São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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Equipamento para pirataria é comprado em 24 prestações

Policiais encontram em local de produção de cópias ilegais de DVDs e CDs carnês de loja referentes à aquisição de aparelhos

No Rio de Janeiro, polícia afirma que pirataria não é organizada e a maior parte da produção é espalhada pelo Estado e caseira

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Uma pista de como a pirataria está disseminada e pulverizada foi encontrada pela polícia no mês passado.
Ao estourar um "laboratório" (local de produção de cópias ilegais de DVDs e CDs) localizado em uma sala comercial, no centro do Rio, a polícia apreendeu quatro carnês das Casas Bahia, referentes à compra da maior parte da aparelhagem usada na produção dos DVDs e CDs piratas: quatro torres, dez gravadores de imagens e de som e três impressoras. O responsável pelo local foi preso.
A equipe da DRCPIM (Delegacia de Repressão contra os Crimes de Propriedade Imaterial) relatou que o "dono do negócio" estava desempregado e comprou os equipamentos em 24 prestações.
"O lucro com a pirataria é enorme. Alguns até quitam o carnê antes do prazo fixado", revela o delegado Ângelo Ribeiro de Almeida Júnior, titular da DRCPIM.
Segundo levantamento da DRCPIM, um CD virgem custa R$ 0,80 e é vendido por R$ 5, enquanto um DVD virgem é comprado por R$ 1,50 e depois vendido por R$ 10.
As investigações mostram que a produção de DVDs, CDs e jogos no Rio de Janeiro está difundida entre homens e mulheres de todas as idades, regiões da cidade e classes sociais.
"A produção e o comércio de cópias ilegais não são centralizados ou organizados. Qualquer pessoa, se quiser, pode se transformar num "pirata". Basta contar com a tecnologia adequada. A única característica que os une é a alegação de que produzem pirataria porque estão desempregados", disse Almeida Júnior.

Produção espalhada
Os locais onde são produzidas as cópias ilegais também são pulverizados. Existem pontos de produção de DVDs e CDs ilegais espalhados por todo o Estado, além de não haver, segundo a polícia, uma grande quadrilha ou região que concentre as cópias ilegais.
Segundo Almeida Júnior, a maior parte da produção é caseira. "Alguns chegam a alugar imóveis apenas para esse fim."
A linha de produção na pirataria é formada normalmente por três pessoas. O proprietário do equipamento pode dividir o trabalho com mais um, que seria um sócio, e "empregar" alguém para vender as cópias na rua ou nos mercados populares -os "camelódromos".
"A pirataria é um meio de subsistência, e não alternativa ao desemprego. A cultura de que "o bom é levar vantagem em tudo" é muito forte em nossa sociedade e precisa ser combatida", defende o delegado.


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