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Mercado já prevê alta dos juros em julho
Antes, estimativa era de alta só em setembro do próximo ano; taxa deve chegar a 10,25% no fim de 2010
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A retomada do crescimento
econômico em 2010 vai obrigar
o Banco Central a antecipar o
processo de aumento da taxa
básica de juros.
Essa é a previsão de economistas consultados na pesquisa
semanal Focus, realizada pela
instituição com cerca de cem
analistas. A expectativa agora é
que os juros comecem a subir
em julho do próximo ano, e não
mais em setembro, conforme
projetado na semana passada.
Com essa antecipação, a previsão para os juros no final de
2010 subiu de 9,75% para
10,25% ao ano. Hoje, está em
8,75% ao ano. A mudança pode
ser explicada pela melhora nas
previsões de crescimento da
economia. Agora, o mercado já
prevê um PIB positivo para
2009 e uma expansão de quase
5% para o próximo ano.
Para o economista-chefe da
corretora Geração Futuro,
Gustav Penna Dorski, as projeções do mercado financeiro para os juros refletem uma preocupação exagerada com os efeitos da retomada sobre os preços. Segundo ele, o último documento do BC sobre inflação,
divulgado em setembro, mostra que a taxa continuará abaixo da meta de 4,5% até 2011.
Há ainda a questão dos investimentos, que continuam sendo um componente do PIB
(Produto Interno Bruto) que
ainda não se recuperou.
O próprio relatório Focus
desta semana mostra que os
economistas continuam apostando em uma inflação abaixo
da meta, de 4,29% neste ano e
4,4% em 2010. "O BC errou
muito forte quando subiu os juros no final do ano passado.
Acho que isso não vai ocorrer
de novo em 2010", afirmou.
A última vez em que o BC elevou os juros foi em setembro de
2008, na quarta-feira anterior à
quebra do banco norte-americano Lehman Brothers. A taxa
subiu de 13% para 13,75% ao
ano. A piora na crise financeira,
a partir de então, levou o BC a
reduzir a Selic em cinco pontos
percentuais de janeiro a julho.
Conforme a Folha noticiou
neste mês, o BC já avalia a possibilidade de que os juros voltem a subir no início de 2010,
caso o crescimento do país fique acima do esperado. O aumento evitaria a volta de pressões inflacionárias. No final de
setembro, o próprio BC sinalizou que o aumento dos gastos
do governo é um fator que deve
levar a uma taxa mais alta nos
próximos dois anos.
Até mesmo a Fazenda, que
faz críticas ao posicionamento
do BC, já avalia ser inevitável
um aumento dos juros em
2010. A questão dentro do governo é o momento e a intensidade desse aumento. O ministro Guido Mantega diz que o
não há necessidade de elevar os
juros no próximo ano.
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