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AVIAÇÃO
É a 1ª autorização do mundo
Embraer pode vender avião movido a álcool
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A Embraer anunciou ontem o
início da comercialização do
avião Ipanema, usado na pulverização de lavouras, com motor
movido a álcool etanol, o mesmo
combustível utilizado em carros.
A Embraer é a primeira empresa
do mundo a conseguir autorização para vender aeronaves movidas com o combustível.
Os testes com o motor a álcool,
produto que chega a custar um
sexto do que a gasolina de aviação
(QAV), eram realizados desde
2002 pela Indústria Aeronáutica
Neiva, subsidiária da Embraer,
que deu seqüência ao projeto iniciado na década de 1980 pelo CTA
(Centro Técnico Aeroespacial),
órgão ligado ao Ministério da Defesa. O investimento foi de cerca
de US$ 1 milhão.
O certificado que atesta a segurança do motor a álcool e que permite a sua comercialização será
entregue pelo próprio CTA na
próxima terça-feira. A partir daí, a
fabricante já espera começar a receber as primeiras encomendas.
O monomotor Ipanema, produzido há mais de 30 anos, é líder
do mercado agrícola brasileiro,
com cerca de mil unidades vendidas (80% da frota nacional).
De acordo com a Embraer, o
modelo a álcool custará em torno
de R$ 735 mil, cerca de R$ 10 mil a
mais do que o modelo a gasolina.
Quem já possui o Ipanema e quiser fazer a conversão terá que pagar cerca de R$ 70 mil.
O motor do Ipanema movido a
álcool é o mesmo produzido pela
empresa americana Lycoming e
que equipa o modelo a gasolina. A
diferença é que o "novo" Ipanema
sairá de fábrica com o motor
adaptado para funcionar a álcool.
A adaptação só é possível no
Ipanema, pelo menos por enquanto, porque o motor a pistão é
semelhante àqueles que movimentam os veículos, em que a tecnologia da utilização do etanol já é
difundida há mais de 15 anos.
De acordo com o engenheiro
Omar José Junqueira Pugliesi, sócio da Aeroálcool, de Franca (400
km de São Paulo), empresa que
também busca o certificado para
adaptar motores de aviões, as
vantagens do álcool na aviação
vão da redução de custos até a
não-agressão ao ambiente.
A expectativa é, de com o álcool,
reduzir em mais de 50% o custo
das pulverizações.
Outras vantagens, segundo Pugliesi, são a maior vida útil do motor e menor necessidade de manutenção periódica. O álcool também aumenta entre 4% e 20% a
potência do motor, permitindo
um ganho de produtividade, já
que o avião consegue decolar com
uma quantidade maior de agrotóxico para a pulverização.
As principais desvantagens,
aponta o engenheiro, são menor
autonomia de vôo, dificuldade
em conseguir dar partida no início do dia ou em temperaturas
mais frias e o maior risco de corrosão das peças do motor. Mas a
tecnologia disponível permite superar as duas últimas desvantagens, disse ele.
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