às concorrentes.
"Se Murdoch abriu mão da exclusividade nos Estados Unidos,
por que não faz o mesmo no Brasil em relação à programação de
conteúdo nacional dos canais da
Globosat?", indagou a executiva.
O Cade não atendeu o pedido de
anulação dos contratos de exclusividade feito pela Neo TV, em setembro de 2003, mas fez um
"Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação", em
abril último, no qual a News Corporation, a Hughes e a General
Motors garantem que não farão
novos contratos de exclusividade
até o julgamento final da ação.
No entendimento da Neo TV, a
fusão da DirecTV com a Sky torna
mais crítica a exclusividade de
programação, porque as TVs a
cabo são obrigadas, por lei, a ter
controle de capital nacional, enquanto as TVs por satélite podem
ter controle estrangeiro.
"O gigante que resultar da fusão
terá acesso ao conteúdo nacional,
enquanto 51 operadoras sob controle nacional não terão", protestou Neuza Risette.
Outro lado
A Globopar, holding das Organizações Globo que tem participação acionária na Sky, não comentou ontem as declarações da
Neo TV.
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